Wilhelm Ludwig von Eschwege (Auer Wasserburg, Hesse, 10 de novembro de 1777 - Kassel, 1 de fevereiro de 1855), também conhecido por barão de Eschwege, Guilherme von Eschwege ou por Wilhelm Ludwig Freiherr von Eschwege, foi um geólogo, geógrafo, arquiteto e metalurgista alemão.
Foi contratado pela coroa portuguesa para proceder ao estudo do potencial mineiro do país. Encontrava-se em Portugal quando, em 1808, a Corte se transferiu para o Brasil, devido à invasão francesa comandada por Junot.
Seguiu posteriormente para o Brasil, onde se viria a notabilizar-se pela
realização da primeira exploração geológica de carácter científico
feita naquele país.
Biografia
Wilhelm Ludwig von Eschwege nasceu a 10 de novembro de 1777, em Aue bei Eschwege, Hessen, Alemanha, filho de família aristocrática. Destinado à carreira militar, estudou na Universidade de Göttingen (1796-1799), tendo sido contemporâneo de Georg Heinrich von Langsdorff. Em Marburg tomou contato com a engenharia de minas, e tornou-se consultor em Clausthal e Richelsdorf, em 1801.
Apesar de alguns afirmarem que foi aluno de Abraham Gottlob Werner (1749-1817), o fundador da moderna Mineralogia, não há nos anais de Freiberg
referência a sua passagem por lá. Destinado à vida militar, a sua
curiosidade intelectual levou-o a adquirir a formação académica
ecléctica, característica da intelectualidade europeia do século XIX.
Estudou direito, ciências naturais, arquitectura, ciência e economia
política, economia florestal, mineralogia e paisagismo.
Em Portugal
José Bonifácio de Andrada e Silva foi o responsável, embora indirecto,
pela vinda do Barão de Eschewege para Portugal, conforme nos explica o
próprio barão nos seus registos. Bonifácio solicitara a vinda de
operários alemães especializados para a exploração de minas, sendo-lhe
enviados cientistas alemães e entre eles um barão. Após reação
adversa e explosiva de acolhimento, no seu habitual mau génio,
Bonifácio recompôs-se, felicitando os recém-chegados e considerando-os
seus hóspedes. É o Barão que nos traça o modo como José Bonifácio
vivia na Quinta do Almegue, nos arredores de Coimbra, com pouco
conforto, no período em que foi professor de Metalurgia na
Universidade. Este encontro merece ser destacado, pela importância que
ambos vieram a ter nos destinos de Portugal e do Brasil.
Em 1802, Eschwege parte para Portugal, país onde permanece até 1810,
ocupando o cargo de director de minas. Da sua experiência em Portugal, e
das viagens de prospecção que empreendeu por todo o país, recolheu
informação geológica e paleontológica, além de informação sobre técnicas
de mineração e de administração das minas em Portugal e nas colónias,
que lhe permitiram iniciar a publicação de diversas obras de carácter
científico e integrar uma rede intelectual abrangente, que incluía,
entre outros, sumidades como Goethe, Karl Marx e Alexander von Humboldt.
Durante a sua estada em Portugal catalogou inúmeros aspectos da
mineralogia portuguesa e publicou um estudo sobre as conchas
fossilizadas da região de Lisboa.
De 1803 a 1809 o barão de Eschwege esteve à testa da fábrica de artilharia e aprestos de ferro na Arega, Figueiró dos Vinhos, onde se fabricavam, entre muitas outras obras em ferro, os canhões para as forças armadas portuguesas.
No Brasil
Depois de ter trabalhado em Portugal, o barão de Eschwege seguiu em 1810 para o Brasil, a convite do príncipe regente D. João VI, para reanimar a decadente mineração de ouro e para trabalhar na nascente indústria siderúrgica.
Foi ainda encarregado do ensino das ciências da engenharia aos
futuros oficiais do exército e de continuar, agora naquele território,
os seus trabalhos de exploração mineira e de metalurgia.
Em 1810 foi criado pelo príncipe regente D. João o Real Gabinete de Mineralogia do Rio de Janeiro,
sendo ele chamado para o dirigir e ensinar aos mineiros técnicas
avançadas de extracção mineral. Permaneceu até 1821 no Brasil, com a
patente de tenente-coronel engenheiro, nomeado "Intendente das Minas de
Ouro" e curador do Gabinete de Mineralogia.
Nesse mesmo ano Eschwege iniciou, em Congonhas do Campo,
Minas Gerais, os trabalhos de construção de uma fábrica de ferro,
denominada de "Patriótica", empreendimento privado, sob a forma de
sociedade por acções. Em 1811 a sua siderurgia já produzia em escala
industrial.
No ano de 1812, em Itabira do Mato Dentro (actual Itabira,
Minas Gerais), foi pela primeira vez extraído ferro por malho
hidráulico, com a ajuda de Eschwege, que ali inovou a mineração de ouro
introduzindo os pilões hidráulicos na lavra do coronel Romualdo José Monteiro de Barros, futuro Barão de Paraopeba, em Congonhas do Campo.
Em 1817 foram aprovados pelo governo os estatutos das sociedades de
mineração, que estabeleciam as bases para a fundação da primeira
companhia mineradora do Brasil, sugeridas por Eschwege.
Nos campos da geologia e da mineralogia, empreendeu viagens de
exploração das quais resultou uma vasta obra escrita de pesquisas
geológicas e mineralógicas. Foram importantes suas expedições de
exploração científica aos estados de São Paulo e Minas Gerais, o primeiro a assinalar a presença de manganés.
Da obra escrita, publicada na Europa, sobressaem Pluto Brasiliensis (Berlim, 1833) a primeira obra científica sobre a geologia brasileira, e Contribuições para a Orografia Brasileira.
Com Francisco de Borja Garção Stockler, teve papel importante na estruturação do ensino nas áreas da matemática e da física na Academia Militar do Rio de Janeiro,
escola militar criada por carta régia de 4 de dezembro de 1810, que
iniciou actividades a 23 de abril de 1811, e é uma das instituições
antecessoras da actual Academia Militar das Agulhas Negras e a primeira escola de engenharia no Brasil.
Era amante da arquitectura e colaborou, a convite de D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota, rei-consorte de Portugal, casado com a rainha D. Maria II, na elaboração dos planos para o Palácio Nacional da Pena. Tal colaboração deu-se entre 1836 e 1840, muito depois do seu regresso do Brasil. Regressou à Alemanha, onde faleceu em Kassel-Wolfsanger, Hessen, a 1 de fevereiro de 1855.
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