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sábado, setembro 21, 2024

Notícia interessante sobre sondagem que chega ao manto terrestre...

Obtida a amostra mais profunda de rocha do manto da Terra

 

O local da perfuração era perto do campo hidrotermal Lost City, uma área de fontes hidrotermais no fundo do mar, no meio do Atlântico, que jorra água superaquecida do interior da Terra.

 

 

 O navio JOIDES Resolution, que perfura o fundo do mar num programa internacional de investigação

 
Utilizando um navio de perfuração oceânica, uma equipa internacional de cientista fez o buraco mais profundo nunca antes atingido em rocha do manto da Terra – penetrando 1268 metros abaixo do leito marinho do Atlântico – e obtive uma amostra que está a oferecer pistas sobre a camada mais volumosa do nosso planeta.
Essa amostra de rocha está a fornecer informações sobre a composição da parte superior do manto e os processos químicos que ocorrem quando essa rocha interage com a água do mar numa variedade de temperaturas. Esses processos, revelaram os investigadores na edição desta semana da revista Science, podem ter sido a base do surgimento da vida na Terra há milhares de milhões de anos.
O manto, que compreende mais de 80% do volume do planeta, é uma camada de rocha de silicato entre a crosta externa da Terra e o núcleo extremamente quente. As rochas do manto são geralmente inacessíveis, exceto quando se encontram expostas em locais de expansão do fundo do mar entre as placas tectónicas, que se movem lentamente e formam a superfície do planeta.
Um desses lugares é o Maciço Atlantis, uma montanha submarina onde a rocha do manto está exposta no fundo do mar. Está localizado no meio do Atlântico, a oeste da vasta cordilheira da Crista Média-Atlântica​, que forma a fronteira entre a placa norte-americana e as placas euroasiática e africana.
Usando equipamentos a bordo do navio JOIDES Resolution, os cientistas perfuraram a rocha do manto a cerca de 850 metros abaixo da superfície do mar, numa expedição de abril a junho de 2023 do Programa Internacional de Descoberta do Oceano (IODP, na sigla em inglês). 
A amostra do manto obtida a 1268 metros abaixo do leito marinho tem cerca de 6,5 centímetros de diâmetro. É constituída por mais de 70% da rocha – com 886 metros de comprimento – do buraco que perfuraram.
  
Rocha do manto vista ao microscópio
 
“É um recorde, pois as tentativas anteriores de perfurar rochas do manto foram difíceis, com penetração não mais profunda do que 200 metros [no âmbito do programa IODP] e com a recuperação relativamente baixa de rochas. Em contraste, penetrámos 1268 metros, trazendo grandes secções contínuas de rochas do manto”, diz o geólogo Johan Lissenberg, da Universidade de Cardiff (no Reino Unido), principal autor do estudo publicado na Science.
“Anteriormente, estávamos muito limitados a amostras de manto dragadas [por arrasto] do fundo do mar”, acrescenta Johan ​Lissenberg.
“Tivemos algumas dificuldades para iniciar o nosso buraco”, diz o geólogo Andrew McCaig, da Universidade de Leeds (Inglaterra), também co-autor do estudo.
Na parte superior do furo foi colocado um revestimento cilíndrico de cimento reforçado, contra Andrew McCaig, “e depois a perfuração fez-se com uma facilidade inesperada”.
 

O cientista Kuan-Yu Lin (da Universidade de Delaware, nos EUA) a estudar rochas do manto a bordo do navio JOIDES Resolution

Os cientistas documentaram como um mineral chamado olivina na amostra reagiu com a água do mar a várias temperaturas.
“A reação entre a água do mar e as rochas do manto ou perto do fundo do mar liberta hidrogénio, que, por sua vez, forma compostos como o metano, que sustentam a vida microbiana. Esta é uma das hipóteses para a origem da vida na Terra”, diz Johan Lissenberg.
“​A nossa recuperação de rochas do manto permite-nos estudar essas reações com grande pormenor e ao longo de várias temperaturas, além de relacioná-las com observações que nossos microbiólogos fazem sobre a abundância e os tipos de micróbios presentes nas rochas e a profundidade em que os micróbios ocorrem no fundo do oceano”, acrescenta Johan Lissenberg.
 
No campo hidrotermal Lost City
O local da perfuração era perto do campo hidrotermal Lost City (Cidade Perdida), uma área de fontes hidrotermais no fundo do mar que jorra água superaquecida. Acredita-se que a amostra seja representativa da rocha do manto por baixo das fontes hidrotermais de Lost City.
“Uma hipótese para a origem da vida na Terra é que poderá ter acontecido num ambiente semelhante ao de Lost City”, diz Andrew McCaig.
A amostra do manto ainda está a ser analisada. Os cientistas já têm alguns resultados preliminares sobre sua composição e documentaram a ocorrência de um derretimento histórico rocha derretida mais extenso do que o esperado.
“Em particular, no mineral ortopiroxena abunda numa faixa ampla de várias escalas, do centímetro a centenas de metros”, conta Johan ​Lissenberg. “Relacionamos isso com o fluxo de derretimento no manto superior. À medida que o manto superior se eleva nas regiões de afastamento de placas, derrete, e esse derretimento migra em direção à superfície para alimentar os vulcões.”

domingo, agosto 07, 2011

Mais chaminés negras na zona dos Açores

Pesquisa feita por equipa de cientistas irlandeses e britânicos
Chaminés hidrotermais gigantescas descobertas a norte dos Açores






Novo campo fica no limite norte da proposta de extensão da plataforma (Fotos VENTuRE Project)

A três mil metros de profundidade no Atlântico, e cerca de 420 milhas a norte da ilha Graciosa, uma equipa de cientistas irlandeses e britânicos descobriu um campo de fontes hidrotermais com grandes chaminés – a maior ultrapassa os dez metros de altura.

O novo campo de fontes hidrotermais – emanação de água quente vinda do interior da Terra carregada de metais e minerais – situa-se na Dorsal Médio-Atlântica, uma cordilheira no meio do Atlântico que é fronteira de placas tectónicas. Os metais e minerais precipitam-se e originam as chaminés, que acabam rodeadas de vida invulgar.

Nesta dorsal já se descobriram vários campos, como o Lucky Strike e o Menez Gwen, ambos dentro da zona económica exclusiva (ZEE) portuguesa e que têm despertado interesse científico e económico.

A equipa que divulgou nesta sexta-feira o novo campo apenas disse, em comunicado, que fica a norte dos Açores. Ao PÚBLICO, John Joyce, assessor de imprensa do Instituto Marinho da Irlanda, que financia a investigação do mar, referiu uma localização mais aproximada: “O campo hidrotermal é a oés-sudoeste da Irlanda, perto da Dorsal Médio-Atlântica, aproximadamente a 46 graus Norte.”

Portanto, o campo está a cerca de 420 milhas da Graciosa. É no limite norte da proposta portuguesa de alargamento da plataforma continental para lá das 200 milhas da ZEE, apresentada à ONU em 2009 e na qual se defende que a soberania sobre o fundo do mar seja alargada em 2,15 milhões de quilómetros quadrados. Só em 2015 o processo estará concluído.

A bordo do navio Celtic Explorer, a equipa usou um veículo operado à distância, o Holland 1, para encontrar o campo. Já foi baptizado: “Chamamos-lhe Moytirra, o nome de uma batalha na mitologia irlandesa, que significa ‘planície de pilares’. À maior chaminé, com mais de dez metros, demos o nome de um gigante mítico, Balor”, disse Patrick Collins, da Universidade Nacional da Irlanda, no comunicado. “Em comparação com outros campos, Moytirra tem chaminés monstruosas e, invulgarmente, está no sopé de uma escarpa – uma beleza.”

terça-feira, agosto 02, 2011

Crise sísmíca nos Açores - a Dorsal Meso-atlântica e o Ponto Triplo dos Açores a mexerem...


O Instituto de Meteorologia informa que no dia 02.08.2011 pelas 15:14 (hora local) foi registado nas estações da Rede Sísmica do Arquipélago dos Açores, um sismo de magnitude 4.1 (Richter) e cujo epicentro se localizou a cerca de 100 km a Oeste do Capelo (Faial). 
De acordo com a informação disponível, este sismo foi sentido, devendo em breve ser emitido novo comunicado com informação instrumental e macrossísmica actualizada. 
Se a situação o justificar serão emitidos novos comunicados. Sugere-se o acompanhamento da evolução da situação através da página do IM na Internet (www.meteo.pt) e a obtenção de eventuais recomendações junto do Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros (www.srpcba.pt).