Filho de Francisco Vaz e de Marcelina Nunes, Carlos Seixas estudou com o pai e cedo o substituiu como organista da
Sé de Coimbra, cargo de grande responsabilidade que exerceu durante dois anos. Aos 16 anos partiu para Lisboa, altura em que a corte portuguesa era das mais dispendiosas da
Europa. Foi muito solicitado como professor de música de famílias nobres da corte, nomeado organista da Sé Patriarcal e da
Capela Real (sendo o Mestre desta
Domenico Scarlatti, estabeleceram certamente colaborações proveitosas). Carlos Seixas gozava da fama de ser músico e
professor excelente. Na capital impôs-se como organista, cravista e compositor. Com o seu trabalho sustentou a mulher, que desposara aos 28 anos, e os cinco filhos, dois filhos e três filhas, e adquiriu algumas casas nas vizinhanças da Sé. Carlos Seixas morreu a 25 de agosto de 1742, de febre reumática, já sendo Mestre da Capela Real.
No que diz respeito à
composição, Carlos Seixas foi um dos maiores compositores portugueses para a música de tecla. Fez escola em
Portugal criando um estilo seu (apesar da influência italiana e francesa que se constatam em algumas das suas obras) que foi imitado durante algum tempo após a sua morte.
No
século XVIII era exigido aos compositores que a sua música fosse fiel aos pensamentos e ideais estéticos do meio. A composição era, de certa forma, limitada a um rol de características previamente definidas, facto que devemos levar em conta quando analisamos a obra dos compositores.
A obra de Seixas é, em grande parte, resultado dos ambientes em que compôs. Como organista da Capela da Sé Patriarcal tinha a possibilidade de tocar, antes e depois da
missa, um trecho a
solo que poderia ser uma
tocata ou uma
sonata (ritual comum em todas as
catedrais de prática
Católica). Para este efeito, havia uma preferência pelas peças de carácter vistoso e brilhante. Noutras partes da
cerimónia, o organista podia ainda tocar em alturas que admitissem um solo
instrumental. Desta forma, os compositores aproveitavam para dar a conhecer as suas composições ou improvisações. Por certo que as sonatas de Seixas foram tocadas na
Igreja, pelo menos as de carácter religioso. Carlos Seixas acompanhava ao
cravo os saraus de música nos paços reais ou no solar de algumas casas
nobres. Nestes eventos tinha também a oportunidade de tocar como
solista, aproveitando, provavelmente, para tocar as suas sonatas compostas com o objectivo de ser reconhecido como
concertista e compositor.
Para além da Capela Real e da
Corte, apenas se dedicava ao ensino de música. Esta faceta obrigava-o a ter material didáctico diversificado, variando de aluno para aluno, consoante o grau e as capacidades de cada um, dos cravos ou
clavicórdios que possuíam. Apesar de fortemente sujeita a um vasto rol de condicionantes, a obra de Seixas não deixa de parte a qualidade e a originalidade do seu estilo pessoal.
Nunca se deixou levar pelos
estilos importados em Portugal, nem deixou que a sua obra se confundisse com a dos seus
contemporâneos estrangeiros. A presença do temperamento
lusitano é uma constante das suas composições. A evolução da estrutura bipartida da sonata para tecla, para a estrutura tripartida está presente nas sonatas de Carlos Seixas, sendo uma antecipação da forma da sonata clássica.
Até agora não são conhecidos versos de Seixas. O mais provável é terem-se perdido uma vez que é pouco credível que Seixas tenha usado sempre versos alheios nas suas composições.