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sexta-feira, agosto 11, 2023

Notícia interessante sobre evolução e plantas...

Paleontólogos identificam fóssil de flor com 170 milhões de anos

   

 

   

Uma equipa de cientistas chineses identificou o fóssil de uma planta com cerca de 170 milhões de anos, tornando-a no mais antiga angiospérmica conhecida no noroeste da China.

A equipa da Academia Chinesa de Ciências Instituto de Geologia e Paleontologia de Nanjing, da Universidade de Lanzhou, do Museu Geológico de Ningxia e da Universidade do Noroeste anunciou recentemente a descoberta revolucionária na Life.

No estudo, citado pelo All That’s Interesting, os investigadores relataram ter encontrado botões de flores num fóssil com 17 milímetros de comprimento por nove milímetros de largura, com formato oval, ligados a um talo de 15 milímetros.

O líder do estudo, Wang Xin, disse ao Global Times que o fóssil pertencia a um grupo de plantas conhecidas como angiospérmicas, as plantas mais evoluídas e diversificadas da Terra. “Existem mais de 300.000 espécies de angiospérmicas no mundo atual”, referiu.

Este não foi, porém, o primeiro estudo a examinar este fóssil com 170 milhões de anos. Em 1998, os investigadores examinaram-no e classificaram a planta como uma gimnospérmica, uma planta com sementes desprotegidas por flores ou frutos, semelhante a coníferas. Essa equipa deu-lhe o nome Drepanolepis formosa Zhang.

No entanto, uma nova análise do fóssil com recurso a tecnologia micro-CT – uma técnica de raios X que captura estruturas 3D com resolução à escala de micrómetros – revelou que a planta tinha na realidade um pequeno óvulo invertido protegido por uma camada exterior resistente. Esta é uma característica das angiospérmicas.

Com base nesta nova informação, a equipa deu um novo nome à flor: Qingganninginfructus formosa.

“A Qingganninginfructus formosa é encontrada em grandes quantidades numa vasta área no noroeste da China, incluindo Qinghai, Gansu, e Ningxia. A sua descoberta indica que as angiospérmicas surgiram e foram amplamente distribuídas já há cerca de 170 milhões de anos, ou seja, durante o Jurássico Médio, e atingiram um certo grau de prosperidade. Fornece também uma nova base de referência para a comunidade científica continuar a rastrear a origem e evolução das angiospérmicas”, disse Xin.

A época do Jurássico Médio foi marcada por uma mudança significativa na topografia da Terra. A Pangeia tinha começado a dividir-se e a vida terrestre e marinha também viu evoluções.

Curiosamente, este período foi também definido por uma abundância de gimnospérmicas, especificamente coníferas. Esta informação torna a classificação original de 1998 talvez mais compreensível – e também torna a Qingganninginfructus formosa uma planta mais única para o seu tempo.

terça-feira, dezembro 27, 2022

Notícia interessante sobre descoberta paleontológica em Portugal

Investigador da Universidade de Coimbra descobre fóssil de nova espécie de conífera 

A nova espécie Pseudofrenelopsis zlatkoi foi identificada em flora do Cretácico Inferior do Juncal, no distrito de Leiria. 


Escala (1) - 3 mm, (2, 3) - 1 mm

 

Um investigador do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) descobriu uma nova espécie de conífera atribuível à família Cheirolepidiaceae. A nova espécie Pseudofrenelopsis zlatkoi foi identificada em flora do Cretácico Inferior do Juncal, no distrito de Leiria, tendo sido dedicada a Zlatko Kvaček, antigo professor da Universidade de Charles, Praga, República Checa.

De acordo com Mário Miguel Mendes, investigador do MARE/UC, esta nova espécie assemelha-se bastante a uma outra cheirolepidiácea, Pseudofrenelopsis parceramosa, mas difere por apresentar cutícula mais fina, áreas nodais expandidas e entrenós sulcados. «Pseudofrenelopsis zlatkoi é caracterizada por apresentar entrenós sulcados e a sua morfologia é espelhada na disposição das estruturas epidérmicas, tendo geralmente cristas construídas por células epidérmicas ordinárias alongadas», revela.

«A nova espécie Pseudofrenelopsis zlatkoi pertence a uma família de coníferas já extinta - Cheirolepidiaceae. Os frenelopsídeos são extremamente importantes porque, a par dos pólenes que produzem, atribuíveis ao género Classopollis, dão indicações ambientais muito precisas, nomeadamente, a existência de ambientes secos e áridos», afirma o cientista da FCTUC.

Esta investigação, centrada no estudo das floras do Cretácico português no sentido de compreender a composição florística existente à época e, consequentemente, as condições paleoclimáticas que presidiram à radiação e diversificação das angiospérmicas, tem vindo a ser desenvolvida em parceria com diversas instituições internacionais, designadamente o Swedish Museum of Natural History de Estocolmo (Suécia), a Universidade de Aarhus (Dinamarca), a Universidade de Yale (Estados Unidos da América) e o National Museum Prague (República Checa).

«Os nossos trabalhos prendem-se, fundamentalmente, com o estudo da evolução das angiospérmicas (plantas com flor) e Portugal tem uma geologia com características únicas que possibilitam acompanhar as principais etapas de evolução da flora, pois, salvo algumas lacunas, estão representadas rochas com registo fossilífero desde o Proterozóico Superior até ao período atual», conclui Mário Miguel Mendes.

Este estudo teve o financiamento das instituições internacionais envolvidas, bem como, da sua unidade de I&D, o MARE/ARNET da Universidade de Coimbra.

 

in Notícias UC

domingo, janeiro 05, 2014

Há novos dados sobre a evolução e aparecimento das angiospérmicas

Genoma de árvore transporta-nos até às primeiras plantas com flor
Nicolau Ferreira - 03.01.2014

Flor feminina da Amborella
Amborella em fruto
Flor masculina da Amborella


Estudado o genoma de planta que só vive na Nova Caledónia. É a única de uma linhagem que surgiu no início da evolução das plantas com flor.

As angiospérmicas, as plantas com flor, uma presença constante quando se olha para um jardim, prado ou floresta, são a última grande invenção da natureza na evolução das plantas. Charles Darwin, um dos pais do evolucionismo, chamou “um mistério abominável” ao aparecimento e rápida disseminação deste grupo de plantas que hoje reúne 350.000 espécies e é um pouco mais recente do que os dinossauros. Esse mistério foi agora parcialmente desvendado.
Um projecto internacional sequenciou o genoma da Amborella trichopoda, uma pequena árvore, com dois a três metros de altura, que apenas existe na ilha principal da Nova Caledónia, a Grande Terra, e é a única espécie descendente de uma linhagem muito antiga das plantas com flor. Há cerca de 200 milhões de anos deu-se um fenómeno de duplicação de genoma numa planta superior, que foi depois essencial para o aparecimento das plantas com flor. Esse fenómeno foi comprovado pela análise do genoma da Amborella trichopoda, onde a duplicação ainda é visível no seu genoma, conclui um dos três artigos publicados na revista Science, que trazem os resultados deste projecto internacional.

Existem apenas 18 populações da Amborella trichopoda, todas nas regiões montanhosas da maior ilha da Nova Caledónia, um arquipélago francês que fica na região mais a sul da Melanésia, no oceano Pacífico e a leste da Austrália. Pensa-se que o antepassado desta planta se tenha separado do restante ramo das plantas com flor há 160 milhões de anos. As características genéticas que partilha com o resto das angiospérmicas surgiram numa altura inicial da evolução das plantas com flor.

“Da mesma forma que o genoma do ornitorrinco – um sobrevivente de uma linhagem antiga [de mamíferos] – pode ajudar no estudo da evolução dos mamíferos, o genoma sequenciado da Amborella pode ajudar a descobrir a evolução de todas as flores”, explica Victor Albert, da Universidade de Búfalo, estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos, que pertence ao grupo que estudou a citogenética desta planta, um dos sete grupos do Projecto do Genoma da Amborella.

O fóssil mais velho de uma planta com flor encontrado tem entre 135 e 130 milhões de anos, mas pensa-se que as angiospérmicas tenham aparecido há mais de 160 milhões de anos. Nessa altura, a Terra estava no final do Jurássico, o período do meio da era dos dinossauros, onde as florestas de coníferas (o pinheiro faz parte deste grupo de plantas) eram dominantes. Mas no final Cretácico, o último período onde os dinossauros caminharam na Terra, as plantas com flores já eram dominantes.

Depois dos fetos com o seu sistema vascular e folhas, depois das gimnospérmicas com os seus estróbilos, como as pinhas, e sementes, como os pinhões, a Terra foi dominada por plantas que mostram o seu sistema reprodutor nas belas flores, que envelhecem e caem para dar lugar a frutos, muitas vezes vistosos, que envolvem as sementes. Hoje, a alimentação do homem seria completamente diferente se este ramo da evolução não existisse, já que as espécies agrícolas e hortícolas são, na grande generalidade, angiospérmicas.

A duplicação do genoma

O resto da história dos mais de 160 milhões de anos das plantas com flor está carregado de duplicações de genoma. Mas a Amborella trichopoda, como é uma linhagem separada e muito antiga, não apresenta esses fenómenos. Por isso, os cientistas observaram no seu genoma uma outra duplicação, que já se pensava existir, e que aconteceu antes do aparecimento das plantas com flor, há cerca de 200 milhões de anos.

“A duplicação do genoma pode, por isso, oferecer uma explicação sobre o ‘abominável mistério’ de Darwin – a proliferação aparentemente abrupta de novas espécies de plantas com flor nos registos fósseis durante o período Cretácico”, explica por sua vez Claude dePamphilis, da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos.

Através do genoma desta planta, estima-se que o antepassado de todas as plantas com flor tivesse ao todo 14.000 genes que codificam para proteínas. Destes, 1179 genes eram novos e surgiram graças à duplicação genómica. Alguns destes genes são importantes para a floração, para a produção de madeira e para a resposta ao stress, como a predação feita pelos herbívoros. Muitos outros genes já existiam, mas ganharam novas funções nestas plantas. “Como único membro existente de uma linhagem antiga, a Amborella é uma janela única para os primeiros fenómenos da evolução das angiospérmicas”, lê-se na conclusão do artigo.