Alexander Issaiévich Soljenítsin (Kislovodsk, 11 de dezembro de 1918 - Moscovo, 3 de agosto de 2008) foi um romancista, dramaturgo e historiador russo cujas obras consciencializaram o mundo quanto aos gulags, sistema de campos de trabalhos forçados existente na antiga União Soviética. Recebeu, sem poder ir a cerimónia, o Nobel de Literatura de 1970. A sua postura crítica sobre o que considerava o esmagamento da liberdade individual pelo estado omnipresente e totalitário implicou a expulsão do autor do país natal e a retirada da respetiva nacionalidade, em 1974.
Alexander Soljenítsin nasceu em Kislovodsk, pequena cidade do sul da Rússia, numa região localizada entre o Mar Negro e o Mar Cáspio,
filho póstumo de Isaac Soljenítsin, um oficial do exército imperial, e
da sua jovem viúva, Taisia Soljenítsina. O seu avô materno havia
superado as suas origens humildes e adquirido uma grande propriedade na
região de Kuban, no sopé da grande cadeia de montanhas do Cáucaso. Durante a Primeira Guerra Mundial, Taisia fora estudar em Moscovo,
onde conhecera o seu futuro marido. Soljenítsin relataria vividamente a
história de sua família nas suas obras "Agosto de 1914" e "A Roda
Vermelha".
Em 1918
Taisia encontrou-se grávida, mas pouco depois receberia a notícia da morte
do seu marido num acidente de caça. Esse facto, o confisco da
propriedade do seu avô pelas novas autoridades comunistas, e a Guerra Civil Russa
disputada ao redor, levaram às circunstâncias bastante modestas da
infância de Aleksandr. Mais tarde ele diria que a sua mãe lutava pela mera
sobrevivência, e que os elos do seu pai com o antigo regime tinham que
ser mantidos em segredo. O menino exibia conspícuas tendências
literárias e científicas, que a sua mãe incentivava como bem podia. Esta
viria a falecer no final de 1939.
Soljenítsin estudou Matemática na Universidade Estatal de Rostov, ao mesmo tempo cursando por correspondência o Instituto de Filosofia, Literatura e História de Moscovo. Durante a Segunda Guerra Mundial participou de ações importantes como comandante de uma companhia de artilharia do Exército Soviético, obtendo a patente de capitão e sendo condecorado em duas ocasiões.
Algumas semanas antes do fim do conflito, já havendo alcançado território alemão na Prússia Oriental, foi preso por agentes da NKVD, por fazer alusões críticas a Estaline
em correspondência enviada a um amigo. Foi condenado a oito anos num campo de
trabalhos forçados, a serem seguidos por exílio interno perpétuo.
A primeira parte da pena de Soljenítsin foi cumprida em vários campos
de trabalhos forçados; a "fase intermédia", como ele viria a
referir-se a esta época, passou-a em uma sharashka, um instituto
de pesquisas onde os cientistas e outros colaboradores eram
prisioneiros. Dessas experiências surgiria o livro "O Primeiro Círculo",
publicado no exterior em 1968. Em 1950 foi enviado a um "campo especial" para prisioneiros políticos em Ekibastuz, Cazaquistão onde trabalharia como pedreiro, mineiro e metalúrgico. Esta época inspiraria o livro "Um Dia na Vida de Ivan Denisovich". Neste campo retiraram-lhe um tumor, mas o seu cancro não chegou a ser diagnosticado.
A partir de março de 1953, iniciou a pena de exílio perpétuo em Kol-Terek, no sul do Cazaquistão. O seu cancro, ainda não detetado, continuou a espalhar-se, e no fim do ano, Soljenítsin encontrava-se próximo da morte. Porém, em 1954, finalmente recebeu tratamento adequado em Tashkent, Uzbequistão, e curou-se. Estes eventos formaram a base de " O Pavilhão dos Cancerosos".
Durante os seus anos de exílio, e após a sua libertação e retorno à
Rússia europeia, Soljenítsin, enquanto lecionava em escolas secundárias
durante o dia, passava as noites a escrever em segredo. Mais tarde, na
breve autobiografia que escreveria ao receber o Nobel de Literatura, relataria que "durante todos os anos, até 1961,
eu não estava apenas convencido que sequer uma linha por mim escrita
jamais seria publicada durante a minha vida, mas também raramente ousava
permitir que os meus íntimos lessem o que eu havia escrito, por medo de
que o facto se tornasse conhecido".
Publicou ainda nos EUA uma obra sobre um gigantesco tabu que é a
proeminência dos judeus russos no Partido Comunista e na polícia secreta
soviética, sendo apelidado de antissemita e desmoralizado no seu
exílio.
Soljenítsin regressou à Rússia a 27 de maio de 1994, depois de vinte anos de exílio e morreu em Moscovo a 3 de agosto de 2008, segundo o seu filho, em consequência de uma insuficiência cardíaca aguda.
in Wikipédia
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