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sexta-feira, outubro 18, 2013

Notícia sobre o mercado legal e ilegal de fósseis...

Quer comprar um dinossauro de 17 metros?

O esqueleto vai a leilão a 27 de novembro

Leiloeira britânica vai pôr à venda um esqueleto completo de um saurópode, que foi descoberto nos EUA por duas crianças, filhas de um caçador de fósseis.

Aquele oásis era um paraíso para os animais cheios de sede devido à intensa seca, mas acabou por se revelar uma armadilha para todos os que ficaram presos nas suas lamas finas. Misty, como agora lhe chamam, estava longe de imaginar que, 150 milhões de anos depois, a iriam colocar à venda num leilão britânico, a mais de sete mil quilómetros de distância do leito de sedimentos prensados de onde foi retirada.
Esse lago jurássico aprisionou vários dinossauros, tanto herbívoros como carnívoros, que têm sido gradualmente descobertos pela empresa Dinosauria International, na Pedreira de Dana, no Wyoming, Estados Unidos.
Num dia de escavação, em 2009, o caçador de fósseis Raimund Albersdörfer, presidente da empresa, fez-se acompanhar dos dois filhos, de 11 e 14 anos, mas ficaram numa área afastada para que não perturbassem a escavação. "Ele [Raimund Albersdörfer] indicou-lhes um local, suficientemente perto mas fora da zona da escavação, onde supôs que houvesse apenas alguns fragmentos de menor importância. Mas eles [os filhos] voltaram ao fim do dia dizendo que tinham encontrado um osso enorme”, conta à CNN Errol Fuller, curador na leiloeira Summer Place, da coleção de história natural que vai a leilão, no próximo mês.
Ao fim de nove semanas de escavação, os cientistas conseguiram retirar o esqueleto completo de um Diplodocus longus, um dos maiores animais que alguma vez caminharam no nosso planeta. O saurópode, um herbívoro quadrúpede, de cauda e pescoço longos, tem 17 metros de comprimento e seis metros de altura. Chamaram-lhe Misty, porque a zona da pedreira onde a encontraram foi considerada “misteriosa”. Ao contrário do que se supunha, é rica em fósseis.

Meia dúzia de esqueletos completos
Estima-se que existam apenas seis esqueletos completos desta espécie em todo o mundo. O famoso Dippy, o esqueleto de Diplodocus à entrada do Museu de História Natural de Londres é uma réplica do exemplar do Museu Carnegie de História Natural em Pittsburgh, na Pensilvânia (EUA), e mesmo este resulta da combinação dos esqueletos de dois indivíduos, conforme revela o comunicado da leiloeira Summer Place.
A primeira viagem da Misty foi para chegar a um laboratório na Holanda, onde os seus ossos foram preparados por especialistas em fósseis, e agora viaja até Billingshurst, no Reino Unido, onde fará parte da colecção que será leiloada pela Summer Place a 27 de Novembro. Este exemplar é um gigantesco puzzle tridimensional, que ficará fixo por uma estrutura metálica. “Foi especialmente concebido para poder ser montado e desmontado”, diz Errol Fuller. “Nenhuma das peças é tão pesada que não possa ser transportada por duas pessoas.”
Este esqueleto, com um valor estimado entre 470 mil e 700 mil euros, faz parte da colecção Evolução, uma colecção de história natural, com peças antigas e modernas, que inclui ainda um fóssil de Ichthyosaurus (réptil marinho) com 150 milhões de anos, ossos de dodó (ave da ilha Maurícia extinta pelo homem no século XVII), outros fósseis, animais embalsamados, minerais e rochas.
Este espécime de saurópode, escavado na América do Norte e à venda na Europa, poderá ser comprado por algum magnata ou um museu de qualquer parte do mundo. Isto levanta questões sobre as restrições impostas pelos Estados Unidos à venda de fósseis encontrados no país. Errol Fuller alega que, como este fóssil foi descoberto numa propriedade privada, não estará sujeito a essas normas. Já nos anos de 1990 um problema semelhante tinha surgido com o fóssil de um Tyrannosaurus rex encontrado na propriedade privada de um índio sioux. O Governo norte-americano ainda confiscou os ossos, mas acabou por perder a causa e o dinossauro foi vendido em leilão por mais de seis milhões de euros.
Já este ano, as autoridades americanas tiveram de entregar à Mongólia um tiranossauro asiático (Tyrannosaurus bataar) que tinha sido roubado do país de origem e leiloado online por uma empresa com sede em Dallas, no Texas.

quinta-feira, maio 09, 2013

Notícia sobre Paleontologia e Contrabando com final feliz e moral

EUA devolvem tiranossauro roubado à Mongólia
Esqueleto com 70 milhões de anos vai regressar ao país de origem, de onde foi contrabandeado


Esteve no centro de uma polémica: depois de vendido em leilão em Nova Iorque, por mais de um milhão de dólares, ou 835 mil euros, a concretização da venda estava dependente do esclarecimento das suspeitas de contrabando que pendiam sobre ele. O caso ficou agora arrumado: o esqueleto de um tiranosauro asiático, o Tyrannosaurus bataar, foi realmente roubado da Mongólia e as autoridades norte-americanas entregaram-no esta segunda-feira, em Nova Iorque, às autoridades do país de origem.
O fóssil quase completo do Tyrannosaurus bataar, o primo asiático do famoso Tyrannosaurus rex, foi vendido em Maio de 2012 pela Heritage Auctions, leiloeira norte-americana especializada em leilões pela Internet. A base de licitação era então de 875 mil dólares ou 671 mil euros.
Antes da venda, o Presidente da Mongólia, Elbegdorj Tsakhia, emitiu um comunicado, no qual pedia à comunidade científica internacional que ajudasse a identificar a origem do fóssil. Um representante da Mongólia nos Estados Unidos também obteve uma providência cautelar de um juiz em Dallas, no Texas, onde a leiloeira tem a sua sede, para tentar impedir a venda do tiranossauro, até que a sua proveniência estivesse determinada.
O único sítio do mundo onde o Tyrannosaurus bataar é conhecido é na Mongólia. Viveu há 70 milhões de anos, era um pouco mais pequeno do que o Tyrannosaurus rex. Classificado há pouco tempo como tiranossauro, ultrapassava os sete metros de comprimento, tinha quase dois metros e meio de altura e estava dotado de mandíbulas e dentes poderosos. Tal como o tiranossauro americano, o asiático tinha duas patas fortes e os membros dianteiros eram invulgarmente curtos. Nas informações disponibilizadas sobre o fóssil, o corpo do animal está completo em 75% e o crânio em 80%.
Apesar da providência cautelar, a leiloeira foi para a frente com o leilão, considerando que essa acção judicial não tinha validade no estado de Nova Iorque. Disse ainda que dinossauro tinha sido descoberto no deserto de Gobi, na Ásia Central, e que tinha “garantias” de que tinha sido obtido dentro da lei, embora não revelasse o local exacto da descoberta, nem o nome do vendedor inicial.
Só que a concretização da venda acabou por ficar dependente destas questões legais. Tudo se deslindou entretanto. “Há quase um ano, este Tyrannosaurus bataar foi vendido num leilão na cidade de Nova Iorque por mais de um milhão de dólares, mas agora sabemos que fazia parte de um plano criminoso”, disse o procurador Preet Bharara, em comunicado, segundo o jornal espanhol El Mundo.
Na sequência da investigação, Eric Prokopi, um negociante de fósseis da Florida, admitiu ter contrabandeado o esqueleto do dinossauro. O Tyrannosaurus bataar entrou nos Estados Unidos em 2010, vindo do Reino Unido, onde já se sabia ter estado depois da saída da Mongólia. Agora regressará à origem. Final feliz para esta história.