terça-feira, janeiro 03, 2012

Vasco Graça Moura - 70 anos


(imagem daqui)


Vasco Navarro da Graça Moura (Foz do Douro, 3 de Janeiro de 1942) é um escritor e político português.
Advogado entre 1966 e 1983, licenciou-se em Direito, pela Universidade de Lisboa. Na década de 80 enveredou definitivamente pela carreira literária, que o havia de confirmar como um nome central da poesia portuguesa da segunda metade século XX. Além da poesia, Graça Moura está na escrita como dramaturgo, ensaísta e tradutor, salientando o trabalho de obras de autores como Dante Alighieri, William Shakespeare, Petrarca, Jean Racine, François Villon, Frederico García Lorca ou Rainer Maria Rilke.


quando, minha luminosa...


quando, minha luminosa, deitado penso em ti

e a teu lado bebo as sombras que te pousam na pele,

apenas a harmonia se respira

da tua testa pousada no meu peito, das tuas mãos presas às minhas.



a noite avança e eu a medo toco o teu cabelo.

o silêncio tem a paz de um olival e dos nossos passeios no alentejo,

o meu amor é como a lua a aflorar-te a face adormecida,

o meu amor é esta e todas as noites, um sobressalto de

estrelas benfazejas,



uma espuma serena em que repouses, uma corrente em que nades de alegria,

uma vide a entrelaçar-te, ó minha luminosa, uma concha de ternura que te guarde.

uma espécie de música que vá vibrando em ti.



in "currente calamo" (Poesia 2001/2005) - Vasco Graça Moura

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