Frontispício de uma peça de teatro "de cordel" de Tolentino
Nicolau Tolentino de Almeida (Lisboa, 10 de setembro de 1740 - Lisboa, 23 de junho de 1811) foi um poeta português que pertenceu ao movimento da Nova Arcádia (1790-1794).
Aos vinte anos ingressou em Leis na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, mas ao invés dos estudos tinha vida boémia e de poeta. No ano de 1765 tornou-se professor de retórica, numa das cátedras criadas pelo Marquês de Pombal, após a expulsão dos jesuítas.
Os seus versos continham muitas vezes pedidos, pleiteando um cargo na
secretaria de estado, até que este foi satisfeito, com a nomeação como
oficial de secretaria.
Foi um professor
durante quinze anos, mas esta vida desagradava-lhe, pois era
inadaptado e descontente até conseguir o posto na Secretaria dos
Negócios do Reino. Obteve tudo quanto pretendeu, o que não o fez deixar
de deplorar uma suposta miséria.
Bom metrificador, compôs sátiras descritivas e caricaturais, sonetos e odes, que reuniu em 1801 num volume chamado Obras Poéticas.
Ficou pela superfície, mas apreendeu bem os erros e ridículos da
época. O seu cómico consistia no agravamento das proporções,
hipertrofiando o exagero que encontrava.
in Wikipédia
Vai, mísero cavalo lazarento
Vai, mísero cavalo lazarento,
Pastar longas campinas livremente;
Não percas tempo, enquanto to consente
De magros cães faminto ajuntamento.
Esta sela, teu único ornamento,
Para sinal da minha dor veemente,
De torto prego ficará pendente,
Despojo inútil do inconstante vento.
Morre em paz, que, em havendo algum dinheiro,
Hei-de mandar, em honra de teu nome,
Abrir em negra pedra este letreiro:
«Aqui piedoso entulho os ossos come
Do mais fiel, mais rápido sendeiro,
Que fora eterno, a não morrer de fome».
Pastar longas campinas livremente;
Não percas tempo, enquanto to consente
De magros cães faminto ajuntamento.
Esta sela, teu único ornamento,
Para sinal da minha dor veemente,
De torto prego ficará pendente,
Despojo inútil do inconstante vento.
Morre em paz, que, em havendo algum dinheiro,
Hei-de mandar, em honra de teu nome,
Abrir em negra pedra este letreiro:
«Aqui piedoso entulho os ossos come
Do mais fiel, mais rápido sendeiro,
Que fora eterno, a não morrer de fome».
Nicolau Tolentino de Almeida
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