O silêncio dos responsáveis e o tapete anómico
Esta pequena crónica de Manuela Moura Guedes no Correio da Manhã de hoje resume o estado da arte mediática no nosso país.
O jornal tem divulgado as escutas entre José Sócrates e Luís Arouca, a propósito da licenciatura daquele e do modo como o mesmo pretendeu esconder da opinião pública o assunto, aldrabando, omitindo e procurando manipular a informação a esse respeito. Tudo isso enquanto exercia funções de primeiro-ministro.
Tal como Manuela Moura Guedes refere, poucos ou quase nenhuns comentadores habituais se referem a esta divulgação legítima desses factos e se indignam com o que os mesmos revelam.
A anestesia anómica que atinge uma boa parte dos media encontrou um alfobre bem adubado nas várias direcções de informação. A informação em Portugal e em geral está completamente desviada de assuntos que contendem com ética, moral política ou limpeza de costumes que se liguem a determinados indivíduos de partidos políticos do poder.
Há assuntos que os media em Portugal não abordam, nem tentam sequer uma aproximação tímida e que revele uma realidade que todo o cidadão comum e medianamente inteligente compreende.
Por exemplo, como vivem e de que vivem certas pessoas da ribalta política. Com que dinheiro vivem e como o ganham é sempre uma espécie de tabu que a informação doméstica e suave não sindica nem sequer cheira informativamente.
Antes, durante o consulado governativo daquele mesmo indivíduo, a retracção noticiosa cheirava a medo puro e simples, quando não a sabujice plena e acabada.
Em 2007, altura em que estes factos ocorreram, o governo ainda não tinha entrado na fase descendente e apesar de os mesmos constituírem matéria noticiosa, a importância que lhes foi atribuída reduziu-se à banalidade de factos inconsequentes.
Talvez por isso mesmo, a repristinação do assunto parece não interessar à maioria nem indignar quem deveria. Assim como não interessa indagar o que se passa com os negócios de milhões em que esse indivíduo, enquanto governante, autorizou e promoveu, em nome do interesse colectivo e que prejudicou seriamente esse interesse, por incompetência ou pior ainda. É o caso das PPP e em certos contratos legalmente protegidos mas de contornos duvidosos na área bancária e das grandes empresas (PT, por exemplo).
Os indícios podem aparecer que são rapidamente varridos para debaixo do tapete anómico.
E ainda falam do "fassismo"!
in portadaloja - post de josé
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