...celebremo-lo com um bonito poema de Manuel Alegre. Não porque hoje passem 112 anos sobre a imposição da república, que transformou um país com uma democracia - os republicanos tinham até eleito deputados para o Parlamento - numa ditadura anárquica e caciquista de pouco mais de 15 anos. Mas porque é o dia da independência nacional - El-Rei D. Afonso Henriques impôs ao seu primo, o Rei de Castela e Leão, a separação do nosso país, que, ainda em vida, viu também reconhecida pelo Papa. Assim hoje, embora não seja feriado por causa do Tratado de Zamora (hoje é o dia em que os senhores de aventais vão a alguns cemitérios homenagear os parvos que impuseram um péssimo regime ao país), há que recordar a data:
LIBERDADE
Sobre esta página escrevo
teu nome que no peito trago escrito
laranja verde limão
amargo e doce o teu nome.
Sobre esta página escrevo
o teu nome de muitos nomes feito água e fogo lenha vento
primavera pátria exílio.
Teu nome onde exilado habito e canto mais do que nome: navio
onde já fui marinheiro
naufragado no teu nome.
Sobre esta página escrevo o teu nome: tempestade.
E mais do que nome: sangue. Amor e morte. Navio.
Esta chama ateada no meu peito
por quem morro por quem vivo este nome rosa e cardo
por quem livre sou cativo.
Sobre esta página escrevo o
teu nome: liberdade.
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