A cantora começou a carreira em grupos vocais nos anos 50, interpretando uma mistura de
blues americanos e ritmos tradicionais da
África do Sul. No final da década, apesar de vender bastante discos no país, recebia muito pouco pelas gravações e nem um cêntimo de
royalties, o que lhe despertou a vontade de emigrar para os
Estados Unidos a fim de poder viver profissionalmente como cantora.
O seu momento decisivo aconteceu em
1960, quando participou no documentário
antiapartheid Come Back, África, a cuja apresentação compareceu, no
Festival de Veneza daquele ano. A receção que teve na
Europa
e as condições que enfrentava na África do Sul fizeram com que
Miriam resolvesse não regressar ao país, o que causou a anulação do
seu
passaporte sul-africano.
Foi então para
Londres, onde se encontrou com o cantor e ator negro norte-americano
Harry Belafonte,
no auge do sucesso e prestígio e que seria o responsável pela
entrada de Miriam no mercado americano. Através de Belafonte, também
um grande ativista pelos
direitos civis nos Estados Unidos, Miriam gravou vários discos de grande popularidade naquele país. A sua canção
Pata Pata tornou-se um enorme sucesso mundial. Em 1966, os dois ganharam o
Prémio Grammy na categoria de música
folk, pelo disco
An Evening with Belafonte/Makeba.
Em 1963, depois de um testemunho veemente sobre as condições dos negros na África do Sul, perante o Comité das
Nações Unidas contra o
apartheid, os seus discos foram banidos do país pelo governo
racista; o seu direito de regresso ao lar e a sua
nacionalidade sul-africana foram retirados, tornando-se
apátrida.
Em 1975, participou nas cerimónias da independência de
Moçambique, onde lançou a canção "A Luta Continua" (
slogan da
Frelimo), apreciada até aos nossos dias.
A morte da sua única filha, em 1985, levou-a a mudar-se para a
Bélgica, onde se estabeleceu. Dois anos depois, voltaria triunfalmente ao mercado norte-americano, participando no disco de
Paul Simon Graceland e na digressão que se lhe seguiu.
Com o fim do
apartheid e a revogação das respetivas
leis, Miriam Makeba regressou finalmente à sua pátria em meados dos anos 90, a pedido do presidente
Nelson Mandela, que a recebeu pessoalmente à chegada. Na África do Sul, participou em dois filmes de sucesso sobre a época do
apartheid e do levantamento de
Soweto, ocorrido em 1976.
Agraciada em 2001 com a Medalha de Ouro da Paz
Otto Hahn, outorgada pela Associação da
Alemanha nas Nações Unidas "por relevantes serviços pela paz e pelo entendimento mundial", Miriam continuou a fazer
shows em todo mundo e anunciou uma digressão de despedida, com dezoito meses de duração.
Em 9 de novembro de 2008, apresentou-se num concerto a favor de
Roberto Saviano, em Castel Volturno (Itália). No palco, sofreu um ataque cardíaco e morreu no hospital, na madrugada do dia 10 de novembro.