sábado, junho 23, 2012

Nicolau Tolentino de Almeida morreu há 201 anos

Frontispício de uma peça de teatro "de cordel" de Tolentino

Nicolau Tolentino de Almeida (Lisboa, 10 de setembro de 1740- 23 de junho de 1811) foi um poeta português.

Aos vinte anos ingressou na Faculdade de Leis, em Coimbra, mas ao invés dos estudos tinha vida boémia e de poeta. No ano de 1765 tornou-se professor de retórica, numa das cátedras criadas pelo Marquês de Pombal, após a expulsão dos jesuítas.
Seus versos continham sempre pedidos, solicitando um cargo na secretaria de estado, até que este foi satisfeito, com a nomeação como oficial de secretaria.
Foi um professor durante quinze anos, mas não gostava de tal profissão. Inadaptado e descontente até conseguir o posto na Secretaria dos Negócios do Reino, obteve tudo quanto pretendeu, o que não o fez deixar de deplorar uma suposta miséria.
Bom metrificador, compôs sátiras descritivas e caricatural, sonetos e odes, que reuniu em 1801 num volume chamado Obras Poéticas. Ficando pela superfície, apreendeu bem os erros e ridículos da época. O seu cómico consistia no agravamento das proporções, hipertrofiando o exagero, que encontrava.


SONETO XXII
Aos toucados altos

Foi ao Manique um homem acusado
Por contrabandos ter; ele ciente
Chama a quadrilha, corre diligente,
Entra, busca, e não acha o Malsinado.

Acha a mulher, que tinha por toucado
A torre de Belém: ela que o sente,
Banhada em pranto, desmaiada a frente,
Prostra por terra o corpo delicado.

C'o boleu se esbandalha a mata espessa,
Saem dela esguiões, cassas lavradas,
E de belbute trinta e uma peça,

Fivelas, espadins, rendas bordadas:
Até tinha escondido na cabeça
O marido, e três arcas encouradas.

in
Obras Póstumas (1828) - Nicolau Tolentino de Almeida

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