sexta-feira, junho 30, 2023

Reinaldo Ferreira morreu há 64 anos...

(imagem daqui)
       
   
Reinaldo Edgar de Azevedo e Silva Ferreira (Barcelona, 20 de março de 1922 - Lourenço Marques - atualmente Maputo, 30 de junho de 1959) foi um poeta português que realizou toda a sua obra em Moçambique.
Filho do célebre Repórter X, Reinaldo Ferreira chega a Lourenço Marques (atual Maputo) em 1941, finaliza o 7º ano do liceu e ingressa como aspirante no Quadro Administrativo da Colónia, tendo subido até Chefe de Posto.
Os primeiros poemas começam a ser publicados nos jornais locais ou em revistas de artes e letras. Adapta para a rádio peças de teatro e, mais tarde, colabora no teatro de revista. Autor da letra de canções ligeiras, entre as quais Kanimambo, Uma Casa Portuguesa e Piripiri.
Em 1959 é-lhe detetado cancro do pulmão e morre em junho desse ano. Não editou nenhum livro em vida.
A coletânea dos seus poemas surgiu em 1960.
António José Saraiva e Óscar Lopes compararam-no ao poeta Fernando Pessoa, realçando «o mesmo sentir pensado, a mesma disponibilidade imensamente cética e fingidora de crenças, recordações ou afetos, o mesmo gosto amargo de assumir todas as formas de negatividade ou avesso lógico».
      
    





Haja névoa
 

Haja névoa! Dancem os véus na minha alma (E externos nas luzes próximas, Que se recusam como estrelas na distância). Haja névoa! Paire nela a memória dos maníacos Sonhando na penumbra dos portais Assassínios brutais. Haja, haja névoa! Aqui e além no mar. No mar, nos mares, para que todas as viagens, Para que todos os barcos em todas as paragens, Na iminência dos naufrágios improváveis - Improváveis, possíveis -, Se gastem nos avisos aflitos Das luzes, dos rádios, dos radares, Dos gritos Dos apitos. Haja, haja névoa... Desgastem-se os contornos Das coisas excessivamente conhecidas. Não haja céu sequer. Névoa, só névoa! E eu, nas ruas distorcidas, Livre e tão leve Como se fosse eu próprio a névoa Da noite longa duma existência breve.

Reinaldo Ferreira

2 comentários:

Manuel M Pinto disse...

"Joaquim Vitorino Namorado Nascimento, poeta e ensaísta português, nasceu em Alter do Chão, Alentejo, em 30 de Junho de 1914.
Licenciou-se em Ciências Matemáticas pela Universidade de Coimbra, dedicando-se, por várias décadas, ao ensino. Desde 25 de Abril de 1974 até à sua aposentação, exerceu as funções de Professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, secção de Matemática.
Foi um dos iniciadores do movimento neo-realista coimbrão e do Novo Cancioneiro, notabilizando-se como poeta neo-realista, tendo colaborado nas revistas “Seara Nova”, “Sol Nascente”, “Vértice”, “O Diabo”, entre outras.
Dizem que foi o Joaquim Namorado quem, para iludir a PIDE e a Censura, camuflou de “neo-realismo” o tão falado “realismo socialista” apregoado pelo Jdanov.
Entre muitas outras actividades relevantes, foi redactor e director da Revista de cultura e arte “Vértice”, onde ficou célebre o episódio da publicação de pensamentos do Karl Marx, mas assinados com o pseudónimo Carlos Marques. Este episódio valeria uma visita da PIDE à redacção desta revista.
Chegou a ser membro da Assembleia Municipal do concelho da Figueira, eleito pela APU.
Residiu na vertente sul da Serra da Boa Viagem, local que serviu para reuniões preparatórias da fundação do jornal “Barca Nova”. Por iniciativa deste jornal, nos dias 28 e 29 de Janeiro de 1983, a Figueira prestou-lhe uma significativa Homenagem.
Na sequência dessa homenagem, a Câmara Municipal da Figueira, durante anos, teve um prémio literário, que alcançou grande prestígio a nível nacional.
Joaquim Namorado morre em 1986."
Fonte:
https://www.museudoneorealismo.pt/o-que-e-o-neorrealismo/joaquim-namorado

Fernando Martins disse...

Obrigado pela sugestão - publicámos um post a recordar o nascimento do Poeta...