Mário Alberto Nobre Lopes Soares (Lisboa, 7 de dezembro de 1924 – Lisboa, 7 de janeiro de 2017) foi um político português.
Político de profissão e vocação, co-fundador do Partido Socialista, a 19 de abril de 1973, Mário Soares iniciou na juventude o seu percurso político, integrando grupos de oposição ao Estado Novo, primeiro ligado ao Partido Comunista Português - MUNAF e MUD - e depois na oposição não comunista - Resistência Republicana e Socialista, que funda com dissidentes do PCP e através do qual entrará para o Diretório Democrato-Social. Pela sua atividade oposicionista foi detido 12 vezes pela PIDE - cumprindo cerca de três anos de cadeia (Aljube, Caxias e Penitenciária) - e, posteriormente, deportado para São Tomé. Permaneceu nessa ilha até o governo de Marcello Caetano lhe permitir o regresso a Portugal, sendo, posteriormente às eleições de 1969 - nas quais Soares foi cabeça-de-lista pela CEUD em Lisboa - forçado a abandonar o país, optando pelo exílio em França.
No processo de transição democrática subsequente ao 25 de abril de 1974 Mário Soares afirmou-se como líder partidário no campo democrático, contra o Partido Comunista,
batendo-se pela realização de eleições. Foi ainda Ministro de alguns
dos governos provisórios - Ministro dos Negócios Estrangeiros, logo no I Governo Provisório,
ficou associado ao processo de descolonização, defendendo de forma
intransigente a independência e autodeterminação das províncias
ultramarinas.
Vencedor das primeiras eleições legislativas realizadas em democracia,
foi Primeiro-Ministro dos dois primeiros governos constitucionais, o I e II governos constitucionais, este último de coligação com o CDS. A sua governação foi marcada pela instabilidade democrática - nomeadamente, pela tensão entre o Governo e o Presidente da República - Conselho da Revolução - pela crise financeira e pela necessidade de fazer face à paralisação da economia ocorrida após o 25 de abril, que levou o Governo a negociar um grande empréstimo com os EUA.
Ao mesmo tempo, foi um período em que o Governo, e Soares em
particular, se empenhou em desenvolver contactos com outros líderes
europeus, tendentes à adesão de Portugal às Comunidades Europeias.
Líder da oposição entre 1979 e 1983, no ano de 1982, Mário Soares conduziu o PS ao acordo com o PSD e o CDS (que então formavam um governo chefiado por Francisco Pinto Balsemão) para levar a cabo a revisão constitucional de 1982, que permitiu a extinção do Conselho da Revolução, a criação do Tribunal Constitucional e o reforço dos poderes da Assembleia da República.
Foi, de novo, Primeiro-Ministro do IX governo, do chamado Bloco Central, num período marcado por uma nova crise financeira e pela intervenção do FMI em Portugal.
Posteriormente, foi Presidente da República durante dois mandatos, entre 1986 e 1996, vencendo de forma tangente, e à segunda volta, as eleições presidenciais de 1986, e com larga maioria as de 1991, em que contou não só com o apoio do PS como do PSD, de Cavaco Silva. Sendo o primeiro civil a exercer o cargo de Presidente da República, deixou patente um novo estilo presidencial, promovendo a proximidade com as populações e a projeção de Portugal no estrangeiro; sendo marcado ao mesmo tempo pela tensão política com os governos de Cavaco Silva e pelo polémico caso TDM (Teledifusão de Macau).
Biografia
Nascido em Lisboa, foi o segundo filho de João Lopes Soares, ex-padre e pedagogo, ministro na I República e combatente do Salazarismo, e de Elisa Nobre Baptista. Co-fundador do Partido Socialista de Portugal, a 19 de abril de 1973, Mário Soares foi um dos mais famosos resistentes ao Estado Novo, pelo que foi preso doze vezes (num total de cerca de três anos de cadeia) e deportado sem julgamento para a ilha de São Tomé, em 1968, até se exilar em França, em 1970.
Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1951, e em Direito, na Faculdade de Direito
da mesma universidade, em 1957. Foi nos tempos de estudante que, com
apoio do pai, iniciou o seu percurso político - pertenceu ao MUNAF - Movimento de Unidade Nacional Anti-Fascista, em maio de 1943, integrou a Comissão Central do MUD - Movimento de Unidade Democrática, sob a presidência de Mário de Azevedo Gomes,
em 1946, foi fundador o MUD Juvenil e membro da primeira Comissão
Central, no mesmo ano. Em 1949, ano em que, a 22 de fevereiro, se casou
na prisão, com registo na 3.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa,
com Maria Barroso foi secretário da Comissão Central da candidatura do General Norton de Matos à Presidência da República, em 1955 integrou o Diretório Democrático-Social, dirigido por António Sérgio, Jaime Cortesão e Azevedo Gomes e, em 1958, pertenceu à comissão da candidatura do General Humberto Delgado à Presidência da República. Foi militante do Partido Comunista Português e, como advogado, defensor do Dr. Álvaro Cunhal.
Foi professor do Ensino Secundário Particular e chegou a dirigir o Colégio Moderno,
fundado pelo pai. Como advogado defensor de presos políticos,
participou em numerosos julgamentos, realizados no Tribunal Plenário e
no Tribunal Militar Especial. Representou a família de Humberto Delgado na investigação do seu alegado assassinato e, juntamente com Adelino da Palma Carlos, defendeu também a causa dinástica da auto-intitulada Maria Pia de Saxe-Coburgo e Bragança. Ainda na década de 50 foi membro da Resistência Republicana e Socialista,
redator e signatário do Programa para a Democratização da República em
1961, candidato a deputado pela Oposição Democrática, em 1965, e pela CEUD, em 1969.
Aquando do seu exílio em França, em 1970, foi chargé de cours nas universidades de Paris VIII (Vincennes) e Paris IV (Sorbonne), e igualmente professor convidado na Faculdade de Letras da Universidade da Alta Bretanha, em Rennes, que lhe atribuiu o grau de Doutor Honoris Causa. Em 1973, foi o primeiro fundador do Partido Socialista, de que foi secretário-geral e ainda hoje é militante.
Estando ainda aí, em 1972, foi à loja à loja maçónica parisense "Les Compagnons Ardents", da "Grande Loge de France", pedir apoio para a luta política contra o Estado Novo e ingressou na maçonaria, segundo ele próprio, optando depois por ficar "adormecido".
A 28 de abril de 1974, três dias depois da Revolução de 25 de Abril, regressou do exílio em Paris, no chamado "Comboio da Liberdade". Dois dias depois, esteve presente na chegada a Lisboa de Álvaro Cunhal. Ainda que tivessem ideias políticas diferentes, subiram de braços dados, pela primeira e última vez, as ruas da Baixa Pombalina e a avenida da Liberdade.
Durante o período revolucionário que ficou conhecido como PREC foi o principal líder civil do campo democrático, tendo conduzido o Partido Socialista à vitória nas eleições para a Assembleia Constituinte de 1975.
Foi Ministro dos Negócios Estrangeiros, de maio de 1974 a março de 1975, e um dos impulsionadores da independência das colónias portuguesas, tendo sido responsável por parte desse processo.
Durante o período revolucionário que ficou conhecido como PREC foi o principal líder civil do campo democrático, tendo conduzido o Partido Socialista à vitória nas eleições para a Assembleia Constituinte de 1975.
Foi Ministro dos Negócios Estrangeiros, de maio de 1974 a março de 1975, e um dos impulsionadores da independência das colónias portuguesas, tendo sido responsável por parte desse processo.
A partir de março de 1977 colaborou no processo de adesão de Portugal à CEE, vindo a subscrever, como primeiro-ministro, o Tratado de Adesão, em 12 de julho de 1985.
Foi primeiro-ministro de Portugal nos seguintes períodos:
- I Governo Constitucional entre 1976 e 1977;
- II Governo Constitucional em 1978;
- IX Governo Constitucional entre 1983 e 1985.
Presidente da República entre 1986 e 1996 (1.º mandato de 10 de março de 1986 a 1991, 2.º mandato de 13 de janeiro de 1991 a 9 de março de 1996).
Deputado ao Parlamento Europeu entre 1999 e 2004, foi candidato a presidente do parlamento, mas perdeu a eleição para Nicole Fontaine, a quem não teve problema em chamar «dona de casa» (no sentido pejorativo do termo).
Fundador da Fundação Mário Soares em 1991.
Em 13 de dezembro de 1995 assume a Presidência da Comissão Mundial Independente Sobre os Oceanos; em março de 1997 a Presidência da Fundação Portugal África e a Presidência do Movimento Europeu;
em setembro a Presidência do Comité Promotor do Contrato Mundial da
Água. Como ex-presidente da república, é também Conselheiro de Estado.
Foi, em 2005, aos oitenta anos, o segundo candidato - após Jerónimo de Sousa pelo PCP - a assumir a candidatura à Presidência da República (o que seria um inédito terceiro mandato) após algumas crispações no PS, principalmente com o seu amigo de longa data Manuel Alegre. Na eleição, a 22 de fevereiro de 2006, obteve apenas o terceiro lugar, com 14% dos votos.
Em 2007 foi nomeado presidente da Comissão de Liberdade Religiosa. Também presidia ao Júri do Prémio Félix Houphouët-Boigny, da UNESCO, desde 2010, e era patrono do International Ocean Institute, desde 2009 e até à sua morte. Era patrono do International Ocean Institute, desde 2009.
Dia 11 de outubro de 2010 recebeu o Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Lisboa aquando das comemorações do centenário da mesma, coincidindo com as comemorações do centenário da República Portuguesa (5 de outubro).
Com 89 anos foi eleito a personalidade do ano de 2013 pela imprensa estrangeira radicada em Portugal. Foi pai de João Soares e Isabel Soares.
in Wikipédia
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