Valter Lemos desvaloriza aposentações entre os professores
08.10.2008 - 13h25 Natália Faria
O secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, desvalorizou hoje as aposentações entre os professores, atribuindo o facto de quatro mil docentes terem pedido a aposentação nos últimos dez meses (o dobro do ano passado) às alterações na lei da reforma.
“A idade da reforma aumentou e, naturalmente, mais pessoas pediram a aposentação, mas isso aconteceu em todas as profissões”, declarou, falando aos jornalistas na Fundação de Serralves, no Porto, onde participou no Encontro Nacional de Professores.
Considerando que a notícia avançada pelo "Jornal de Notícias" é "uma manipulação dos números”, o representante do Governo qualificou como ilegítima qualquer associação entre a duplicação dos pedidos de aposentação e a desmotivação dos professores. “Não acho nada que os professores tenham falta de motivação, bem pelo contrário: os resultados escolares em Portugal melhoraram e muito e isso deve-se ao trabalho dos professores”, afirmou, insistindo que as aposentações também aumentaram entre “médicos, enfermeiros, juízes e advogados”.
in Público - ler notícia
NOTA: É, no mínimo, triste ver um membro de um governo pôr em causa dados oficiais desse mesmo governo. Nos comentários a esta notícia estava este, de alguém nosso conhecido, que nos atrevemos a publicar aqui:
09.10.2008 - 11h20 - Mário Oliveira, Leiria
Caro Valter Lemos (deixemo-nos dessas coisas de Ex.mo Secretário de Estado, face ao que lhe proponho com a maior das humildades), sei que não lerá estas linhas. Mas aqui ficam, pois alguém do seu staff lhas pode dar a ler: Vá, de surpresa, a uma qualquer escola deste país. Liberte os professores da lei da rolha, e deixe-os falar em directo, frente da comunicação social, na sua presença. Ouça, de forma respeitosa os professores - algo que me parece ter faltado ao Ministério da Educação desde que os senhores lá chegaram, mas esta pode ser apenas uma sensação minha). Deixe que os jornalistas julguem da motivação dos docentes. Tenha coragem de responder a este tão simples desafio (todos sabemos que o seu Ministério tem uma certa dificuldade em aceitar opiniões contrárias, mesmo sendo as correctas, mas tenha essa frontalidade ao menos uma vez durante o seu mandato), provando ao país capacidade para ser confrontado com a realidade que criou, sem se refugiar no poder que lhe foi conferido. Manifeste simultaneamente respeito pelos funcionários que tutela, o que é um bom princípio de gestão dos "recursos humanos". Aceite os meus respeitosos cumprimentos, enquanto aguardo pela sua decisão.
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