Efígie de Vasco da Gama no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa
Vasco da Gama (Sines, circa 1460 ou 1469 - Cochim, Índia, 24 de dezembro de 1524) foi um navegador e explorador português. Na Era dos Descobrimentos, destacou-se por ter sido o comandante dos primeiros navios a navegar da Europa para a Índia,
na mais longa viagem oceânica até então realizada, superior a uma volta
completa ao mundo pelo Equador. No fim da vida foi, por um breve
período, Vice-Rei da Índia.
Armas dos Gamas, Condes da Vidigueira
in Wikipédia
A descoberta do caminho marítimo para a Índia é a designação comum para a primeira viagem realizada directamente da Europa para a Índia, pelo Oceano Atlântico, feita sob o comando do navegador português Vasco da Gama durante o reinado do rei D. Manuel I, em 1497-1499. Uma das mais notáveis viagens da era dos Descobrimentos, consolidou a presença marítima e o domínio das rotas comerciais pelos portugueses.
Caminho percorrido pela expedição (a preto). Nesta figura também se pode ver, para comparação, o caminho percorrido por Pêro da Covilhã (a laranja) separado de Afonso de Paiva (a azul) depois da longa viagem juntos (a verde)
Iniciava-se, assim, a expedição a 8 de julho de 1497. A linha de navegação de Lisboa a Cabo Verde foi a habitual e no oceano Índico é descrita por Álvaro Velho: «rota costeira até Melinde e travessia directa deste porto até Calecute». Durante esta expedição foram determinadas latitudes através da observação solar, como refere João de Barros.
Relatam os Diários de Bordo das naus muitas experiências inéditas. Encontrou esta ansiosa tripulação rica fauna e flora. Fizeram contacto perto da baía de Santa Helena com tribos que comiam lobos-marinhos, baleias, carne de gazelas e raízes de ervas; andavam cobertos com peles e as suas armas eram simples lanças de madeira de zambujo e cornos de animais; viram tribos que tocavam flautas rústicas de forma coordenada, o que era surpreendente perante a visão dos negros pelos europeus. Ao mesmo tempo que o escorbuto se instalava na tripulação, cruzavam-se em Moçambique com palmeiras que davam cocos.
Apesar das adversidades de uma viagem desta escala, a tripulação
mantinha a curiosidade e o ânimo em conseguir a proeza e conviver com os
povos. Para isso reuniam forças até para assaltar navios em busca de
pilotos. Com os prisioneiros, podia o capitão-mor fazer trocas, ou
colocá-los a trabalhar na faina; ao rei de Mombaça
pediu pilotos cristãos que ele tinha detido e assim trocou
prisioneiros. Seria com a ajuda destes pilotos que chegariam a Calecute,
terra tão desejada, onde o fascínio se perdia agora pela moda,
costumes e riqueza dos nativos.
Sabe-se, por Damião de Góis, que durante a viagem foram colocados cinco padrões: São Rafael, no rio dos Bons Sinais; São Jorge, em Moçambique, Santo Espírito, em Melinde; Santa Maria, nos Ilhéus,
e São Gabriel, em Calecute. Estes monumentos destinavam-se a afirmar a
soberania portuguesa nos locais para que outros exploradores não
tomassem as terras como por si descobertas.
Em 20 de maio de 1498, a frota alcançou Kappakadavu, próxima de Calecute, no actual estado indiano de Kerala, ficando estabelecida a rota no oceano Índico e aberto o caminho marítimo dos Europeus para a Índia.
As negociações com o governador local, Samutiri Manavikraman Rajá, Samorim
de Calecute, foram difíceis. Os esforços de Vasco da Gama para obter
condições comerciais favoráveis foram dificultados pela diferença de
culturas e pelo baixo valor das suas ofertas -no ocidente era hábito os
reis presentearem os enviados estrangeiros, no oriente esperavam ser
impressionados com ricas ofertas. As mercadorias apresentadas pelos
portugueses mostraram-se insuficientes para impressionar o samorim e os
representantes do Samorim escarneceram das suas ofertas,
simultaneamente os mercadores árabes aí estabelecidos resistiam à
possibilidade de concorrência indesejada.
A perseverança de Vasco da Gama fez com que se iniciassem, mesmo assim, as negociações entre ele e o samorim,
que se mostrou agradado com as cartas de D. Manuel I. Por fim, Vasco
da Gama conseguiu obter uma carta ambígua de concessão de direitos para
comerciar, comprovativa do encontro que dizia:
Os portugueses acabariam por vender as suas mercadorias por baixo preço
para poderem adquirir pequenas quantidades de especiarias e jóias para
levar para o reino. Contudo a frota acabou por partir sem aviso após o
Samorim e o seu chefe da Marinha Kunjali Marakkar
insistirem para que deixasse todos os seus bens como garantia. Vasco
da Gama manteve os seus bens, mas deixou alguns portugueses com ordens
para iniciar uma feitoria.
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