Os seus pais chamavam-se François Mistral e Adélaide Poulinet. Começou a ir à escola bastante tarde, aos nove anos. Entre
1848 e
1851, estuda direito em
Aix-en-Provence e converte-se em cantor da independência da
Provença e sobretudo do provençal, "primeira língua literária da Europa civilizada".
De volta a Maillane, Mistral une-se ao poeta Roumanille, e ambos se convertem nos artífices do renascimento da língua occitana. Juntos fundam o movimento do
félibrige, que permitiu promover a língua occitana com a ajuda de
Alphonse de Lamartine: este movimento acolherá todos os poetas occitanos expulsos da
Espanha por
Isabel II.
Com a sua obra, Mistral reabilita a
língua provençal, levando-a às mais altos cumes da
poesia épica: a qualidade desta obra se consagrará com a obtenção dos prémios mais prestigiosos.
A sua obra principal foi
Mirèio (Mireia), à que dedicou oito anos de esforços. Publicou-a em
1859. Em oposição ao que seria a ortografia habitual, Mistral teve que ceder à imposição de seu editor, Roumanille, e optar por uma grafia simplificada, que desde então se chama "
mistraliana", em oposição à
grafia "clássica" herdada dos trovadores.
Mireia conta o amor de Vincent e da bela provençal Mireia. Esta história é equiparável à de
Romeu e Julieta.
Além de Mireia, Mistral é autor de "Calendal", "Nerte", Lis isclo d’or ("As Ilhas de Ouro"), Lis oulivado ("As olivadas"), "O poema do Ródano", obras que servem para que todos o considerem o maior dos modernos escritores de língua provençal.
Casado com Marie-Louise Rivière, não teve filhos e morreu em
25 de março de
1914, em Maillane.
Mirèio
Cant proumié
Lou Mas di Falabrego
Espousicioun - Envoucacioun au Crist, nascu dins la pastriho - Un vièi panieraire, Mèste Ambròsi, emé soun drole, Vincèn, van demanda la retirado au Mas di Falabrego - Mirèio, fiho de Mèste Ramoun, lou mèstre dóu mas, ié fai la bèn-vengudo - Li ràfi, après soupa, fan canta Mèste Ambròsi - Lou vièi, àutri-fès marin, canto un coumbat navau dóu Baile Sufrèn - Mirèio questiouno Vincèn - Recit de Vincèn: la casso di cantarido, la pesco dis iruge, lou miracle di Sànti-Marìo, la courso dis ome à Nimes - Mirèio es espantado e soun amour pounchejo.
.........Cante uno chato de Prouvènço.
.........Dins lis amour de sa jouvènço,
A travès de la Crau, vers la mar, dins li blad,
.........Umble escoulan dóu grand Oumèro,
.........Iéu la vole segui. Coume èro
.........Rèn qu’uno chato de la terro,
En foro de la Crau se n’es gaire parla.
.........Emai soun front noun lusiguèsse
.........Que de jouinesso; emai n’aguèsse
Ni diadèmo d’or ni mantèu de Damas,
.........Vole qu’en glòri fugue aussado
.........Coume uno rèino, e caressado
.........Pèr nosto lengo mespresado,
Car cantan que pèr vautre, o pastre e gènt di mas!
.........Tu, Segnour Diéu de ma patrìo,
.........Que nasquères dins la pastriho,
Enfioco mi paraulo e douno-me d’alen!
.........Lou sabes: entre la verduro
.........Au soulèu em' i bagnaduro
.........Quand li figo se fan maduro,
Vèn l'ome aloubati desfrucha l'aubre en plen.
Frédéric Mistral