Um projeto que levou duas décadas de planeamento e desenvolvimento até
ao seu lançamento, após uma viagem interplanetária de quase sete anos,
na qual sobrevoou
Vénus e
Júpiter, a nave entrou em órbita de Saturno a meio do ano de 2004; em dezembro daquele ano a sonda
Huygens separou-se do orbitador
Cassini e, em
14 de janeiro de
2005, entrou na
atmosfera e
pousou na superfície do maior satélite de Saturno,
Titã, transmitindo imagens e dados para a
Terra, na primeira vez em que um objeto construído pelo Homem pousou num corpo celeste do
Sistema Solar exterior.
Vista da superfície de Titã a partir da sonda Huygens
Objetivos
Os principais objetivos da missão Cassini-Huygens eram:
- determinar a estrutura tridimensional e comportamento dinâmico dos anéis;
- determinar a composição das superfícies e a história geológica dos satélites;
- determinar a natureza e origem do material escuro do hemisfério dianteiro de Jápeto.
- medir a estrutura tridimensional e comportamento dinâmico da magnetosfera.
- estudar o comportamento dinâmico das nuvens de Saturno;
- estudar a vulnerabilidade temporal das nuvens e a meteorologia de Titã;
- caracterizar a superfície de Titã a uma escala regional.
Vista da superfície de Titã a partir da sonda Huygens, depois de processada
A sonda Huygens
A sonda-pousador
Huygens foi criada e desenvolvida pela
Agência Espacial Europeia (ESA), e batizada com o nome do astrónomo descobridor de Titã,
Christiaan Huygens. Desacoplada da
Cassini e lançada sobre Titã no dia de
Natal
de 2004, depois de uma viagem de 22 dias no espaço, entrou na
atmosfera do satélite, fazendo um exame minucioso das nuvens e pousando
na superfície cerca de 11:30
UTC de 14 de janeiro de 2005, no
oeste da região escura conhecida como
Shangri-La, próximo à área brilhante de
Xanadu.
A sonda foi criada para descer de para-quedas na atmosfera do maior
satélite
natural de Saturno (e o 2º maior do Sistema Solar, o único com
atmosfera) e abrir um laboratório robótico completo à superfície. O seu
sistema consistia na sonda em si e num equipamento de suporte, que
permaneceu acoplado ao orbitador
Cassini. Este equipamento
incluía equipamento eletrónico para rastrear a sonda, receber os dados
enviados durante a descida e aterragem e ainda processar e passar estes
dados para o computador do orbitador, que os enviou para a Terra. Com
318 kg de peso e 1,3 m de diâmetro, a sua bateria era suficiente para
153 minutos de transmissão, mais 2 horas e 27 minutos gastas na descida.
Foi o suficiente para enviar dados atmosféricos e a primeira imagem da
superfície de um satélite do Sistema Solar exterior. É até hoje a
aterragem mais distante da Terra já feito por um objeto construído pelo
Homem.
À escala, um lago de Titã (à esquerda) comparado com o Lago Superior (entre o Canadá e Estados Unidos) na Terra
Lagos líquidos em Titã
Em 21 de julho de 2006, os radares da
Cassini obtiveram imagens que pareciam mostrar
lagos de
hidrocarboneto líquido – como
metano e
etano - nas
latitudes
norte do satélite Titã. Esta foi a primeira descoberta da existência
de lagos em qualquer corpo celeste fora da Terra. Estes lagos mediriam
entre 1 e 100 quilómetros de comprimento. A 13 de março de 2007,
anunciou-se que havia fortes evidências da existência de mares de etano
e metano no hemisfério norte do satélite. Um destes lagos teria o
tamanho dos
Grandes Lagos na
América do Norte.
Em 30 de julho de 2008 foi anunciada a descoberta de um grande lago
líquido próximo da região do pólo sul de Titã, com quinze mil km². O
lago foi batizado como
Ontario Lacus. Em 2012, novos estudos da NASA levantaram a hipótese de que este lago seja mais parecido com um grande
deserto de sal ou um grande lamaçal de
hidrocarbonetos do que exatamente um lago, como nós os conhecemos, na Terra.