O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
Música: José
Nuno Guimarães Guedes dos Santos (1942-1973)
Letra: José
Nuno Guimarães Guedes dos Santos (1942-1973)
Incipit: Nuvem
branca
Origem: Coimbra
Género: Canção
de Coimbra
Arranjo: José
Nuno Guimarães Guedes dos Santos (1965)
Data: 1964-1965
(SPA: 4.05.1965)
Anjo Negro
Nuvem branca
É como a noite
Anjo negro é como a flor
Meu amor é um anjo negro
Quanto mais me prendo a ele
Maior minha perdição.
Mas eu vou
Roubar-te as asas,
Anjo negro como a flor,
Ficas na terra sozinho
Anda procurar comigo
Anjo negro, a perdição.
Informação complementar:
Composição
musical paraestrófica em compasso quaternário, no tom de Mi Menor,
magnificamente vocalizada pelo 1.º tenor José Manuel dos Santos no EP Serenata de Coimbra, Porto, OFIR AM
4.039, ano de 1965. Os acompanhamentos são de Nuno Guimarães/Manuel Borralho
(guitarras) e Rui Pato/Jorge Ferraz (violas). Remasterização no CD Fados e Baladas de Coimbra. Recordando Nuno
Guimarães, Porto, OFIR DSA-CD-401, ano de 1997, faixa nº 7 (ver em
particular o texto de Armando de Carvalho Homem no livreto desta reedição).
Pauta em Recordando Nuno Guimarães,
Vila Nova de Gaia, Edição da CMVNG, 1997, pág. 25.
O autor, poeta,
compositor e executante de guitarra de Coimbra, nasceu em Perosinho, Vila Nova
de Gaia, em 1942 e faleceu precocemente em 1973. Frequentou a Faculdade de
Letras da UC entre 1961/1962 e 1967. Redescoberto como poeta singular, continua
esquecida no mainstream intelectual português a sua originalidade como
compositor musical, autor de arranjos inovadores e intérprete-criador no campo
da segunda modernidade coimbrã.
JOSÉ MANUEL DOS SANTOS (1943 – 1989).
Cantor Faz hoje, dia 16 de fevereiro de
2013, 70 anos que nasceu em Coimbra, JOSÉ MANUEL DOS SANTOS. Faleceu na sua
cidade natal, a 25 de julho de 1989. José Manuel Martins dos Santos,
nasceu em Coimbra, fez a instrução primária na sua terra, e curso liceal no
Liceu D. João III. A seguir, matriculou-se em Engenharia Civil, na Universidade
de Coimbra, depois no curso de Psicologia, nunca tendo avançado
significativamente em nenhum deles. A canção de Coimbra, a vida académica, e a
boémia saudável que quase todo o estudante adora viver, eram superiores à
vontade de estudar. Os seus pais, com um pequeno comércio na Rua Ferreira
Borges, na Baixa de Coimbra, e com uma venda de bilhetes no teatro Avenida, lá
iam assegurando o tipo de vida, que o Zé Manel gostava de viver. Calcorreava a
Coimbra nas serenatas de rua, nos espetáculos organizados pelos diferentes
Organismos e Instituições, onde a Canção de Coimbra, era presença indispensável,
e onde a sua voz se identificava pela diferença
qualitativa. Vivia a mística do Penedo da Saudade,
e o simbolismo da sua Sé Velha, emprestando com a sua voz maviosa, e um estilo
muito próprio de cantar. A sua dimensão estética invulgar, ao cantar de Coimbra,
sem romantismos retrógrados, respeitando a tradição, mas inserido num movimento
de modernidade e de mudança, marcavam uma diferença significativa para os
demais. Tomando por base o escrito por José Niza, JOSÉ MANUEL DOS SANTOS, acompanha pelo país e pelo estrangeiro, o
Coro Misto da Universidade de Coimbra, a Tuna Académica, e o Orfeon, do qual fez
parte como 1º tenor, nos anos de 1966 a 1968. Cantou com Rui Nazaré, José Niza,
Eduardo Melo, Ernesto Melo, Durval Moreirinhas, Rui Borralho, Manuel Borralho,
Jorge Godinho, Hermínio Menino, António Bernardino, José Miguel Baptista, Jorge
Rino, António Portugal, Rui Pato, Jorge Cravo, José Ferraz, António Andias,
Manuel Dourado, Octávio Sérgio e muitos outros, igualmente importantes na divulgação da Canção
de Coimbra. Refere ainda José Niza no mesmo livro, que o Dr. Rui Pato, no Jornal
de Coimbra, de Setembro de 1989, escreve que José Manuel dos Santos, terá sido o
único que teve a honra de interpretar a obra poética de José Nuno
Guimarães. Pelo Dr. Rui Pato sabemos do agradecimento comovido da sua viúva,
quando da leitura do artigo em causa, pouco tempo após a partida do amigo Zé
Manel, aos 46 anos de idade. O seu filho médico em Coimbra terá talvez outra
visão e relação, com a música e o canto de Coimbra, não tendo sofrido o
encantamento que a voz de seu pai ajudou a construir, e que no fundo não foi uma
contribuição ativa, para uma de carreira profissional
consolidada. Gravou dois fonogramas. Vamo-nos
socorrer do trabalho do Prof. Doutor Armando Luís de Carvalho Homem, sob o
título “NUNO GUIMARÃES (1942 – 1973), e a Guitarra de Coimbra nos anos 60: -
impressões perante uma re–audição de cinco 45 RPM”. O autor aborda aquilo que considera que foi o caminho seguido por
ele, e pelos seus companheiros, nas suas vivências académicas, inseridas nas
preocupações estéticas dos mesmos, no domínio da Canção de Coimbra. Atende-se
preferencialmente no contexto social e político envolvente, à época, na Academia
do Porto, e num tempo de mudança, de lutas sociais e políticas dos anos 60. ALCH
aborda a discografia de Nuno Guimarães, com base na sua experiência da sua vida
de jovem compositor e violista, a nosso ver, estruturada em dois pilares
fundamentais: - A dimensão cimeira,
do que foram o saber, a experiência na composição e interpretação da música e da
canção de Coimbra, da lavra do seu saudoso Pai, o Dr. Armando de Carvalho Homem
(1923 – 1991), e a sua passagem enriquecedora pela Academia de Coimbra. A propósito dos fonogramas gravados
por JOSÉ MANUEL DOS SANTOS, ALCH, escreveu:
- “… os discos em causa são os
seguintes: - Serenata de Coimbra: José
Manuel dos Santos, EP AM 4.039, ed. OFIR/ Discoteca Santo António, s.d. (tal com
os restantes); instrumentistas: Nuno Guimarães/
Manuel Borralho (gg), Rui Pato/ Jorge Ferraz (vv); contém os seguintes temas
(todos da autoria de NG): “Fado da Vida”, “Elegia à Mãe”, “Anjo Negro” e a “Rosa
e a Noite”. - Coimbra Antiga: Fados por
José Manuel dos Santos, EP AM 4.069; instrumentistas: Nuno Guimarães/ Manuel Borralho (gg), Rui Pato/Jorge Rino (vv);
contém os temas “Adeus Minho Encantador”, “Fado das Penumbras”, “Canção da
Beira” e o “Fado Manassés”.
JOSÉ MANUEL DOS SANTOS, partiu muito novo. Tinha 46 anos e a cidade
que o viu nascer, também o viu partir naquele dia 25 de julho de
1989.