Guillaume Apollinaire (nascido Wilhelm Albert Włodzimierz Apolinary de Wąż-Kostrowicki, Roma, 26 de agosto de 1880 - Paris, 9 de novembro de 1918) foi um escritor e crítico de arte francês, possivelmente o mais importante ativista cultural das vanguardas do início do século XX, conhecido particularmente por sua poesia sem pontuação e gráfica, e por ter escrito manifestos importantes para as vanguardas na França, tais como o do Cubismo, além de ser o criador da palavra Surrealismo.
Filho da condessa polaca
Angelica Kostrowicka e de pai desconhecido - suspeita-se de um
aristocrata suiço-italiano chamado Francesco Flugi d'Aspermont - passa os
seus primeiros anos entre Roma, Mónaco, Nice, Cannes e Lyon. Desde 1902 foi um dos membros mais populares do bairro artístico parisiense de Montparnasse. Foram seus amigos e colaboradores Pablo Picasso, Max Jacob, André Salmon, Marie Laurencin, André Derain, Blaise Cendrars, Pierre Reverdy, Jean Cocteau, Erik Satie, Ossip Zadkine, Marcel Duchamp e Giorgio de Chirico.
Em 1901 e 1902, trabalhou como preceptor da menina Gabrielle, numa
família alemã, na companhia da qual viajará pela Alemanha, tendo-se
apaixonado pela governanta inglesa Annie Playden, que o recusou, tendo a
mesma partido em 1905 para a América. Da paixão não correspondida,
surgiu Annie et La Chanson du Mal-Aimé.
Entre 1902 e 1907, de volta a Paris, trabalhou como empregado de bancos
e começou a publicar contos e poemas em revistas. Em 1907, conhece a
artista plástica Marie Laurecin, com quem terá uma tumultuosa relação. É
por essa época que decide viver dos seus escritos. No começo de 1907,
publica anonimamente As Onze Mil Varas. Em 1909 publicou o seu primeiro livro oficial: O Encantador em Putrefação, baseado na lenda de Merlin
e Viviane. No mesmo ano, se dispõe a publicar uma antologia dos textos
do Marquês de Sade, bem de acordo com uma característica sua que
chocava os adeptos da tradição francesa: o fascínio pelo romance
libertino. Assim, o mesmo foi o responsável pela introdução dos "livros
malditos" de Sade na cena literária francesa do início do século, que
até então era um escritor praticamente desconhecido. Na apresentação da
edição, escreveu um longo ensaio biográfico no qual se referia a Sade
como "o espírito mais livre que já existiu no mundo".
Em setembro de 1911, quando já era reconhecido como um dos poetas mais
importantes da vanguarda parisiense, Apollinaire é acusado de
cumplicidade no roubo de uma obra do Museu Louvre, nada menos que a Mona Lisa de Leonardo da Vinci, roubo no qual Pablo Picasso,
também já muito famoso, foi igualmente implicado. Ele é preso durante
uma semana e depois libertado. Esta experiência o marcará. Aos olhos dos
defensores das tradições clássicas, que se aproveitaram da situação
para denunciar "atos de barbárie" dos estrangeiros contra a cultura
nacional, pouco importava a inocência de Apollinaire no caso, visto que
ele era acusado de atentar contra os valores da civilização, acusação
esta estendida a outros estrangeiros radicados em Paris, como Pablo Picasso, Gertrude Stein e Stravinski.
Em 1913, Apollinaire publica Álcoois, coletânea de seus
trabalhos poéticos desde 1898. Sua poesia dispensava a pontuação e a
tipografia regular. Voltava-se para uma temática cosmopolita, na qual
incluía novidades técnicas como o avião, o telefone, o rádio e a
fotografia.
Em agosto de 1914 tenta se alistar nas Forças Armadas Francesas,
sem sucesso, visto que não possuía a nacionalidade francesa. Em
dezembro de 1914, repete a tentativa, sendo aceite e iniciando o seu
processo de naturalização. Pouco antes de ingressar efetivamente nas
Forças Armadas, conhece e se apaixona por Louise de Coligny-Châtillon,
chamada por ele de "Lou". É uma jovem divorciada com um estilo de vida
livre, que não esconde do poeta sua ligação com um homem por ela
chamado de "Toutou". Ele irá dedicar-lhe vários dos seus poemas. Quando
Apollinaire parte para o campo de batalha, uma correspondência de uma
poesia notável nasce dessa relação. Ambos rompem em 1915, prometendo
continuar amigos.
Em janeiro de 1915, Apollinaire conhece Madeleine Pagès num comboio,
de quem ficará noivo em agosto daquele mesmo ano. Mas, em abril de 1915,
ele parte com o 38.º Regimento de Artilharia de Campo para a frente de
batalha. Em março de 1916, é naturalizado francês, sendo que naquele
mesmo mês é ferido gravemente na cabeça. Após longa convalescença, volta
gradualmente ao trabalho. Em junho de 1917, a sua peça Les Mamelles de Tirésias,
drama surrealista mesclando desespero com humor e escrita durante sua
recuperação do ferimento, é encenada. Ele também publicou um manifesto
artístico chamado L'Esprit Noveau Et Les Poétes. Em 1918, publica os famosos Calligrammes,
poemas gráficos sobre a paz e a guerra de notável lirismo visual. Casa
com Jacqueline, a "bela russa" do poema "La Joulie Rousse", que
publicará muitas de suas obras póstumas.
Morreu jovem, com apenas 38 anos de idade, a 9 de novembro de 1918, vítima da gripe espanhola,
doença pandémica que afetou todo o mundo. Foi enterrado no cemitério
de Père-Lachaise em Paris, tendo o seu túmulo uma escultura, em forma de
menir, feita por Picasso.
A sua obra literária e crítica anunciava os princípios de uma nova
estética que tinha como fundamento a rutura com os valores do passado.
Os seus poemas, O bestiário ou o cortejo de Orfeu (1911), Álcoois (1913) e Calligrammes (1918) refletem a influência do simbolismo, com importantes inovações formais. Ainda em 1913, apareceu o ensaio crítico Os pintores cubistas, em defesa do novo movimento como superação do realismo.
in Wikipédia
Vitam impendere amori
Dans le crépuscule fané
Où plusieurs amours se bousculent
Ton souvenir gît enchaîné
Loin de nos ombres qui reculent
Ô mains qu'enchaîne la mémoire
Et brûlantes comme un bûcher
Où le dernier des phénix noire
Perfection vient se jucher
La chaîne s'use maille à maille
Ton souvenir riant de nous
S'enfuir l'entends-tu qui nous raille
Et je retombe à tes genoux
Le soir tombe et dans le jardin
Elles racontent des histoires
À la nuit qui non sans dédain
Répand leurs chevelures noires
Petits enfants petits enfants
Vos ailes se sont envolées
Mais rose toi qui te défends
Perds tes odeurs inégalées
Car voici l'heure du larcin
De plumes de fleurs et de tresses
Cueillez le jet d'eau du bassin
Dont les roses sont les maîtresses
Ô ma jeunesse abandonnée
Comme une guirlande fanée
Voici que s'en vient la saison
Et des dédains et du soupçon
Le paysage est fait de toiles
Il coule un faux fleuve de sang
Et sous l'arbre fleuri d'étoiles
Un clown est l'unique passant
Un froid rayon poudroie et joue
Sur les décors et sur ta joue
Un coup de revolver un cri
Dans l'ombre un portrait a souri
La vitre du cadre est brisée
Un air qu'on ne peut définir
Hésite entre son et pensée
Entre avenir et souvenir
Ô ma jeunesse abandonnée
Comme une guirlande fanée
Voici que s'en vient la saison
Des regrets et de la raison
Dans le crépuscule fané
Où plusieurs amours se bousculent
Ton souvenir gît enchaîné
Loin de nos ombres qui reculent
Ô mains qu'enchaîne la mémoire
Et brûlantes comme un bûcher
Où le dernier des phénix noire
Perfection vient se jucher
La chaîne s'use maille à maille
Ton souvenir riant de nous
S'enfuir l'entends-tu qui nous raille
Et je retombe à tes genoux
Le soir tombe et dans le jardin
Elles racontent des histoires
À la nuit qui non sans dédain
Répand leurs chevelures noires
Petits enfants petits enfants
Vos ailes se sont envolées
Mais rose toi qui te défends
Perds tes odeurs inégalées
Car voici l'heure du larcin
De plumes de fleurs et de tresses
Cueillez le jet d'eau du bassin
Dont les roses sont les maîtresses
Ô ma jeunesse abandonnée
Comme une guirlande fanée
Voici que s'en vient la saison
Et des dédains et du soupçon
Le paysage est fait de toiles
Il coule un faux fleuve de sang
Et sous l'arbre fleuri d'étoiles
Un clown est l'unique passant
Un froid rayon poudroie et joue
Sur les décors et sur ta joue
Un coup de revolver un cri
Dans l'ombre un portrait a souri
La vitre du cadre est brisée
Un air qu'on ne peut définir
Hésite entre son et pensée
Entre avenir et souvenir
Ô ma jeunesse abandonnée
Comme une guirlande fanée
Voici que s'en vient la saison
Des regrets et de la raison
Guillaume Apollinaire
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