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sábado, março 16, 2024

Os humanos fabricavam cordas no Paleolítico superior...

 Varinha mágica intrigou cientistas durante décadas. A sua função foi agora descoberta

  

Visualizações de vários ângulos do bastão encontrado na caverna de Hohle Fels

 

Um novo estudo fornece uma explicação plausível para a finalidade de um misterioso artefacto da Idade do Gelo, que anteriormente se especulava que poderia ter sido usado como uma “varinha mágica” ou um símbolo de poder do oculto.

Descoberto na caverna de Hohle Fels, no sudoeste da Alemanha, o artefacto, feito de marfim de mamute e datado de há 40.000 anos atrás, intriga cientistas há décadas.

Os arqueólogos consideraram inicialmente que se trataria de uma “varinha mágica” para uso em rituais religiosos, um cetro ou até mesmo um instrumento musical devido à sua forma pontiaguda e buracos perfurados.

Mas a verdadeira função do artefacto acaba agora de ser finalmente revelada, após um estudo conduzido por Nicholas Conard, investigador da Universidade de Tübingen, na Alemanha, e Veerle Rots, da Universidade de Liège, na Bélgica.

Segundo os autores do estudo, publicado no fim de janeiro na revista Science Advances, o artefacto não era um instrumento de feitiçaria - seria na realidade uma ferramenta prática para fazer cordas - um objeto essencial na vida dos humanos do Paleolítico.

Dada a natureza perecível de materiais como fibras de plantas, as evidências para o fabrico de cordas na era Paleolítica têm sido escassas.

No entanto, o estado bem preservado deste artefacto, juntamente com fibras de plantas encontradas no local, apoiou a hipótese de que seria uma ferramenta para a criação de cordas.

A importância da corda na Idade da Pedra, para tarefas que vão desde a segurança de armas até a confeção de roupas, implica a existência de tecnologia para produzi-la eficientemente.

Para validar a sua hipótese, Conard e Rots criaram uma réplica do artefacto e realizaram experiências com vários materiais, incluindo tendões de veado, cânhamo, linho e urtigas.

Os investigadores descobriram que as fibras de junco, tília e salgueiro produziram os melhores resultados, possibilitando a criação de cordas duráveis e flexíveis.

Através dos seus testes, os investigadores demonstraram que o artefacto poderia realmente facilitar a criação de cordões mais grossos, aumentando a eficiência da produção das cordas paleolíticas.

Embora replicar o uso do artefacto não prove conclusivamente o seu propósito original, a combinação de análise microscópica das ranhuras do artefacto e a presença de fibras de plantas no local fornecem evidências convincentes que suportam a teoria da fabricação de cordas.

“Esta ferramenta responde a uma questão que intrigava os cientistas há décadas: como é que se faziam cordas no Paleolítico“, explica Veerle Rots, citado pelo Science Alert.

Dois mistérios resolvidos com um só estudo?

 

in ZAP

terça-feira, setembro 12, 2023

A gruta de Lascaux foi descoberta há 83 anos...!

  
Lascaux é um complexo de cavernas ao sudoeste da França, famoso pela suas pinturas rupestres. A disposição da caverna, cujas paredes estão pintadas com bovídeos, cavalos, cervos, cabras selvagens, felinos, entre outros animais, permite pensar que tratar-se de um santuário. As investigações levadas a cabo durante os últimos decénios permitem situar a cronologia das pinturas no final do Solutrense e princípio do Madalenense, ou seja, 17.000 anos AP
  
Geografia e contexto geológico
A gruta fica no Périgord, na comuna de Montignac (Dordonha), a quarenta quilómetros a Sudeste de Périgueux.
Abre-se sobre a margem esquerda do rio Vézère, numa colina calcária do Cretáceo superior. Contrariamente a muitas outras cavernas da região, a de Lascaux, na França, é relativamente «seca». Com efeito, uma camada de argila impermeável isola-a de qualquer infiltração de água, impedindo novas formações de concreções calcárias, etc.
  
Descoberta
Foi descoberta no dia 12 de setembro de 1940 por quatro adolescentes: Marcel Ravidat, Jacques Marsal, Georges Agnel e Simon Coencas, que avisaram ao seu antigo professor, Léon Laval. O pré-historiador Henri Breuil, refugiado na zona durante a ocupação nazi, foi o primeiro especialista que visitou Lascaux, em 21 de setembro de 1940, em companhia de Jean Bouyssonnie e André Cheynier. H. Breuil foi também o primeiro em autenticá-la, descrevê-la e estudá-la. De seguido, realizou os primeiros cópias dos desenhos (calcos) desde fins de 1940, passando vários meses in situ para analisar as obras, que atribuiu ao período perigordiano.
Depois de passar vários anos na Espanha, Portugal e mesmo na África do Sul, voltou em 1949, prosseguindo às escavações com Séverin Blanc e Maurice Bourgon, ao pé da cena do poço, onde aguardava encontrar uma sepultura. O que tirou à luz foram pontas de azagaias, decoradas e feitas de chifre de rena
De 1952 a 1963, por encomenda de Breuil, foram efetuados novos levantamentos, sobre 120 m², de calcos por André Glory, que contabilizaram um total de 1.433 representações (hoje estão catalogadas 1.900).
Por essa mesma época, as representações parietais foram também estudadas por Annette Laming-Emperaire, André Leroi-Gourhan e, entre 1989 e 1999, por Norbert Aujoulat.
    
Classificação
A caverna foi classificada entre os monumentos históricos da França logo no ano da sua descoberta, a 27 de dezembro de 1940.
Em outubro de 1979, foi incluída no Património Mundial da UNESCO, com outros sítios e grutas ornamentadas do vale.
 
       in Wikipédia

segunda-feira, setembro 12, 2022

A gruta de Lascaux foi descoberta há 82 anos

  
Lascaux é um complexo de cavernas ao sudoeste da França, famoso pela suas pinturas rupestres. A disposição da caverna, cujas paredes estão pintadas com bovídeos, cavalos, cervos, cabras selvagens, felinos, entre outros animais, permite pensar que tratar-se de um santuário. As investigações levadas a cabo durante os últimos decénios permitem situar a cronologia das pinturas no final do Solutrense e princípio do Madalenense, ou seja, 17.000 anos AP
  
Geografia e contexto geológico
A gruta fica no Périgord, na comuna de Montignac (Dordonha), a quarenta quilómetros a Sudeste de Périgueux.
Abre-se sobre a margem esquerda do rio Vézère, numa colina calcária do Cretáceo superior. Contrariamente a muitas outras cavernas da região, a de Lascaux, na França é relativamente «seca». Em efeito, uma camada de argila impermeável isola-a de qualquer infiltração de água, impedindo novas formações de concreções calcárias, etc.
  
Descoberta
Foi descoberta no dia 12 de setembro de 1940 por quatro adolescentes: Marcel Ravidat, Jacques Marsal, Georges Agnel e Simon Coencas, que avisaram ao seu antigo professor, Léon Laval. O pré-historiador Henri Breuil, refugiado na zona durante a ocupação nazi, foi o primeiro especialista que visitou Lascaux, em 21 de setembro de 1940, em companhia de Jean Bouyssonnie e André Cheynier. H. Breuil foi também o primeiro em autenticá-la, descrevê-la e estudá-la. De seguido, realizou os primeiros cópias dos desenhos (calcos) desde fins de 1940, passando vários meses in situ para analisar as obras, que atribuiu ao período perigordiano.
Depois de passar vários anos na Espanha, Portugal e mesmo na África do Sul, voltou em 1949, prosseguindo às escavações com Séverin Blanc e Maurice Bourgon, ao pé da cena do poço, onde aguardava encontrar uma sepultura. O que tirou à luz foram pontas de azagaias, decoradas e feitas de chifre de rena
De 1952 a 1963, por encomenda de Breuil, foram efetuados novos levantamentos, sobre 120 m², de calcos por André Glory, que contabilizaram um total de 1.433 representações (hoje estão catalogadas 1.900).
Por essa mesma época, as representações parietais foram também estudadas por Annette Laming-Emperaire, André Leroi-Gourhan e, entre 1989 e 1999, por Norbert Aujoulat.
    
Classificação
A caverna foi classificada entre os monumentos históricos da França logo no ano da sua descoberta, a 27 de dezembro de 1940.
Em outubro de 1979, foi incluída no Património Mundial da UNESCO, com outros sítios e grutas ornamentadas do vale.
 
       in Wikipédia

domingo, setembro 12, 2021

A gruta de Lascaux foi descoberta 81 anos

  
Lascaux é um complexo de cavernas ao sudoeste da França, famoso pela suas pinturas rupestres.
A disposição da caverna, cujas paredes estão pintadas com bovídeos, cavalos, cervos, cabras selvagens, felinos, entre outros animais, permite pensar que tratar-se de um santuário. As investigações levadas a cabo durante os últimos decénios permitem situar a cronologia das pinturas no final do Solutrense e princípio do Madalenense, ou seja, 17.000 anos AP
  
Geografia e contexto geológico
A gruta fica no Périgord, na comuna de Montignac (Dordonha), a quarenta quilómetros a Sudeste de Périgueux.
Abre-se sobre a margem esquerda do rio Vézère, numa colina calcária do Cretáceo superior. Contrariamente a muitas outras cavernas da região, a de Lascaux, na França é relativamente «seca». Em efeito, uma camada de argila impermeável isola-a de qualquer infiltração de água, impedindo novas formações de concreções calcárias, etc.
  
Descoberta
Foi descoberta no dia 12 de setembro de 1940 por quatro adolescentes: Marcel Ravidat, Jacques Marsal, Georges Agnel e Simon Coencas, que avisaram ao seu antigo professor, Léon Laval. O pré-historiador Henri Breuil, refugiado na zona durante a ocupação nazi, foi o primeiro especialista que visitou Lascaux, em 21 de setembro de 1940, em companhia de Jean Bouyssonnie e André Cheynier. H. Breuil foi também o primeiro em autenticá-la, descrevê-la e estudá-la. De seguido, realizou os primeiros cópias dos desenhos (calcos) desde fins de 1940, passando vários meses in situ para analisar as obras, que atribuiu ao período perigordiano.
Depois de passar vários anos na Espanha, Portugal e mesmo na África do Sul, voltou em 1949, prosseguindo às escavações com Séverin Blanc e Maurice Bourgon, ao pé da cena do poço, onde aguardava encontrar uma sepultura. O que tirou à luz foram pontas de azagaias, decoradas e feitas de chifre de rena
De 1952 a 1963, por encomenda de Breuil, foram efetuados novos levantamentos, sobre 120 m², de calcos por André Glory, que contabilizaram um total de 1.433 representações (hoje estão catalogadas 1.900).
Por essa mesma época, as representações parietais foram também estudadas por Annette Laming-Emperaire, André Leroi-Gourhan e, entre 1989 e 1999, por Norbert Aujoulat.
    
Classificação
A caverna foi classificada entre os monumentos históricos da França desde o mesmo ano da sua descoberta, a 27 de dezembro de 1940.
Em outubro de 1979, foi incluída no Património Mundial da UNESCO, com outros sítios e grutas ornamentadas do vale.
   
Planta da gruta
  
Descrição da caverna
A gruta de Lascaux é relativamente pequena: o conjunto dos corredores não ultrapassa os 250 m de comprimento, com um desnível de 30 m, aproximadamente. A parte decorada corresponde a um nível superior, pois o inferior está fechado pela presença de dióxido de carbono.
A entrada atual corresponde com a entrada pré-histórica.
Para facilidade de descrição, a caverna está tradicionalmente subdividida num certo número de zonas, denominadas salas ou corredores. Os nomes, imaginários, devem-se em parte a H. Breuil e fazem, com frequência referência à arquitetura religiosa:
  • a primeira sala é a "Sala dos Touros" ou "Rotonda", de 17 m por 6 m de largura e 7 de altura;
  • prolonga-se pelo "Divertículo axial", uma galeria mais estreita na mesma direção, mais ou menos do mesmo tamanho;
  • depois da Sala dos Touros, à direita do Divertículo axial, acede-se à "Passagem", um corredor de dez metros;
  • na prolongação da Passagem abre-se a "Nave", outro corredor mais elevado, com cerca de vinte metros;
  • a Nave prossegue com uma parte não decorada, pois as paredes são pouco apropriadas, seguindo logo até ao "Divertículo dos Felinos", um estreito corredor com cerca de vinte metros;
  • A "Abside" é uma sala redonda que se abre para Oeste, na confluência da Passagem e a Nave;
  • O "Poço" abre-se no fundo da Abside. Seu acesso supõe uma baixada de 4 a 5 metros até ao começo do nível inferior.
As grutas não podem ser visitadas devido à exalação de CO2, porque a emissão desse gás, pela respiração, pode desfazer a pintura.
  
Lascaux II
Perante os indícios de deterioração das pinturas, surgidos a partir dos anos 50, originados principalmente pelo gás carbónico da respiração dos visitantes, em 1963, foi tomada a decisão de encerrar a gruta às visitas de turistas, tendo sido, desde então, adotadas diversas medidas para controlar a atmosfera interior da gruta, a qual recuperou progressivamente o seu brilho original.
Como alternativa à significativa procura turística, foi construída uma réplica de uma parte representativa da caverna ("Divertículo axial" e "Sala dos Touros"). O projeto foi parcialmente financiado pela venda do original ao Estado, em 1972. Parado em 1980, foi logo retomado pelo departamento da Dordogne, sendo inaugurado em 1983.
Uma dupla camada de betão permitiu reproduzir fielmente a caverna original. As obras parietais foram logo reproduzidas por uma equipa dirigida por M. Peytral.
Situada a 200 m do original, a réplica, batizada como Lascaux II, foi inaugurada a 18 de julho de 1983.
   

sábado, setembro 12, 2020

A gruta de Lascaux foi descoberta oitenta anos


Lascaux é um complexo de cavernas ao sudoeste da França, famoso pela suas pinturas rupestres.
A disposição da caverna, cujas paredes estão pintadas com bovídeos, cavalos, cervos, cabras selvagens, felinos, entre outros animais, permite pensar que tratar-se de um santuário. As investigações levadas a cabo durante os últimos decénios permitem situar a cronologia das pinturas no final do Solutrense e princípio do Madalenense, ou seja, 17.000 anos AP

Geografia e contexto geológico
A gruta fica no Périgord, na comuna de Montignac (Dordonha), a quarenta quilómetros a Sudeste de Périgueux.
Abre-se sobre a margem esquerda do rio Vézère, numa colina calcária do Cretáceo superior. Contrariamente a muitas outras cavernas da região, a de Lascaux, na França é relativamente «seca». Em efeito, uma camada de argila impermeável isola-a de qualquer infiltração de água, impedindo novas formações de concreções calcárias, etc.

Descoberta
Foi descoberta no dia 12 de setembro de 1940 por quatro adolescentes: Marcel Ravidat, Jacques Marsal, Georges Agnel e Simon Coencas, que avisaram ao seu antigo professor, Léon Laval. O pré-historiador Henri Breuil, refugiado na zona durante a ocupação nazi, foi o primeiro especialista que visitou Lascaux, em 21 de setembro de 1940, em companhia de Jean Bouyssonnie e André Cheynier. H. Breuil foi também o primeiro em autenticá-la, descrevê-la e estudá-la. De seguido, realizou os primeiros cópias dos desenhos (calcos) desde fins de 1940, passando vários meses in situ para analisar as obras, que atribuiu ao período perigordiano.
Depois de passar vários anos na Espanha, Portugal e mesmo na África do Sul, voltou em 1949, prosseguindo às escavações com Séverin Blanc e Maurice Bourgon, ao pé da cena do poço, onde aguardava encontrar uma sepultura. O que tirou à luz foram pontas de azagaias, decoradas e feitas de chifre de rena
De 1952 a 1963, por encomenda de Breuil, foram efetuados novos levantamentos, sobre 120 m², de calcos por André Glory, que contabilizaram um total de 1.433 representações (hoje estão catalogadas 1.900).
Por essa mesma época, as representações parietais foram também estudadas por Annette Laming-Emperaire, André Leroi-Gourhan e, entre 1989 e 1999, por Norbert Aujoulat.
  
Classificação
A caverna foi classificada entre os monumentos históricos da França desde o mesmo ano da sua descoberta, a 27 de dezembro de 1940.
Em outubro de 1979, foi incluída no Património Mundial da UNESCO, com outros sítios e grutas ornamentadas do vale.

Planta da gruta

Descrição da caverna
A gruta de Lascaux é relativamente pequena: o conjunto dos corredores não ultrapassa os 250 m de comprimento, com um desnível de 30 m, aproximadamente. A parte decorada corresponde a um nível superior, pois o inferior está fechado pela presença de dióxido de carbono.
A entrada atual corresponde com a entrada pré-histórica.
Para facilidade de descrição, a caverna está tradicionalmente subdividida num certo número de zonas, denominadas salas ou corredores. Os nomes, imaginários, devem-se em parte a H. Breuil e fazem, com frequência referência à arquitetura religiosa:
  • a primeira sala é a "Sala dos Touros" ou "Rotonda", de 17 m por 6 m de largura e 7 de altura;
  • prolonga-se pelo "Divertículo axial", uma galeria mais estreita na mesma direção, mais ou menos do mesmo tamanho;
  • depois da Sala dos Touros, à direita do Divertículo axial, acede-se à "Passagem", um corredor de dez metros;
  • na prolongação da Passagem abre-se a "Nave", outro corredor mais elevado, com cerca de vinte metros;
  • a Nave prossegue com uma parte não decorada, pois as paredes são pouco apropriadas, seguindo logo até ao "Divertículo dos Felinos", um estreito corredor com cerca de vinte metros;
  • A "Abside" é uma sala redonda que se abre para Oeste, na confluência da Passagem e a Nave;
  • O "Poço" abre-se no fundo da Abside. Seu acesso supõe uma baixada de 4 a 5 metros até ao começo do nível inferior.
As grutas não podem ser visitadas devido à exalação de CO2, porque a emissão desse gás, pela respiração, pode desfazer a pintura.

Lascaux II
Perante os indícios de deterioração das pinturas, surgidos a partir dos anos 50, originados principalmente pelo gás carbónico da respiração dos visitantes, em 1963, foi tomada a decisão de encerrar a gruta às visitas de turistas, tendo sido, desde então, adotadas diversas medidas para controlar a atmosfera interior da gruta, a qual recuperou progressivamente o seu brilho original.
Como alternativa à significativa procura turística, foi construída uma réplica de uma parte representativa da caverna ("Divertículo axial" e "Sala dos Touros"). O projeto foi parcialmente financiado pela venda do original ao Estado, em 1972. Parado em 1980, foi logo retomado pelo departamento da Dordogne, sendo inaugurado em 1983.
Uma dupla camada de betão permitiu reproduzir fielmente a caverna original. As obras parietais foram logo reproduzidas por uma equipa dirigida por M. Peytral.
Situada a 200 m do original, a réplica, batizada como Lascaux II, foi inaugurada a 18 de julho de 1983.

segunda-feira, agosto 11, 2014

As barragens e a arqueologia - mais uma guerra...

Barragem de Ribeiradio vai alagar vestígios “excepcionais” do Paleolítico
A importância científica dos achados é atestada por arqueólogos

Ex-presidente do Instituto Português de Arqueologia e outro arqueólogo recomendam a escavação integral dos achados antes da entrada em funcionamento da barragem. Mas a EDP diz que é "humanamente impossível" evitar o alagamento quando começar a chover.

A barragem de Ribeiradio-Ermida, em Sever do Vouga, vai alagar vestígios “excepcionais” da ocupação humana no Paleolítico. A EDP, dona da obra, diz que vai preservar o que for possível antes do enchimento da albufeira, previsto para o final deste ano, mas dois arqueólogos especialistas em pré-história - envolvidos na investigação que levou à suspensão da barragem de Foz Côa, na década de 1990 - defendem um estudo mais aprofundado do local antes da submersão.

Em causa estão duas jazidas identificadas nas margens dos rios Vouga e Teixeira, que ficarão submersas com a barragem cuja construção, em curso desde o final de 2009, está orçada em 170 milhões de euros.

Uma das jazidas fica no sítio do Rôdo e apresenta vestígios de estruturas de combustão, alguns “fundos de cabana” e estruturas associadas a artefactos de pedra característicos do Paleolítico Superior (entre 40 mil a 10 mil anos a.C). Na jazida do Vau foram também identificadas estruturas em pedra com sinais de combustão associadas a artefactos do Mesolítico (10 mil a 5000 anos aC).
Segundo a Direcção-Geral de Património Cultural (DGPC), que está a acompanhar o processo, “a originalidade dos sítios reside no facto de, até ao momento, ser desconhecido este tipo de ocupação na área territorial em causa”.

A importância científica dos achados é atestada pelos arqueólogos João Zilhão, ex-presidente do Instituto Português de Arqueologia  e investigador das universidades de Lisboa e de Bristol, e Thierry Jean Aubry, do Parque Arqueológico do Vale do Côa. Ambos visitaram as escavações em Junho e elaboraram um parecer, no qual sublinham que se trata de “um caso excepcional no Paleolítico Superior ibérico, e único em todo o Noroeste de Portugal”.

A subida do nível da água no leito do Vouga para a cota de enchimento da barragem de Ribeiradio, até aos 110 metros, vai implicar a “‘destruição’ [dos vestígios] por perda de acessibilidade para a investigação científica”, alertam os autores do parecer, sugerindo um “programa mínimo de salvamento pelo registo” antes da submersão.

Recomendam, nomeadamente, a escavação integral das duas jazidas (cada uma com 3.000 a 5.000 metros quadrados), o estudo geológico e a datação radiocarbónica das diferentes estruturas, e ainda a prospecção de outras ocorrências do mesmo género naquela zona. Os especialistas reconhecem que estas operações poderão “implicar o adiamento da entrada em funcionamento da barragem por algumas semanas ou meses”, mas sublinham que “é imperativo, contudo, que os estudos de campo referentes a estas descobertas excepcionais sejam aprofundados”.

Zilhão e Aubry vão mais longe, admitindo a possibilidade de preservar os vestígios no local: “As condições geomorfológicas e os processos sedimentares são muito favoráveis à preservação da organização espacial dos vestígios das ocupações humanas antigas”.

Em resposta ao PÚBLICO, por escrito, a EDP garante que está a “colaborar na obtenção do máximo de informação e recolha de vestígios, no limite dos prazos possíveis”. Contudo, a empresa lembra que “os achados encontram-se a montante da barragem, pelo que é humanamente impossível evitar o seu alagamento quando os caudais do rio [Vouga] atingirem os níveis que se conheceram nos últimos invernos”. As obras não vão ser suspensas.

A eléctrica acrescenta que vai tomar medidas para “preservar todos os achados, antes que a albufeira encha na época normal das chuvas”: além do reforço das equipas de arqueólogos no terreno com especialistas em Pré-história, a realização de estudos complementares (segundo a DGPC, este estudos são os mesmos que Zilhão e Aubry recomendam no parecer), e ainda o financiamento de duas bolsas de investigação e da publicação dos resultados.

A DGPC garante que as medidas tomadas pelo promotor estão “em conformidade” com a Declaração de Impacto Ambiental (DIA). No entanto, ressalva que os vestígios que permaneçam no local terão de ser “devidamente protegidos in situ de modo a permitir a menor afectação aquando da submersão”. Acrescenta que está previsto um “plano de recuperação final” daquelas zonas, a aplicar na fase de desactivação da barragem, que deve incluir uma investigação liderada por especialistas em Pré-história antiga, para "dar continuidade ao estudo dos contextos que ficaram imersos”.

Os achados terão apanhado a EDP de surpresa. No Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do projecto lê-se que, durante as prospecções, “não foram detectados quaisquer vestígios desta natureza [arqueológica]” na área directamente afectada pela futura albufeira. Mas a DIA ressalva que, caso sejam encontrados vestígios arqueológicos, “as obras devem ser suspensas nesse local” e as áreas em causa “têm que ser integralmente escavadas”. A DIA estipula ainda que as estruturas arqueológicas “devem, tanto quanto possível e em função do seu valor patrimonial, ser conservados in situ, de tal forma que não se degrade o seu estado de conservação”.

Pelo menos numa primeira fase, as intervenções arqueológicas estiveram a cargo das empresas Era Arqueologia (no Vau) e Arqueologia e Património (no Rôdo). No entanto, o PÚBLICO sabe que apenas a segunda se mantém no terreno. Questionada sobre qual a empresa a que foi entregue a investigação no Rôdo e se o reforço das equipas vai permitir a escavação integral das duas jazidas antes do enchimento da albufeira (como recomendado pelos autores do parecer), a EDP não respondeu.

O aproveitamento hidroeléctrico de Ribeiradio-Ermida inclui duas barragens e duas centrais de produção de energia. O projecto é uma aspiração antiga das populações de Sever do Vouga e de Oliveira de Frades. Quando foi lançada a primeira pedra, em Novembro de 2009, o presidente da EDP, António Mexia, garantiu que tudo estaria a funcionar em Abril de 2013, mas tal não deve acontecer antes do final deste ano.

Autarcas criticam “lacunas” no cumprimento do EIA

O presidente da Câmara de Sever do Vouga, António Coutinho, pouco sabe ainda sobre os achados. “Se houver elementos que possam ser recolhidos, queremos que sejam cedidos ao museu que estamos a construir no concelho”, afirma. Para já, as preocupações dos autarcas da zona são outras. Num relatório de Junho, a comissão criada pela Assembleia Municipal para acompanhar o projecto enumera “algumas lacunas” no cumprimento das medidas de minimização previstas no EIA: atrasos na reposição de caminhos e de praias fluviais danificados durante as obras, e a incorrecta trasladação dos monumentos às “Alminhas da Foz do Rio Lordelo”.

O presidente da Junta de Freguesia de Couto de Esteves, Sérgio Soares, critica também os “preços vergonhosos” pagos pelo promotor aos proprietários dos terrenos expropriados. Um deles, um casal com cerca de 60 anos, foi indemnizado em 80 mil euros para abandonar até 15 de Agosto a casa onde morava no Rôdo (que vai ficar submersa) e dois terrenos de pinhal. “Nos dias de hoje, este valor não chega para fazer uma habitação”, nota Sérgio Soares. Até há poucas semanas, o casal não tinha alternativa habitacional devido aos atrasos na construção de uma nova moradia.

Confrontada com o problema numa reunião da comissão de acompanhamento em maio, a EDP descartou responsabilidades. O casal vai morar temporariamente com uma vizinha.

in Público - link para notícia