segunda-feira, maio 29, 2023

O eclipse que comprovou a Teoria da Relatividade foi há 104 anos

Foto do relatório de Arthur Stanley Eddington sobre a expedição à Ilha do Príncipe
      
Um eclipse solar total de relevância histórica ocorreu em 29 de maio de 1919. Com uma duração máxima de 6 minutos e 51 segundos, foi um dos mais longos eclipses solares do Século XX. Foi visível na maior parte da América do Sul e África na forma de um eclipse parcial. Foi o eclipse número 32 da Série 136 e teve magnitude de 1.0719.
Em princípio mais um mero eclipse que em pouco iria diferir de outros, o Eclipse solar de 29 de maio de 1919 acabou por se tornar um dos mais famosos, não por sua duração acima da média, mas sim em virtude dos resultados científicos obtidos a partir da observação desse fenómeno. Graças a fotografias tiradas durante o evento, foi possível estabelecer uma das primeiras constatações experimentais da veracidade da Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein.
Em virtude do contexto histórico, o evento foi observado com muita expectativa e precisão por várias equipas ligadas à Royal Astronomical Society. Uma delas, sob a direção de Andrew Crommelin, observou-o de Sobral, no Ceará; outra, chefiada por Arthur Eddington, dirigiu-se para a Ilha do Príncipe, localizada na costa atlântica da África. Esses locais foram escolhidos pelas equipas pois em princípio iriam oferecer as melhores condições para a observação do fenómeno.
A equipe que se dirigiu à Ilha do Príncipe teve os seus trabalhos prejudicados devido ao mau tempo. No momento do eclipse o céu estava nublado, e com isso, apenas uma das várias fotografias tiradas apresentou imagem de estrelas com valor científico. A equipe liderada por Crommelin em Sobral contou com sorte bem maior, e as suas imagens do fenómeno foram fundamentais para corroborar os resultados já satisfatórios previamente oriundos da fotografia tirada por Eddington. Em Sobral, a tempestade lavara a atmosfera e esta dissipara-se por completo a tempo, permitindo excelentes fotografias do eclipse.
As equipas fotografaram estrelas cujos raios luminosos que atingiam a Terra passaram bem próximos do Sol, e confirmaram a predição feita por Albert Einstein: analisados os negativos das fotografias, foi possível concluir que as estrelas não ocupavam as suas posições habituais então esperadas no firmamento, encontrando-se nas fotografias ligeiramente deslocadas, em valores que, frente à precisão experimental, eram em muito compatíveis com os previstos pelos cálculos baseados na teoria da relatividade. A partir desses resultados, os pesquisadores deduziram que os raios luminosos oriundos dessas estrelas realmente sofreram desvios das esperadas trajetórias retilíneas; sendo por tal a luz realmente influenciada pela presença de um campo gravitacional, o do Sol no caso.
O sucesso oriundo dessas observações causou a aceitação da teoria da relatividade geral pela comunidade científica internacional e fez de Albert Einstein definitivamente uma celebridade mundial. Igualmente, inseriu o referido eclipse e as respetivas localidades de forma espera-se que definitiva nos anais da história da ciência.

 

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