terça-feira, março 25, 2014

Frédéric Mistral morreu há um século

Frédéric Mistral (Maillane, 8 de setembro de 1830 - Maillane, 25 de março de 1914) foi um escritor francês em língua occitana ou provençal.
Os seus pais chamavam-se François Mistral e Adélaide Poulinet. Começou a ir à escola bastante tarde, aos nove anos. Entre 1848 e 1851, estuda direito em Aix-en-Provence e converte-se em cantor da independência da Provença e sobretudo do provençal, "primeira língua literária da Europa civilizada".
De volta a Maillane, Mistral une-se ao poeta Roumanille, e ambos se convertem nos artífices do renascimento da língua occitana. Juntos fundam o movimento do félibrige, que permitiu promover a língua occitana com a ajuda de Alphonse de Lamartine: este movimento acolherá todos os poetas occitanos expulsos da Espanha por Isabel II.
Com a sua obra, Mistral reabilita a língua provençal, levando-a às mais altos cumes da poesia épica: a qualidade desta obra se consagrará com a obtenção dos prémios mais prestigiosos.
A sua obra principal foi Mirèio (Mireia), à que dedicou oito anos de esforços. Publicou-a em 1859. Em oposição ao que seria a ortografia habitual, Mistral teve que ceder à imposição de seu editor, Roumanille, e optar por uma grafia simplificada, que desde então se chama "mistraliana", em oposição à grafia "clássica" herdada dos trovadores. Mireia conta o amor de Vincent e da bela provençal Mireia. Esta história é equiparável à de Romeu e Julieta.
Charles Gounod fez uma ópera com este tema em 1863.
Além de Mireia, Mistral é autor de "Calendal", "Nerte", Lis isclo d’or ("As Ilhas de Ouro"), Lis oulivado ("As olivadas"), "O poema do Ródano", obras que servem para que todos o considerem o maior dos modernos escritores de língua provençal.
Mistral recebeu o Nobel de Literatura de 1904, juntamente com José Echegaray y Eizaguirre. Com o dinheiro do prémio criou o Museu Arlaten em Arles.
Casado com Marie-Louise Rivière, não teve filhos e morreu em 25 de março de 1914, em Maillane.
  

Mirèio

Cant proumié

Lou Mas di Falabrego

Espousicioun - Envoucacioun au Crist, nascu dins la pastriho - Un vièi panieraire, Mèste Ambròsi, emé soun drole, Vincèn, van demanda la retirado au Mas di Falabrego - Mirèio, fiho de Mèste Ramoun, lou mèstre dóu mas, ié fai la bèn-vengudo - Li ràfi, après soupa, fan canta Mèste Ambròsi - Lou vièi, àutri-fès marin, canto un coumbat navau dóu Baile Sufrèn - Mirèio questiouno Vincèn - Recit de Vincèn: la casso di cantarido, la pesco dis iruge, lou miracle di Sànti-Marìo, la courso dis ome à Nimes - Mirèio es espantado e soun amour pounchejo.

.........Cante uno chato de Prouvènço.
.........Dins lis amour de sa jouvènço,
A travès de la Crau, vers la mar, dins li blad,
.........Umble escoulan dóu grand Oumèro,
.........Iéu la vole segui. Coume èro
.........Rèn qu’uno chato de la terro,
En foro de la Crau se n’es gaire parla.

.........Emai soun front noun lusiguèsse
.........Que de jouinesso; emai n’aguèsse
Ni diadèmo d’or ni mantèu de Damas,
.........Vole qu’en glòri fugue aussado
.........Coume uno rèino, e caressado
.........Pèr nosto lengo mespresado,
Car cantan que pèr vautre, o pastre e gènt di mas!

.........Tu, Segnour Diéu de ma patrìo,
.........Que nasquères dins la pastriho,
Enfioco mi paraulo e douno-me d’alen!
.........Lou sabes: entre la verduro
.........Au soulèu em' i bagnaduro
.........Quand li figo se fan maduro,
Vèn l'ome aloubati desfrucha l'aubre en plen.


Frédéric Mistral

Sem comentários: