Manoel Cândido Pinto de Oliveira (Cedofeita, Porto, 11 de dezembro de 1908 – Foz, Porto, 2 de abril de 2015) foi um cineasta português.
(...)
A obra de Manoel de Oliveira é marcada por duas tendências opostas
presentes em toda a sua filmografia. Em todos os filmes que realizou
antes de 1964, curtas e longas-metragens, incluindo Aniki-Bobó (1942) e A Caça (1964) predomina um estilo cinematográfico puro, sem diálogos ou monólogos palavrosos. O Acto da Primavera (1963) é o primeiro filme de Oliveira em que o teatro filmado se torna uma opção e um estilo. O Passado e o Presente (1972) será o segundo. Contradizendo-se na prática, é a propósito deste filme que ele se explica em teoria: enquanto arte cénica, o teatro é bem mais nobre e muitíssimo mais antigo que o cinema e é por isso que este se deve submeter à palavra.
A esta dualidade de Manoel de Oliveira não é estranha a sua educação religiosa. É católico por crença e convicção, mas de ortodoxo nada tem. A dúvida quanto ao corpo da fé, quanto a certos princípios da sua igreja,
assola-o com frequência e isso tem reflexos profundos na sua obra. Essa
dúvida é reproduzida no frequente filosofar de muitas das personagens
dos seus filmes, em particular nos filmes mais falados, com incarnação
de figuras do Evangelho e do ideário cristão, com inúmeras referências bíblicas.
Por muitos anos o teatro filmado, salvo raras exceções, será na obra de Manoel de Oliveira opção dominante, que se extrema com O Sapato de Cetim (1985). Na passagem da década de oitenta para noventa essa tendência atenua-se. Monólogos e diálogos são cantados em Os Canibais (1988), o teatro converte-se em ópera, a palavra deixa de ser crua para ser cantada. Pouco depois, o teatro surge em doses equilibradas com o cinema em A Divina Comédia
(1991). Gradualmente e a partir de então o estilo cinematográfico volta
a predominar na cinematografia de Oliveira, com filmes mais leves e de
menor duração. É de admitir a hipótese de tal se dever, por força das
circunstâncias, à necessidade de fazer filmes num formato que não afaste
o público, talvez também pela nostalgia dos primeiros filmes que fez.
O seu nome consta da lista de colaboradores da revista de cinema Movimento (1933-1934) e também se encontra colaboração artística da sua autoria na Mocidade Portuguesa Feminina: boletim mensal (1939-1947).
Manoel de Oliveira faleceu na madrugada do dia 2 de abril de 2015, às 11.30, vítima de paragem cardíaca. Considerado o realizador mais velho em atividade, foi o único que assistiu à passagem do mudo
ao sonoro e do preto e branco à cor. Disse o seguinte numa entrevista
ao jornal Diário de Noticias: "Para mim é pior o sofrimento do que a
morte. Pois a morte, é o fim da macacada". Conseguiu concretizar o seu
último desejo: "continuar a fazer filmes até à morte". Era tratado por
muitas pessoas como "O Mestre".
in Wikipédia
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