sábado, novembro 30, 2024

Porque um Poeta nunca morre, enquanto é lido e recordado...

 Fernando Pessoa e Brasília - Blog do Severino Francisco

 

GLÁDIO

   

                 A Alberto Da Cunha Dias

   

Deu-me Deus o Seu Gládio, porque eu faça

        A Sua santa guerra.

Sagrou-me Seu em génio e em desgraça

As horas em que um frio vento passa

        Por sobre a fria terra.

  

Pôs-me as mãos sobre os ombros e dourou‑me

        A fronte com o olhar:

E esta febre de Além, que me consome,

E este querer-justiça são Seu Nome

        Dentro em mim a vibrar.

  

E eu vou, e a luz do Gládio erguido dá

        Em minha face calma.

Cheio de Deus, não temo o que virá,

Pois, venha o que vier, nunca será

        Maior do que a minha Alma!

 

in Orpheu, nº 3 - Fernando Pessoa

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