O incidente de Mainila (em finlandês: Mainilan laukaukset) ocorreu a 26 de novembro de 1939, quando a artilharia soviética disparou contra a pequena localidade russa de Mainila (situada a norte de São Petersburgo), e os líderes soviéticos culparam a Finlândia de ter causado o ataque, alegando perdas militares e civis. A União Soviética utilizou este incidente como pretexto (casus belli) para iniciar a invasão da Finlândia quatro dias depois.
Antecedentes
A União Soviética havia assinado tratados mútuos de não agressão com a Finlândia: o Tratado de Tartu, em 1920, o Pacto de não agressão soviético-finlandês, em 1932, e que foi renovado em 1934, e a Carta da Sociedade das Nações.
O governo soviético tentou seguir uma tradição de legalismo e precisou
de um "casus belli" para dar início à guerra. Anteriormente, no mesmo
ano, a Alemanha nazi empreendeu um ataque parecido, o incidente de Gleiwitz, cujo objetivo era criar um pretexto para abandonar o seu pacto de não agressão com a Polónia.
Além disso, os jogos de guerra soviéticos nos anos de 1938 e 1939
baseavam-se num cenário onde incidentes de fronteira, na localidade de
Mainila, teriam desencadeado o conflito.
O incidente
Sete tiros foram disparados, e a queda de seus projéteis foi detetada
por três postos de observação finlandeses. Essas testemunhas relataram
que os projéteis detonaram a aproximadamente 800 metros dentro do
território soviético.
A Finlândia propôs uma investigação neutra acerca do incidente, mas a
União Soviética recusou e cortou as suas relações diplomáticas com a
Finlândia em 29 de novembro.
Materiais encontrados nos arquivos particulares do dirigente do Partido Comunista da União Soviética, Andrei Zhdanov, sugerem fortemente que o incidente foi todo orquestrado a fim de retratar a Finlândia como um agressor e lançar uma ofensiva.
Os finlandeses negaram veementemente que tivessem disparado contra a
localidade; asseguraram que tinham retirado a sua artilharia da
fronteira com o objetivo de prevenir um ataque acidental, pelo que
Mainila tinha ficado fora de alcance.
Não obstante, isto não acalmou a União Soviética, que renunciou ao pacto de não agressão assinado com a Finlândia e em 30 de novembro de 1939 iniciou a Guerra de Inverno.
Consequências
Os finlandeses conduziram imediatamente uma investigação, que concluiu que suas artilharias ou morteiros não possuíam capacidade de atingir a localidade de Mainila. O marechal Mannerheim havia ordenado que todas as armas de seu país ficassem fora de alcance. Guardas de fronteira da Finlândia que testemunharam o caso atestaram ter ouvido o som de fogos de artilharia vindo do lado soviético da fronteira.
O historiador russo Pavel Aptekar analisou documentos militares
soviéticos, que foram tornados públicos, e, com base nos relatórios
diários de tropas localizadas na região, constatou que não houve perdas
humanas durante o período em questão, o que o levou a concluir que os
disparos contra tropas soviéticas foi uma encenação.
Anos após o incidente, o primeiro-ministro da União Soviética, Nikita Khrushchev, declarou que os bombardeamentos contra Mainila foram organizados pelo marechal da artilharia, Grigory Kulik. Em 1998, o Presidente da Rússia, Boris Yeltsin, afirmou que a guerra com a Finlândia não tinha sido defensiva, mas uma agressão.
in Wikipédia
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