O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
Clementina, mesmo tendo iniciado tardiamente a sua vida artística e com
uma curta carreira, é sem dúvida uma das mais importantes artistas brasileiras. Faleceu, de um AVC,
na Vila Santo André, em Inhaúma, no estado do Rio de Janeiro, a 19 de
julho de 1987 e apesar disso, hoje em dia apenas o disco Clementina e Convidados existe em catálogo.
Nascida na comunidade do Carambita, bairro da periferia de Valença, no sul do Rio de Janeiro, mudou-se com a família para a capital aos oito anos de idade, radicando-se no bairro de Osvaldo Cruz. Lá acompanhou de perto o surgimento e desenvolvimento da escola de samba Portela, frequentando desde cedo as rodas de samba da região. Em 1940 casou-se e mudou para a Mangueira. Trabalhou como empregada doméstica durante mais de 20 anos, até ser "descoberta" pelo compositor Hermínio Bello de Carvalho em 1963, que a levou para participar do show "Rosa de Ouro", que rodou algumas das capitais mais importantes do Brasil e virou disco pela Odeon, incluindo, entre outros, o jongo "Benguelê". Devota da Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, participava de festas das igrejas da Penha e de São Jorge, cantando canções de romaria. Considerada rainha do partido alto, com seu timbre de voz inconfundível, foi homenageada por Elton Medeiros
com o partido "Clementina, Cadê Você?" e foi cantada por Clara Nunes
com o "P.C.J, Partido Clementina de Jesus", em 1977, de autoria do
compositor da Portela Candeia.
Além deste género gravou corimás, jongos, cantos de trabalho etc., recuperando a memória da conexão afro-brasileira. Em 1968, com a produção de Hermínio Bello de Carvalho, registou o histórico LP "Gente da Antiga" ao lado de Pixinguinha e João da Baiana.
Gravou cinco discos solo (dois com o título "Clementina de Jesus",
"Clementina, Cadê Você?" e "Marinheiro Só") e fez diversas
participações, como nos discos "Rosa de Ouro", "Cantos de Escravos",
Clementina e convidados e "Milagre dos Peixes", de Milton Nascimento, em que interpretou a faixa "Escravos de Jó". Em 1983 foi homenageada por um espetáculo no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com a participação de Paulinho da Viola, João Nogueira, Elizeth Cardoso e outros nomes do samba.
Rainha Ginga.
Quelé. Duas maneiras de chamar Clementina de Jesus, com a imponência
do título de realeza e com a corruptela carinhosa de seu nome.
Clementina evocava tais sentimentos aparentemente contraditórios. A ternura e o profundo respeito.
A ternura de negra velha sorridente. Todos com quem se envolvia tinham a compulsão de chamá-la Mãe, como a chamavam os músicos do musical Rosa de Ouro. Uma pessoa capaz de interromper um depoimento dado à televisão
para discutir sobre o café com a moça que o servia. Um brilho especial
nos olhos que cativou desde os mais humildes ao Imperador Haile
Selassié. Talvez por ter trabalhado tantos anos como empregada doméstica
e ter começado a carreira
artística aos 63 anos, descoberta pelo poeta Hermínio Bello de
Carvalho, nunca tratava de forma diferente devido à posição social.
O respeito ao peso ancestral de sua voz: uma África que estava diluída em nossa cultura é evocada subitamente na voz e nos cânticos que Clementina aprendeu com a sua mãe, filha de escravos. Clementina surgiu como o elo perdido entre a moderna cultura negra brasileira e a África Mãe.
Clementina causou uma fascinação em boa parte da MPB. Artistas tão diferentes como João Bosco, Milton Nascimento e Alceu Valença
fizeram questão de registar a sua voz nos seus álbuns. Apesar disso,
Clementina nunca foi um grande sucesso em vendas de discos, talvez por
ter gravado quase somente temas folclóricos, ou por sua voz não obedecer aos padrões estéticos tradicionais. O que realmente impressionava eram suas aparições no palco, onde tinha um contacto direto com o seu público.
Clementina, mesmo tendo iniciado tardiamente a sua vida artística e com
uma curta carreira, é sem dúvida uma das mais importantes artistas brasileiras. Faleceu de um AVC na Vila Santo André - Inhaúma - Rio de Janeiro, a 19 de julho de 1987 e apesar disso, hoje em dia apenas o disco Clementina e Convidados existe em catálogo.
Nascida na comunidade do Carambita, bairro da periferia de Valença, no sul do Rio de Janeiro, mudou-se com a família para a capital aos oito anos de idade, radicando-se no bairro de Osvaldo Cruz. Lá acompanhou de perto o surgimento e desenvolvimento da escola de samba Portela, frequentando desde cedo as rodas de samba da região. Em 1940 casou-se e mudou para a Mangueira. Trabalhou como empregada doméstica durante mais de 20 anos, até ser "descoberta" pelo compositor Hermínio Bello de Carvalho em 1963, que a levou para participar do show "Rosa de Ouro", que rodou algumas das capitais mais importantes do Brasil e virou disco pela Odeon, incluindo, entre outros, o jongo "Benguelê". Devota da Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, participava de festas das igrejas da Penha e de São Jorge, cantando canções de romaria. Considerada rainha do partido alto, com seu timbre de voz inconfundível, foi homenageada por Elton Medeiros
com o partido "Clementina, Cadê Você?" e foi cantada por Clara Nunes
com o "P.C.J, Partido Clementina de Jesus", em 1977, de autoria do
compositor da Portela Candeia.
Além deste género gravou corimás, jongos, cantos de trabalho etc., recuperando a memória da conexão afro-brasileira. Em 1968, com a produção de Hermínio Bello de Carvalho, registou o histórico LP "Gente da Antiga" ao lado de Pixinguinha e João da Baiana.
Gravou cinco discos solo (dois com o título "Clementina de Jesus",
"Clementina, Cadê Você?" e "Marinheiro Só") e fez diversas
participações, como nos discos "Rosa de Ouro", "Cantos de Escravos",
Clementina e convidados e "Milagre dos Peixes", de Milton Nascimento, em que interpretou a faixa "Escravos de Jó". Em 1983 foi homenageada por um espetáculo no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com a participação de Paulinho da Viola, João Nogueira, Elizeth Cardoso e outros nomes do samba.
Rainha Ginga.
Quelé. Duas maneiras de chamar Clementina de Jesus, com a imponência
do título de realeza e com a corruptela carinhosa de seu nome.
Clementina evocava tais sentimentos aparentemente contraditórios. A ternura e o profundo respeito.
A ternura de negra velha sorridente. Todos com quem se envolvia tinham a compulsão de chamá-la Mãe, como a chamavam os músicos do musical Rosa de Ouro. Uma pessoa capaz de interromper um depoimento dado à televisão
para discutir sobre o café com a moça que o servia. Um brilho especial
nos olhos que cativou desde os mais humildes ao Imperador Haile
Selassié. Talvez por ter trabalhado tantos anos como empregada doméstica
e ter começado a carreira
artística aos 63 anos, descoberta pelo poeta Hermínio Bello de
Carvalho, nunca tratava de forma diferente devido à posição social.
O respeito ao peso ancestral de sua voz: uma África que estava diluída em nossa cultura é evocada subitamente na voz e nos cânticos que Clementina aprendeu com a sua mãe, filha de escravos. Clementina surgiu como o elo perdido entre a moderna cultura negra brasileira e a África Mãe.
Clementina causou uma fascinação em boa parte da MPB. Artistas tão diferentes como João Bosco, Milton Nascimento e Alceu Valença
fizeram questão de registar a sua voz nos seus álbuns. Apesar disso,
Clementina nunca foi um grande sucesso em vendas de discos, talvez por
ter gravado quase somente temas folclóricos, ou por sua voz não obedecer aos padrões estéticos tradicionais. O que realmente impressionava eram suas aparições no palco, onde tinha um contato direto com o seu público.
Clementina, mesmo tendo iniciado tardiamente a sua vida artística e com
uma curta carreira, é sem dúvida uma das mais importantes artistas brasileiras. Faleceu de um AVC na Vila Santo André - Inhaúma - Rio de Janeiro, a 19 de julho de 1987 e apesar disso, hoje em dia apenas o disco Clementina e Convidados existe em catálogo.