Foi a vencedora de um
Óscar de melhor canção, além de ter diversos outros prémios, incluindo o
Grammy e o
Globo de Ouro.
Nascimento
O pai de Irene, Gaspar Escalera (falecido em 1994) era afro-
porto riquenho. A sua mãe, Louise Escalera, é de ascendência
francesa e
cubana. Tem duas irmãs e dois irmãos.
Infância
Irene
chamou a atenção dos pais quando, aos três anos de idade, foi uma das cinco finalistas do concurso
Little Miss America. Aprendeu a tocar
piano apenas ouvindo e rapidamente começou a estudar
música,
dramaturgia e
dança. Em 1968, com nove anos, foi contratada pela
GEMA Records e gravou o disco
Esta Es Irene, com canções em
espanhol.
A sua carreira começou num canal de língua latina, profissionalmente cantando e dançando. Uma de suas primeiras aparições foi no programa
Ted Mack Original Amateur Hour cantando
"Ola Ola Ola", o primeiro single do álbum
Esta Es Irene, e logo em seguida nos programas
The Ed Sullivan Show e
The Tonight Show,
de Johnny Carson. Em
1969 foi convidada para participar num concerto em tributo a
Duke Ellington, com
Stevie Wonder,
Sammy Davis Jr. e
Roberta Flack. Ainda contratada da GEMA gravou, em 1970, um disco de músicas
natalícias.
Durante esse tempo participou de
musicais dentro e fora da
Broadway, como
Maggie Flynn (
1968), com
Shirley Jones e
Jack Cassidy; de
The Me Nobody Knows (
1970), com o qual ganhou um Obie Award e gravou a música
"This World"; de
Via Galactica (
1973), com
Raul Julia; de
The Wiz (
1975), que arrebatou sete
Tony Awards incluindo o de melhor musical; de
Ain't Misbehavin (
1978), com Nell Carter, Andre De Shields, Armelia McQueen, Ken Page e
Got Tu Go Disco (
1979) com Jerry Brandt, que estreou no
Minskoff Theatre, o primeiro musical
disco a apresentar-se na Broadway.
Anos 70: Sparkle
Nos
anos 70, Irene foi a estrela de
The Everything Show, um programa transmitido somente em
Nova Iorque. Foi a original Daisy Allen na anterior série diária
Love of Life, em
1974, e substituída por
Sharon Brown, e que deixou para fazer um programa educativo de nome
The Electric Company, interpretando uma integrante da banda
The Short Circus (ela foi ao show durante a primeira temporada somente). Da série também participou
Bill Cosby,
Rita Moreno,
Morgan Freeman,
Mel Brooks,
Joan Rivers e
Gene Wilder.
Em
1975 estreou no cinema, protagonizando a romântica Angela do filme
Aaron Loves Angela, uma versão pós-moderna de
Romeu e Julieta. Veio em seguida o papel em
Sparkle (1977), onde interpretou a personagem de mesmo nome e conquistou grande sucesso de crítica e de público a nível internacional. A televisão aproveitou o sucesso conquistado por Irene no exterior em duas mini produções:
Raízes II, outra adaptação aclamada pela crítica, e o filme
A História de Jim Jones, baseado em um
best-seller de
Alex Haley, baseado na tragédia ocorrida na
Guiana alguns anos antes.
John Willis' Screen World, Vol. 28, nomeou Irene como uma das 20 Mais promissoras atrizes de 1976. No mesmo ano, uma votação dos leitores na revista Right On! nomeou-a como Top Atriz.
Cara é formada na
Professional Children's School em
Manhattan, uma concorrente da
LaGuardia High School of Music & Art. Ironicamente,
LaGuardia High foi a inspiração para a escola de artes do seu terceiro filme,
Fama, em
1980.
Anos 80: Fama
O filme
Fame de 1980, fez com que Irene se tornasse conhecida no mundo inteiro. Como
Coco Hernandez ela cantou os dois maiores
hits do filme, que brilharam nas paradas de sucesso naquele início dos
anos 80: a canção título
Fame, que ficou em primeiro lugar da
Billboard por várias semana, e a canção
Out Here On My Own, que chegou ao Top #10 das paradas americanas em
1981. Irene teve a oportunidade de ser uma das pouquíssimas cantoras até hoje a cantar mais de uma canção durante a cerimónia de entrega dos Óscares.
Fame, composta por Michael Gore e Dean Pitchford, levou uma estatueta nesse mesmo ano.
Também o filme garantiu a Irene algumas nomeações para o Grammy, em 1980, para melhor atriz novata e melhor artista pop, assim como uma nomeação ao Globo de Ouro como melhor atriz de cinema em musical. A Billboard Magazine nomeou Irene como nova artista top, enquanto a Cashbox Magazine premiou-a em duas categorias: vocalista mais promissora e vocalista top.
Quando
Fame passou a série de televisão, alguns anos mais tarde, Irene Cara foi procurada pelos produtores para retomar seu papel como
Coco Hernandez. Porém, ela recusou, sentindo que já havia feito tudo o que podia pela
Coco no filme e, diante da possibilidade de abandonar o
papel a qualquer momento, se a série de
televisão falhasse. Como resultado,
Erica Gimpel atuou em seu lugar, devido à sua semelhança física com Irene. Entretanto, Irene fez uma participação especial num episódio de
1983, como uma aluna de sucesso da escola de artes, cantando
Why Me?, o seu
single do momento.
Em
1982, Irene levou um
Image Award de melhor atriz quando fez, com
Diahann Carroll e
Rosalind Cash, um filme da
NBC, chamado Maya Angelou's Sister. Irene foi Myrlie Evers-Williams num filme da PBS TV sobre a líder dos
direitos civis Medgar Evers
, em For Us the Living: The Medgar Evers Story, e ainda foi nomeada para melhor atriz no
NAACP Image Award.
O seu outro filme de sucesso relevante após
Fame foi
Killing 'em Softly (
Prazer à Toda Prova), com participação de
Nicholas Campbell e
George Segal. Para o filme, Irene gravou duas canções:
City Nights e
Killing Em' Softly, num dueto com George Segal.
Irene também foi convidada para estrelar sua própria série de televisão, intitulada
Irene, na NBC, em 1981. Mesmo recebendo críticas favoráveis, a série perdeu audiência para outros espetáculos e foi cancelado. O elenco contava com as atrizes veteranas
Kaye Ballard e
Teddy Wilson, além das estreantes
Julia Duffy e
Keenan Ivory Wayans.
Em
1983, à convite de
Giorgio Moroder, Irene Cara atuou, como ela própria, no filme
D.C. Cab, sobre um grupo de amigos que eram motoristas de
táxi, estrelando
Mr T. como um fã obsessivo de Irene, a ponto transformar o porta-malas do táxi num santuário para ela.
Além de cantar e atuar em filmes, Irene continuou a se apresentar ao vivo e promovendo espetáculos durante esse período.
Flashdance... What A Feelin'
Em 1983, Irene alcançou o topo da sua carreira musical com Flashdance…What A Feelin', canção-tema do filme Flashdance, composta em parceria com Giorgio Moroder e Keith Forsey. Irene compôs as letras da canção com Keith Forsey enquanto dirigia o carro, a caminho do estúdio em Nova Iorque e, sozinha, compôs a música.
Irene admitiu mais tarde que no início esteve relutante em trabalhar para Giorgio Moroder, com receio de que as pessoas estabelecessem comparações entre ela e
Donna Summer, com quem Giorgio havia trabalhado até então. O resultado foi um álbum que conquistou diversos prémios. Irene levou o Óscar por melhor canção em 1983, o Grammy Award por melhor performance pop vocal feminino em
1984, o Globo de Ouro por melhor canção original, melhor cantora pop feminina de singles, melhor cantora pop negra contemporânea de singles, melhor artista pop negra
crossover contemporânea de singles, canção pop do ano e o
American Music Awards, como melhor artista feminina de R&B e melhor canção pop do ano.
Era pós-Flashdance
Em 1984, Irene foi convidada para atuar ao lado de
Clint Eastwood e
Burt Reynolds na comédia
western City Heat (
Cidade Ardente), outra produção que lhe valeu grande sucesso de público. Para a
banda sonora, ela compôs a canção-título
City Heat, em parceria com Bruce Roberts e cantada por
Joe Williams, além de cantar
Embraceable You (clássico de
George Gershwin) e
Get Happy.
Em
1985 atuou, ao lado de
Tatum O'Neal, no filme de ação
Certain Fury (
Choque Mortal), para o qual gravou o tema romântico
A Certain Fury, de sua autoria com Tony Prendatt. A produção contou com a participação de
Peter Fonda e conquistou a simpatia do público.
No ano seguinte protagonizou, ao lado de Paul Coufos, o drama
Busted Up, dirigido por
Conrad Palmisano, com quem veio a se casar nesse mesmo ano. A banda sonora do filme contou com três canções de Irene:
Busted Up, um dueto com
Gordon Grody,
Dying For Your Love e
I Can't Help Feeling Empty, também da sua autoria. Apesar da produção excelente, o filme não obteve o êxito de bilheteira esperado e acirrou ainda mais os atritos entre ela e a gravadora.
O facto é que a
Network Records, gravadora pela qual Irene trocou a
Elektra em 1982, foi vendida para a
Geffen em 1984, após o dono se tornar um dos sócios maioritários e levá-la consigo sem consultá-la antes. Na verdade, houve quebra de contrato e a Geffen quis pagar-lhe somente 183 dólares pelo sucesso de
What a Feelin'. Irene, descontente, resolveu deixar a Geffen para ingressar numa outra gravadora, a
EMI. A partir daí a questão se tornou judicial: Geffen alegava que Irene era contratada sua e não podia assinar com mais ninguém. Irene, por sua vez, alegava que havia sido enganada. O facto é que Irene não pôde assinar com a EMI e sofreu embargo da Geffen por vários anos, que impediu o lançamento de suas canções nas bandas sonoras de fílmes, assim como a gravação de um terceiro álbum.
Em
1987 obteve concessão da justiça para que voltasse à Elektra. Produzido por George Duke, o seu terceiro álbum
Carasmatic fracassou nas vendas, e o hit
Girlfriends não teve sucesso.
Pelo mesmo caminho seguiu a sua última produção
hollywoodiana, o filme
Caged in Paradiso (
Presas em Paradiso), que estreou em 1990 e foi um fracasso de bilheteira.
Vindo o divórcio com Conrad Palmisano, em
1991, Irene passou a se dedicar apenas ao
teatro, gravações esporádicas em filmes e dobragens de
desenhos animados. Na Broadway, interpretou
Maria Madalena na peça
Jesus Christ Superstar, de
Andrew Lloyd Webber, em
1993, ano em que também dobrou a Branca de Neve no
longa-metragem Happily Ever After, uma espécie de continuação do clássico da
Disney.
Em
1995, após dez anos de espera, saiu o resultado do processo movido por Irene, e a justiça lhe concedeu-lhe uma indemnização milionária pelo prejuízo na carreira.
Atualmente
Irene nunca parou de cantar, embora a maioria das suas apresentações fossem relegadas somente a países da
Europa e
Ásia, nos
anos 90. Em
1997, o sucesso
All My Heart, composto exclusivamente para ela por Michele Vice, ganhou diversas remisturas e chegou ao
Top Ten dance hits nas rádios da
França,
Itália e
Alemanha, sucessivamente.
No ano seguinte, Irene Cara fundou a sua própria gravadora, a
Caramel Records, cujo selo foi inaugurado com a criação do grupo
Hot Caramel, desde então vindo a trabalhar na produção de um CD independente e apresentando-se em diversas cidades americanas. Com a nova roupagem dada ao sucesso
What a Feeling pelo DJ Bobo, e a gravação de um clip no qual os dois cantam juntos no verão de
2001, Irene voltou novamente às paradas de sucesso e teve a oportunidade de viajar com a
Hot Caramel por diversos países da Europa, apresentando o repertório do que ainda será o primeiro CD do grupo.
Irene recebeu duas homenagens pela sua carreira, em março de
2004, com a inclusão de seu nome no
Ciboney Cafe's Hall of Fame, e um
Lifetime Achievement Award, concedido no 6º
Prestige Awards anual.
Em junho de
2005, Irene foi a vencedora do terceiro círculo da série da NBC
Hit Me Baby One More Time, que transmitiu ao vivo para todo os Estados Unidos, a sua performance de
Flashdance (What a Feeling) e o
cover I'm Outta Love, da cantora
Anastacia, à frente do grupo
Hot Caramel.
Atualmente vive na
Flórida e continua a trabalhar na produção de um novo álbum, chamado
Irene Cara Featuring Hot Caramel, em que parte do reportório já foi gravado.