A EXPO'98 atraiu cerca de 11 milhões de visitantes, apesar de previsões
iniciais apontarem para cerca de 15 milhões, o que veio a justificar
algumas opções de gestão de carácter duvidoso, e, acima de tudo,
ruinosas para a empresa e seus acionistas. Parte do seu sucesso ficou a
dever-se à vitalidade
cultural
que demonstrou - por exemplo, os seus cerca de 5000 eventos musicais
constituíram um dos maiores festivais musicais da história da
humanidade. Arquitetonicamente, a Expo revolucionou esta parte da
cidade e influenciou os hábitos de conservação urbana dos portugueses -
pode dizer-se que o
Parque das Nações é um exemplo de conservação bem-sucedida dum espaço urbano.
Foi considerado pelo
BIE (o organismo internacional que elege as cidades a receberem as exposições) como a melhor Exposição Mundial de sempre.
A utilização pioneira de ferramentas de design para grandes projetos
de arquitetura, engenharia e construção transformou a EXPO'98 num caso
de estudo internacional na área do desenho assistido por computador
(CAD). O exemplo pegou e outras obras seguiram também a mesma
metodologia, desta experiência transformada já em «case study».
O pioneirismo da EXPO foi, aliás, ressaltado por um trabalho de
reportagem intitulado 'A Tale of Two Cities' publicado na edição de
junho de 1999, da Computer Graphics World (volume 22, nº6), a revista de
referência internacional do sector.
«Os clássicos estiradores foram substituídos por estações de trabalho.
Estávamos em 1993, o que provocou uma verdadeira revolução no modo de
trabalhar típico deste sector e representou uma situação ímpar na
história de grandes projetos no nosso país». O homem no centro desta
operação foi José da Conceição Silva, um especialista de Informática da
área de CAD/AEC, do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC),
de Lisboa, requisitado para a Parque Expo para responsável pelo
Departamento de CAD, GIS, Web e Multimédia.
Vista geral do zona central da EXPO'98
Antes da Expo
A ideia de organizar uma Exposição Internacional em Portugal surgiu em 1989, da parte de
António Mega Ferreira e
Vasco Graça Moura.
Ambos estavam à frente da comissão para as comemorações dos 500 anos
dos Descobrimentos portugueses, liderada por Francisco Faria Paulino,
diretor do Pavilhão
de Portugal na Exposição de Sevilha, tendo também desempenhado as
funções de Secretário-Executivo e Comissário-Geral Adjunto da Comissão
Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses entre 1988
e 1996 e com as funções de diretor do Pavilhão de Portugal na
Exposição Universal de Sevilha e de Comissário-Geral Adjunto do
Pavilhão de Portugal na Exposição Internacional de Génova em 1992. Em
2008, foi também Comissário Executivo das Comemorações dos 500 anos da
Cidade do Funchal.
Uma vez obtido o apoio do Governo, Mega Ferreira apresentou o projeto ao Bureau International d'Expositions.
A candidatura de Lisboa ganhou à de Toronto. Criou-se uma empresa,
Parque Expo, com vista a criar um evento auto-sustentável que obtivesse
receitas de bilhetes vendidos e pela venda de terrenos adjacentes à
exposição.
O primeiro comissário da EXPO'98 foi António Cardoso e Cunha. Foi substituído em
1997 por José de Melo Torres Campos, já sob o governo do Partido Socialista.
Decidiu-se construir a exposição na zona oriental de Lisboa, que vira
através dos anos uma degradação crescente. A antiga Doca dos Olivais,
contacto privilegiado com o rio onde outrora atracavam hidroaviões,
estava transformada num terreno industrial bastante degradado. A zona de
50 hectares onde hoje está o recinto era, no fim dos anos oitenta, um
campo de contentores, matadouros e indústrias poluentes. Toda a
exposição foi construída do zero. A torre da refinaria da
Petrogal,
única estrutura conservada, ficou como lembrança do espaço antes da
intervenção. Houve um grande cuidado para que quase todos os
equipamentos do recinto tivessem utilização posterior, evitando assim o
seu abandono e a degradação, como aconteceu em Sevilha em 1992.
Em paralelo, lançaram-se grandes obras públicas. Entre as maiores estão a
Ponte Vasco da Gama (a maior da Europa à data), uma nova linha de metro com sete estações e um interface rodo-ferroviário, a
Gare do Oriente.
Bilhetes
Foram emitidos bilhetes de um dia (5.000$00 - 25 euros), três dias
(12.500$00 - 62,35 euros), e bilhetes diários apenas para a parte da
noite (2.500$00 - 12,50 euros). Existia também um passe livre com
acesso ilimitado à exposição durante três meses (50.000$00 - 250 euros).
A
Swatch
lançou alguns meses antes da exposição o modelo Adamastor, que
continha um chip carregado com um bilhete de um dia. Para entrar,
bastava encostar o relógio ao sensor presente em todos os
molinetes de
entrada.
Símbolos
O tema musical da exposição foi composto em 1996 por Nuno Rebelo. A
peça, de seu nome "Pangea" (o nome do super-continente mesozoico de
onde derivaram os atuais), misturava sobre guitarras portuguesas e uma
base sinfónica de cariz épico muitas e díspares sonoridades,
reminiscentes dos quatro cantos do mundo.
O logótipo da EXPO'98, representando o mar e o sol, foi concebido por Augusto Tavares Dias, diretor criativo de publicidade.
A mascote, concebida pelo pintor António Modesto e pelo escultor Artur
Moreira, foi selecionada de entre 309 propostas e batizada de Gil
(em homenagem a
Gil Eanes), por José Luís Coelho, um estudante do 2º ciclo, num concurso que envolveu escolas de todo o país.
Pavilhões
Durante a EXPO'98 houve dois tipos de pavilhões; os temáticos da
responsabilidade da Parque EXPO (Departamento de Conteúdos), e os
pavilhões das Regiões Autónomas, entidades convidadas e patrocinadores.
Pavilhões temáticos:
- Pavilhão do Futuro
- Pavilhão da Realidade Virtual
- Pavilhão da Utopia
- Pavilhão de Portugal
- Pavilhão do Conhecimento dos Mares
- Pavilhão dos Oceanos
- Pavilhão do Território
- Pavilhão da Água
- Exibição Náutica
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