Lucy é um fóssil de Australopithecus afarensis de 3,2 milhões de anos, descoberto em 24 de novembro de 1974 pelo professor Donald Johanson, um antropólogo americano e curador do museu de Cleveland de História Natural, e pelo estudante Tom Gray em Hadar, no deserto de Afar, na Etiópia onde uma equipe de arqueólogos fazia escavações. Chama-se Lucy por causa da canção "Lucy in the Sky with Diamonds" da banda britânica The Beatles, tocada num gravador no acampamento, e por a terem definido como uma fêmea.
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O geólogo francês Maurice Taieb descobriu a Formação Hadar, na Etiópia, em 1972. Para pesquisá-la constituiu a International Research Expedition Afar (IARE), convidando para integrar a equipe o antropólogo americano Donald Johanson (fundador e director do Instituto de Origens Humanas da Universidade Estadual do Arizona), a arqueóloga britânica Mary Leakey, e o paleontólogo francês Yves Coppens (hoje no Collège de France) para co-dirigir a investigação.
No outono de 1973 a equipe escavou em Hadar em busca de fósseis
e artefactos relacionados com a origem dos seres humanos. No mês de
novembro, perto do final da temporada do primeiro campo, Johanson
reconheceu um fóssil da extremidade superior da tíbia,
que tinha sido cortado ligeiramente na parte anterior. A extremidade
inferior do fémur foi encontrado próximo a ele, e a reunião das partes
junto ao ângulo da articulação do joelho mostrou claramente que este fóssil (referência "AL 129-1") fora um hominídeo
que andava ereto. Com mais de três milhões de anos, o fóssil era muito
mais velho do que qualquer outro então conhecido. O local ficava a
cerca de dois quilómetros e meio do local em que posteriormente seria
encontrada "Lucy".
No ano seguinte, a equipe voltou para a segunda temporada de campo, e encontrou mandíbulas de hominídeos. Na manhã de 24 de novembro de 1974, próximo ao rio Awash,
Johanson desistiu de atualizar as suas notas de campo e juntou-se ao
aluno de pós-graduação, Tom Gray do Texas, dirigindo-se de Land Rover para o local 162, para procurar fósseis.
Ambos passaram algumas horas explorando o terreno empoeirado, até que
Johanson teve a intuição de fazer um pequeno desvio no caminho de
regresso, para reexaminar o fundo de um pequeno barranco, que havia sido
verificado em pelo menos duas ocasiões anteriores por outros
trabalhadores. À primeira vista, não havia praticamente nenhum osso à
vista, mas quando se voltaram para sair, um fragmento de osso do braço à
mostra na encosta chamou a atenção de Johanson. Próximo dele havia um
fragmento da parte de trás de um crânio pequeno. Eles notaram uma parte
do fémur a cerca de um metro de distância. Procurando mais adiante,
encontraram mais ossos espalhados na encosta, incluindo vértebras, uma parte da pélvis (indicando que o fóssil era do sexo feminino), costelas
e pedaços de mandíbula. Marcaram o local e retornaram ao acampamento,
satisfeitos por encontrar tantas peças aparentemente de um único
hominídeo.
Na parte da tarde, todos os elementos da expedição estavam no local,
dividindo-o em quadrículas e preparando-se para uma recolha que
estimaram levar três semanas. Naquela primeira noite celebraram no
acampamento, acordados a noite toda, e em algum momento durante essa
noite, o fóssil "AL 288-1" foi apelidado de Lucy, por causa da canção
dos Beatles "Lucy in the Sky with Diamonds", que fora tocada alto e
repetidamente num gravador no acampamento.
Durante as semanas seguintes, várias centenas de fragmentos de ossos
foram encontrados, sem duplicações, confirmando a especulação original
de que eram de um único esqueleto. Conforme a equipe verificou, 40% do
esqueleto de um hominídeo foram recuperados, um feito surpreendente no
mundo da antropologia. Normalmente, apenas fragmentos fósseis são
descobertos, e apenas raramente crânios ou costelas são encontrados
intactos. Johanson considerou que o espécime era do sexo feminino
baseando-se nos osso pélvico e sacro completos indicando a largura da
abertura pélvica. Lucy tinha apenas 1,1 metros de altura, pesava 29 kg e
parecia-se, de certa forma, com um chimpanzé comum. Entretanto, embora
ela tivesse um cérebro
pequeno, a cintura pélvica e os ossos das pernas eram quase idênticos,
morfologicamente, com os dos humanos modernos, mostrando com certeza
que esses hominídeos tinham caminhado eretos. Com a permissão do
governo da Etiópia, Johanson trouxe o esqueleto para Cleveland, onde
foi reconstruido por Owen Lovejoy. Ele foi devolvido, de acordo com o acordo assinado, cerca de nove anos mais tarde.
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