Não estou com muita vontade de fazer o longo post que o assunto merece, até porque não conheço a proposta que tanto parece entusiasmar tanta gente.
Julgo mesmo que no próximo dia 28 de Abril vai surgir uma coligação de “Esquerda” pronta a criar um documento que irá fazer desesperar todos aqueles que tiveram esperança em que do actual momento de debate público nascesse algo mais do que uma peça de retórica (e prática) do eduquês político mais comum.
Com o argumento – válido – de que as propostas da “Direita” (leia-se CDS) trazem um elemento potencialmente discriminatório das famílias mais carenciadas, pois só contemplam a penalização através dos mecanismos de apoio do Estado de que não dependem os agregados familiares menos desfavorecidos, deverá sair uma proposta mais ou menos consensual do lado canhoto do Parlamento no sentido de tudo mudar para ficar na mesma ou pior.
As tiradas que se foram ouvindo e lendo – em especial da equipa do ME e dos representantes da Fenprof, mas não só, que continuam num idílio semanalmente renovado por todo e qualquer pretexto de fazer inveja a qualquer par de enamorados – levam-me a esperar o pior.
Os únicos protestos têm origem – natural – na Plataforma de Estudantes liderada por Pedro Feijó que parece não perceber que um estatuto não contém apenas direitos e que há actos que – por muito que pareça politicamente incorrecto – merecem mesmo punição por constituírem desrespeito objectivo pelas regras de convivência em sociedade.
Mas, excepção feita à possibilidade do pessoal não-docente poder aplicar com rapidez medidas correctivas (resta saber como colocar isso em prática…), as alterações que antevejo não são no sentido de tornar este documento melhor do que está.
Mesmo a eliminação esperada das provas de recuperação é capaz de trazer um presente envenenado bem disfarçado.
Isto para não falar desta negociação ter aberto por completo a porta para, em conjunto com os reajustamentos curriculares, desaparecerem por decreto as repetências do Ensino Básico.
Sei que não é uma regulamentação disciplinar que resolve todos os problemas e perturbações nas escolas, mas a mensagem geral que se transmite é muito importante.
E neste momento parece-me que tudo se encaminha para uma aliança de todos os protagonistas da coreografia negocial em torno da ideologia bem-pensante que já produziu os documentos catastróficos de 1998 e 2008.
Há quem não aprenda mesmo com o passado mais ou menos recente! Deve ser por causa disso que acham a História se pode ensinar às metades de ano lectivo.
E o interessante é que sobre estas matérias há quem não lavre nenhum protesto enérgico, apenas se preocupando em não terem aparecido na televisão.
Pela minha parte, fico à espera do texto das propostas para demonstrar de que forma eles representam um avanço ou um retrocesso em relação ao que existe e já existiu.
quinta-feira, abril 01, 2010
Temos penas...
Do Blog A Educação do meu Umbigo publicamos, com a devida vénia e uma ligeira discordância, o seguinte post:
Postado por Fernando Martins às 17:16
Marcadores: A Educação do meu Umbigo, Assembleia da República, estatuto do aluno
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