Em
17 de janeiro de
1945, durante o cerco de Budapeste pelo
Exército Vermelho,
Wallenberg foi detido pelas autoridades soviéticas, sob suspeita de
espionagem e, posteriormente, desapareceu. Mais tarde, foi relatado que
morreu em 17 de julho de 1947, enquanto estava preso na prisão de
Lubyanka, em
Moscovo,
Rússia.
Os motivos por trás da prisão de Wallenberg pelo governo soviético,
juntamente com as circunstâncias de sua morte, permanecem misteriosas.
Devido a suas ações corajosas em nome dos judeus húngaros, Raoul
Wallenberg tem sido objeto de numerosas honrarias humanitárias nas
décadas seguintes a sua morte presumida. Em
1981, o deputado Tom Lantos, ele próprio salvo por Wallenberg, elaborou uma lei tornando Wallenberg cidadão honorário dos
Estados Unidos. Ele também é cidadão honorário do
Canadá,
Hungria e
Israel. Também em Israel, Raoul Wallenberg é considerado como um dos "Justos entre as Nações", citado e homenageado no
Yad Vashem, o Memorial do Holocausto.
Memorial Raoul Wallenberg, Rua Wallenberg, Tel-Aviv, Israel
Raoul Wallenberg nasceu em
Kappsta, um distrito da cidade de Lidingö, nas proximidades de
Estocolmo,
onde seus avós maternos, o professor Per Johan e sua esposa Sophie,
tinham uma casa de verão. O seu avô paterno, Gustaf Wallenberg, era
diplomata e trabalhou em
Tóquio,
Constantinopla e
Sofia. Os seus pais eram Raoul Oscar Wallenberg (
1888 – 1912), oficial da Marinha Sueca, e Maria "Maj" Sofia (
1891 –
1979), casados em
1911. Raoul Oscar morreu de
cancro quando o seu filho contava apenas três meses de idade. Em
1918, a sua mãe casou novamente e teve mais dois filhos.
De volta à Suécia, o seu diploma americano de arquiteto não foi
validado pelas autoridades locais. No entanto, o seu avô conseguiu-lhe um
emprego na
Cidade do Cabo,
África do Sul, no escritório de uma empresa sueca de venda de materiais de construção. Entre
1935 e
1936, Wallenberg trabalhou numa filial do Banco Holandês em
Haifa, na então
Palestina Britânica,
onde travou contacto com a grande comunidade judaica local. De volta à
Suécia em 1936, obteve um cargo em Estocolmo, com a ajuda de seu tio e
padrinho, Jacob Wallenberg, numa empresa de exportação e importação de
propriedade da Kálmán Lauer, um judeu húngaro.
A partir de 1938, o
Reino da Hungria, sob a regência de
Miklós Horthy, mergulhou numa onda de
antissemitismo. Foram adotadas medidas inspiradas nas leis recentemente promulgadas na
Alemanha nazi.
As novas leis húngaras restringiam o acesso dos judeus a inúmeras profissões. Na
tentativa de driblar as leis anti-judaicas, Kalman Lauer nomeou
Wallenberg como seu “sócio” e representante. Com isso, ele passou a
viajar para a Hungria para fazer negócios em nome de Lauer e de zelar
pelos membros da grande família de Lauer que permaneceram em Budapeste.
Ele rapidamente aprendeu a falar
húngaro e também se tornou conhecedor dos métodos da burocracia alemã da
época, por ter de fazer negócios com empresas nazis. Tal conhecimento
seria fundamental mais tarde, quando se aproveitou das brechas legais
nazis para salvar judeus.
Estando em contacto bastante estreito com os alemães em plena Guerra,
Wallenberg pode testemunhar a campanha de perseguições e extermínio
contra os judeus, empreendida pelo regime nazi. Tais
factos chocaram o empresário, que a partir de
9 de julho de
1944, foi nomeado primeiro-secretário da delegação sueca em Budapeste.
Agora feito diplomata, Wallenberg aproveitou da imunidade, de seu
poder e de seus contactos para expedir passaportes especiais
(“schutzpass”) para cidadãos judeus. Estes eram qualificados como
cidadãos suecos, à espera de repatriamento. Embora tais documentos não
fossem legalmente válidos, eles pareciam impressionar os oficiais
nazis que ocupavam a Hungria, que acabavam dando passagem aos seus
portadores.
Além disso, Wallenberg alugou casas para os refugiados judeus em nome
da embaixada sueca, colocando nas suas entradas falsas identificações,
tais como "Biblioteca da Suécia" ou "Instituto de Pesquisas Suecas".
Protegidas pelo status diplomático, tais casas não podiam ser invadidas
pelos nazis e os judeus encontravam nelas refúgio.
Wallenberg habilmente negociou com oficiais nazis, como
Adolf Eichmann e o comandante das forças armadas alemãs na Hungria, general
Gerhard Schmidhuber. A dois dias da chegada do
Exército Vermelho
em Budapeste, ele conseguiu cancelar uma leva de judeus que seriam
deportados para campos de concentração e extermínio da Alemanha, usando um bilhete
assinado por um amigo fascista húngaro,
Pal Szalay, que os ameaçou de processo por crimes de guerra.
Estima-se em cem mil o número de judeus que teriam sido salvos da morte por conta das ações de Raoul Wallenberg.
A chegada dos soviéticos à Hungria determinou o fim das perseguições aos
judeus. Mas foi o início do fim de Raoul Wallenberg. Em
17 de janeiro
de 1945, quando a guerra ainda se desenrolava, Wallenberg e seu
motorista particular foram presos pelas autoridades comunistas, acusados
de serem "espiões da
OSS",
a agência de espionagem britânica. De Budapeste, Wallenberg foi
deportado para Moscovo, onde foi encarcerado na prisão de Lubyanka.
Posteriormente foi transferido para a prisão de Lefortovo, também em
Moscovo, onde permaneceria até à sua suposta morte, dois anos depois.
As condições das cadeias soviéticas eram tão terríveis quanto as
vigentes nos campos de concentração nazis. Torturas, privações
extremas, terrorismo psicológico e execuções sumárias faziam parte dos
"métodos" comunistas. Incomunicável, Wallemberg teria morrido em
Lefortovo no dia 17 de julho de 1947. Pelo menos foi isso o que as
autoridades russas afirmaram em
6 de fevereiro de
1957, após uma intensa campanha internacional por notícias
de seu paradeiro. Mesmo após tal notícia, prosseguiram as investigações
em busca de seu paradeiro. Em
1981, sobreviventes dos
gulags
afirmaram terem conhecido um prisioneiro estrangeiro com as mesmas
características físicas de Raoul Wallemberg, ainda vivo muitos anos
depois da data da sua suposta morte.
Contudo em 1991, Vyacheslav Nikonov foi encarregado pelo governo da
Rússia de investigar o destino de Wallenberg. Ele concluiu que
Wallenberg morreu em 1947, executado, como prisioneiro, na prisão de
Lubyanka.