Nascido em família
nobre, Magalhães era inquieto por natureza: queria ver o mundo e explorá-lo. Em
1506 ele viajou para as
Índias Ocidentais, participando de várias expedições militares nas
Molucas, também conhecidas como as Ilhas das Especiarias.
Fernão de Magalhães nasceu no norte de Portugal, na cidade de
Sabrosa por volta de
1480. A vila de
Sabrosa, a freguesia da Sé do
Porto,
Vila Nova de Gaia e
Ponte da Barca reclamam a sua naturalidade.
Era filho de Rui de Magalhães e de Inês Vaz Moutinho. Irmão de Duarte
de Sousa, Diogo de Sousa, Isabel de Magalhães, Genebra de Magalhães e
Aires de Magalhães. Aires de Magalhães, que seguiu uma carreira
eclesiástica, recebeu ordens de epístola em 1509 em Braga e, nessa
matrícula, seus pais acima nomeados são ditos moradores na Sé do Porto.
Seu pai, Rui de Magalhães, foi cavaleiro fidalgo da casa de D. Afonso,
conde de Faro, senhor de Aveiro e alcaide mor de Estremoz. Rui de
Magalhães terá sido alcaide de Aveiro onde está documentado em 1486.
Entre Junho de 1472 e Junho de 1488 está documentado no Porto onde
exerce os cargos de juiz ordinário, procurador da câmara e vereador.
Foram seus avós maternos Pedro Vaz Moutinho, cidadão do Porto, cidade
onde foi vereador, e Inês Gonçalves de Mesquita. Tinha cerca de dez anos
quando Magalhães se tornou pajem da corte da Rainha D.
Leonor,
consorte de D. João II. Casou em Sevilha em Dezembro de 1517 com
Beatriz Barbosa, sua parente, filha de Diogo Barbosa e de Maria
Caldeira, e teve dois filhos: Rodrigo que faleceu muito novo e Carlos
que faleceu ao nascer.
Em Março de 1505, com 25 anos, alistou-se na
Armada da Índia, na frota de 22 navios enviada para instalar D.
Francisco de Almeida como primeiro
vice-rei da Índia. Embora o seu nome não figure nas crónicas, sabe-se que ali permaneceu oito anos, e que esteve em
Goa,
Cochim e
Quíloa. Participou em várias batalhas, incluindo a batalha naval de
Cananor em 1506, onde foi ferido, e a decisiva
batalha de Diu. Em 1509 partiu com
Diogo Lopes de Sequeira na primeira embaixada a
Malaca, onde seguia também
Francisco Serrão, seu amigo e possivelmente primo.
Chegados a Malaca em Setembro, foram vítimas de uma conspiração e a
expedição terminou em fuga, na qual Magalhães teve um papel crucial
avisando Sequeira e salvando Francisco Serrão que havia desembarcado.
Para trás ficaram dezanove prisioneiros. A sua actuação valeu-lhe honras
e uma promoção.
Ao serviço do novo governador,
Afonso de Albuquerque,
participou junto com Serrão na conquista de Malaca em 1511. Após a
conquista da cidade os seus caminhos separaram-se: Magalhães promovido,
com um rico saque e na companhia de um escravo malaio, regressou. Serrão
partiu na primeira expedição enviada às "ilhas das especiarias", nas
Molucas. Aí permaneceu e casou com uma mulher de
Amboina, tornando-se conselheiro militar do sultão de
Ternate (Indonésia).
As suas cartas para Magalhães seriam decisivas, que dele obteve
informações quanto à situação dos lugares produtores de especiarias.
Fernão de Magalhães, após se ausentar sem permissão, perdeu influência.
Em serviço em Azamor (Marrocos) foi depois acusado de comércio ilegal
com os mouros, com várias das acusações comprovadas cessaram as ofertas
de emprego a partir de 15 de Maio de 1514. Mais tarde, em 1515, surgiu
uma oferta para membro da tripulação de um navio de Português, mas
Magalhães rejeitou-a. Em Lisboa dedicou-se a estudar as mais recentes
cartas, investigando uma passagem para o pacífico pelo Atlântico Sul e a
possibilidade de as Molucas estarem na zona espanhola definida pelo
Tratado de Tordesilhas, em parceria com o cosmógrafo
Rui Faleiro.
Circum-navegação
Em
1517 foi a
Sevilha com
Rui Faleiro, tendo encontrado no feitor da "
Casa de la Contratación"
da cidade um adepto do projecto que entretanto concebera: dar a Espanha
a possibilidade de atingir as Molucas pelo Ocidente, por mares não
reservados aos portugueses no
Tratado de Tordesilhas e, além disso, segundo Faleiro, provar que as ilhas das especiarias se situavam no hemisfério castelhano.
Com a influência do bispo de
Burgos conseguiram a aprovação do projecto por parte de
Carlos V, e começaram os morosos preparativos para a viagem, cheios de incidentes; o cartógrafo de origem portuguesa
Diogo Ribeiro que começara a trabalhar para Espanha em 1518, na
Casa de Contratación em
Sevilha participou no desenvolvimento dos
mapas
utilizados na viagem. Depois da ruptura com Rui Faleiro, Magalhães
continuou a aparelhagem dos cinco navios que, com 256 homens de
tripulação, partiram de
Sanlúcar de Barrameda em
20 de Setembro de
1519.
A esquadra tinha cinco navios e uma tripulação total de 234 homens, com
cerca de 40 portugueses entre os quais Álvaro de Mesquita, primo
co-irmão de Magalhães,
Duarte Barbosa, primo da mulher de Magalhães,
João Serrão, primo ou irmão de Francisco Serrão e
Estevão Gomes. Seguia também
Henrique de Malaca.
Antonio Pigafetta,
escritor italiano que havia pago do seu próprio bolso para viajar com a
expedição, escreveu um diário completo de toda a viagem, possibilitado
pelo facto de Pigafetta ter sido um dos 18 homens a retornar vivo para a
Europa. Dessa forma, legou à posteridade um raro e importante registo
de onde se pode extrair muito do que se sabe sobre este episódio da
história.
A armada fez escala nas
ilhas Canárias e alcançou a costa da
América do Sul, chegando em
13 de dezembro ao
Rio de Janeiro. Prosseguindo para o sul, atingiram
Puerto San Julian à entrada do estreito, na extremidade da atual costa da
Argentina,
onde o capitão decidiu hibernar. Irrompeu então uma revolta que ele
conseguiu dominar com habilidosa astúcia. Após cinco meses de espera,
período no qual a "Santiago" foi perdida em uma viagem de
reconhecimento, tendo os seus tripulantes conseguido ser resgatados,
Magalhães encontrou o estreito que hoje leva seu nome, aprofundando-se
nele. Em outra viagem de reconhecimento, outra nau foi perdida, mas
desta vez por um motim na "San Antonio" onde a tripulação aprisionou o
seu capitão Álvaro de Mesquita, primo de Magalhães, e iniciou uma viagem
de volta com o piloto
Estêvão Gomes (realmente estes completaram a viagem, espalhando ofensas contra Fernão de Magalhães na Espanha).
Apenas em Novembro a esquadra atravessaria o
Estreito, penetrando nas águas do Mar do Sul (assim baptizado por
Balboa), e batizando o oceano em que entravam como
«Pacífico»
por contraste às dificuldades encontradas no Estreito. Depois de cerca
de quatro meses, a fome, a sede e as doenças (principalmente o
escorbuto) começaram a dizimar a tripulação. No
Pacífico que encontrou as nebulosas que hoje ostenta o seu nome - as
Nuvens de Magalhães.
Em março de
1521, alcançaram a ilha de Ladrões no actual arquipélago de
Guam,
chegando à ilha de Cebu nas atuais ilhas Filipinas em 7 de abril.
Imediatamente começaram com os nativos as trocas comerciais; boa parte
das grandes dificuldades da viagem tinham sido vencidas. Dias depois,
porém, Fernão de Magalhães morreu em combate com os nativos na ilha de
Mactan, atraído a uma emboscada.
A expedição prosseguiu sob o comando de
João Lopes Carvalho, deixando Cebu no início de março de 1522. Dois meses depois, seria comandada por Juan Sebastián Elcano.