domingo, outubro 30, 2022

Paul Valéry nasceu há 151 anos


Ambroise-Paul-Toussaint-Jules Valéry (Sète, 30 de outubro de 1871 - Paris, 20 de julho de 1945) foi um filósofo, escritor e poeta francês da escola simbolista e cujos textos mostram o seu interesse pela Matemática, Filosofia e Música.

Valéry nasceu em Sète, filho de um pai corso e uma mãe genovesa-Ístria, numa cidade da costa mediterrânea do Hérault, mas foi criado em Montpellier, maior centro urbano da região. Após a educação católica romana tradicional, estudou Direito na universidade, passando a residir em Paris a maior parte do resto de sua vida, onde fez, durante algum tempo, parte do círculo de Stéphane Mallarmé.

Realizou os estudos secundários em Montpellier e iniciou a sua carreira em Direito em 1889. Na mesma época publicou seus primeiros versos, fortemente influenciados pela estética da literatura simbolista dominante na época. Em 1894 instalou-se em Paris, onde trabalhou como redator no Ministério de Guerra. Depois da Primeira Guerra Mundial dedicou-se inteiramente à literatura e foi aceite pela Academia Francesa em 1925.

A sua obra poética foi influenciada pelo simbolista Stéphane Mallarmé, que consequentemente influenciou outro francês, Jean-Paul Sartre.

A 25 de julho de 1940, foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, de Portugal.

 

in Wikipédia

 

Anne 

 

Anne qui se mélange au drap pâle et délaisse
Des cheveux endormis sur ses yeux mal ouverts
Mire ses bras lointains tournés avec mollesse
Sur la peau sans couleur du ventre découvert.

Elle vide, elle enfle d'ombre sa gorge lente,
Et comme un souvenir pressant ses propres chairs,
Une bouche brisée et pleine d'eau brûlante
Roule le goût immense et le reflet des mers.

Enfin désemparée et libre d'être fraîche,
La dormeuse déserte aux touffes de couleur
Flotte sur son lit blême, et d'une lèvre sèche,
Tette dans la ténèbre un souffle amer de fleur.

Et sur le linge où l'aube insensible se plisse,
Tombe, d'un bras de glace effleuré de carmin,
Toute une main défaite et perdant le délice
A travers ses doigts nus dénoués de l'humain.

Au hasard !
A jamais, dans le sommeil sans hommes
Pur des tristes éclairs de leurs embrassements,
Elle laisse rouler les grappes et les pommes
Puissantes, qui pendaient aux treilles d'ossements,

Qui riaient, dans leur ambre appelait les vendanges,
Et dont le nombre d'or de riches mouvements
Invoquait la vigueur et les gestes étranges
Que pour tuer l'amour inventent les amants...

 

Paul Valéry

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