O acidente do vaivém Columbia ocorreu no dia 1 de fevereiro de 2003, durante a fase de reentrada na atmosfera terrestre, a apenas dezasseis minutos de tocar o solo no regresso da missão STS-107, causando a destruição total da nave
e a perda dos sete astronautas que compunham a tripulação. Esta missão
de cariz científico teve a duração de dezasseis dias ao longo dos quais
foram cumpridas com sucesso, as cerca de oitenta experiências
programadas.
Momentos após a desintegração do Columbia, milhares de destroços em chamas caíram sobre uma extensa faixa terrestre, essencialmente no estado do Texas, e na Louisiana, alguns dos quais atingiram casas de habitação, empresas e escolas. Afortunadamente entre a população ninguém ficou ferido.
A recolha dos destroços prolongou-se de forma intensiva até meados de
Abril daquele ano, ao longo de 40.000 km², dos quais 2.850 km²
percorridos a pé, e os restantes utilizando meios aéreos ou navais junto
à linha costeira da Califórnia.
Foram recolhidos 83 mil pedaços do Columbia, correspondentes a 37% da
massa total da nave, entre os destroços encontravam-se também parte dos
restos mortais dos astronautas.
Foi constituída uma comissão independente de inquérito ao acidente, a Columbia Accident Investigation Board
(CAIB), que produziu um relatório oficial de 400 páginas após quase
sete meses de investigação, no qual foram apontadas as causas técnicas e
organizacionais que estiveram directa ou indirectamente envolvidas na
origem da destruição do Columbia. Foram ainda perspectivadas hipotéticas
soluções de resgate da tripulação e elaboradas 29 recomendações a
implementar, 15 das quais de cumprimento obrigatório, sem o qual não
poderia haver um regresso aos voos.
Tripulação da missão STS-107
No dia 1 de fevereiro de 2003, os sete astronautas a bordo do space shuttle Columbia iniciam os preparativos para regressarem a casa: Terminam a última verificação dos sistemas da nave e comunicam ao controlo da missão no Centro Espacial Lyndon Johnson, localizado em Houston, no Texas, que se encontravam alinhados para o inicio da reentrada. Os foguetes de manobra orbital são accionados às oito horas e quinze minutos UTC durante a 255ª órbita e a reentrada é iniciada.
Após a fase de ionização, na qual as comunicações com a nave não são possíveis e o voo é controlado pelos computadores de bordo, o piloto William C. McCool e o comandante da missão Rick Husband
assumem os comandos, iniciando as manobras para diminuírem a velocidade
e monitorizar os indicadores, confirmando a trajectória correcta. A astronauta Laurel Clark
inicia a captação de imagens (que serão recuperadas dos destroços)
durante aproximadamente treze minutos, mostrando uma tripulação bem
disposta e descontraída. Às 13.48 horas UTC a tomada de
imagens é interrompida, o Columbia encontra-se então sobre o oceano Pacífico, a sudoeste da baía de São Francisco.
Entretanto às 13.45 horas UTC o controlo da missão
considerava a reentrada como quase perfeita e previa um regresso
tranquilo. Oito minutos após tudo se alterava: A telemetria
começava a revelar as primeiras leituras do aquecimento não habitual de
várias secções da nave. O Columbia viajava então a 21.200 km/h, a uma
altitude de 63,1 quilómetros, sobre a parte norte do estado do Texas. Faltavam 2.250 km, equivalentes a 16 minutos, para tocarem o solo de regresso a casa.
A esposa do comandante da missão, Evelyn Husband e os seus dois filhos são fotografados no Centro Espacial John F. Kennedy, na Flórida. Em fundo está um cronógrafo
em contagem regressiva, que regista 11 minutos e 21 segundos para a
aterragem do Columbia. Não havia maneira de saberem que tinham perdido
marido e pai quatro minutos antes. As famílias restantes dos astronautas, (espectadores em geral e repórteres) observavam o céu no Centro Espacial, esperando pela chegada dos seus entes queridos. Então, ouvem os estampidos sónicos aquando da reentrada na atmosfera
terrestre e iniciam uma contagem decrescente. Esgotado o tempo
continuam olhando o horizonte e compreendem então que nada havia para
esperar.
Sobre o Texas é ouvida uma série deu estrondos similares a trovões.
Uma chuva de destroços em chamas começa a cair dos céus e se espalham
ao longo de uma faixa com 1.200 km cobrindo o estado e parte da Louisiana. O Columbia havia se desintegrado e a missão STS-107 tinha terminado.
No controlo da missão as chamadas via rádio são respondidas apenas com
estática e somente às 14.29 horas UTC é oficialmente declarada
uma situação de emergência no space shuttle OV-102 Columbia.
Recuperação dos restos mortais dos astronautas
Desde o inicio foi dada prioridade à recuperação dos restos mortais
dos astronautas, dada a sensibilidade do assunto e a elevada emoção que a
sua recuperação provocava - também a rápida degradação dos mesmos podia
comprometer propósitos de investigação e outros julgados adequados.
Poucos minutos após o colapso da nave, começaram a chegar os
primeiros relatos da descoberta de restos humanos junto à localidade de Hemphill no leste do Texas. A responsabilidade, por inerência da lei para a recolha e investigação de vítimas em acidentes aéreos, pertence ao National Transportation Safety Board.
Esta tarefa, quando executada em acidentes civis. é mais ligeira porque
se está a lidar com pessoas relativamente anónimas, mas neste em
particular, como em todos aqueles que envolvem aeronaves
militares, têm que lidar com corpos de vizinhos, ex-camaradas de armas
ou amigos. Também os astronautas depressa se juntaram às buscas desde o
primeiro minuto. Era necessário encontrar os corpos dos seus amigos e
colegas de profissão, para que fossem tratados com o devido respeito e
honrar a sua memória condignamente.
Todos os pedaços de corpos humanos encontrados foram transportados a 5 de fevereiro para as instalações mortuárias da base aérea de Dover no Delaware, equipada para lidar com corpos expostos a produtos químicos perigosos e onde foram ultimados os processos de identificação. Foram posteriormente entregues às famílias para os respectivos serviços fúnebres.
- Ilan Ramon foi sepultado como herói nacional no dia 11 de fevereiro de 2003, em cerimónia discreta e privada no cemitério militar Moshav Nahalal, onde repousam alguns dos chamados gigantes da história de Israel, incluindo o herói de guerra Moshe Dayan.
- David Brown foi sepultado no Cemitério Nacional de Arlington no dia 12 de março de 2003, junto ao memorial da tripulação.
- Laurel Clark foi sepultada no Cemitério Nacional de Arlington no dia 10 de março de 2003, junto ao memorial da tripulação.
- Michael Anderson foi sepultado no Cemitério Nacional de Arlington no dia 7 de março de 2003, junto ao memorial da tripulação.
- Kalpana Chawla foi cremada ainda nas instalações mortuárias da base aérea de Dover. As suas cinzas foram espalhadas pelo Parque Nacional de Zion, um dos seus locais favoritos nos Estados Unidos, em data não revelada pela família, mas que provavelmente teria sido no dia 15 de fevereiro de 2003.
- Willie McCool foi sepultado na cidade de Anacortes no estado de Washington.
- Rick Husband foi sepultado na cidade de Amarillo no Texas.
Sequência da desintegração do Columbia
Materiais importantes recuperados
Entre os destroços recuperados, foram encontrados os únicos sobreviventes da missão STS-107, um grupo de nemátodes da espécie Caenorhabditis elegans. Do tamanho de uma cabeça de alfinete, estavam armazenados dentro de um cacifo em caixas de petri, o qual só foi aberto e investigado várias semanas após ter sido recuperado. Faziam parte de um conjunto de pesquisas biológicas, destinadas a estudar o efeito da gravidade sobre a fisiologia dos seres vivos.
Nas proximidades da localidade de Palestine no Texas, cinco dias após o acidente foi recuperado o vídeo realizado pela astronauta Laurel Clark
e do qual apenas foi possível recuperar aproximadamente 13 minutos,
correspondentes à fase inicial da reentrada, revelando as actividades na
cabine da tripulação e a descontracção e boa disposição com que todos
encaravam o regresso.
Foi ainda descoberto, cinco anos após o acidente, em maio de 2008, um HDD
com 340 MB de capacidade de armazenamento, parcialmente destruído, mas
com os sectores onde estava guardada informação (científica) intactos,
possibilitando assim a sua recuperação.
Considerado de elevado valor, para o esclarecimento da causa que provocou o colapso do Columbia, foi encontrado em excelente estado de conservação, o OEX tape recorder, que monitoriza e grava os dados de centenas de sensores, correspondente na aviação às muito conhecidas caixas negras.
Os dados encontrados provaram inequivocamente, que foi um impacto
exterior na asa esquerda ainda na fase de ascensão que provocou a queda
durante a reentrada. De salientar que este equipamento era único, só equipava o Columbia, a que talvez não seja alheio o facto de ser tecnologia da década de 70.
Causa do desastre
A causa física da perda do Columbia e da sua tripulação foi uma brecha no sistema de protecção térmica no bordo de ataque da asa esquerda, causado por um pedaço de espuma isolante
que se separou da secção esquerda do suporte duplo do tanque de
combustível externo, 81,7 segundos após o lançamento, e atingiu a parte
inferior da asa nas proximidades do painel térmico de carbono
reforçado número oito. Durante a reentrada esta violação no sistema de
protecção térmica permitiu que ar superaquecido penetrasse através do
isolamento e progressivamente derretesse a estrutura de alumínio da asa
esquerda, resultando num severo enfraquecimento estrutural, até que o
aumento das forças aerodinâmicas, causadas pelo atrito da cada vez maior densidade atmosférica,
destruísse a asa provocando a perda de controle e o imediato colapso da
nave. Este acidente verificou-se num regime de voo em que, com a actual
concepção, não havia qualquer possibilidade de sobrevivência para a
tripulação.
in Wikipédia
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