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domingo, agosto 18, 2013

Sousa Martins morreu há 116 anos

José Tomás de Sousa Martins (Alhandra, 7 de março de 1843 - Alhandra, 18 de agosto de 1897) foi um médico e professor catedrático da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, antecessora da Faculdade de Medicina de Lisboa. Formado em Farmácia e Medicina, trabalhou intensa e, na maioria dos casos, gratuitamente, sobretudo no combate à tuberculose. Orador brilhante, dotado de humor e inteligência, homem de actividade inesgotável e praticante incansável da caridade junto aos mais desfavorecidos, exerceu uma forte influência sobre os colegas de profissão, os alunos e os pacientes que tratou. Esta influência metamorfoseou-se e perpetuou-se no tempo, tendo a figura de Sousa Martins assumido contornos de santo laico, num culto actual, bem visível nos ex-votos colocados em torno da sua estátua no Campo de Santana, em Lisboa, e no cemitério de Alhandra, onde está sepultado. Foi sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa.

quarta-feira, setembro 12, 2012

Júlio Dinis morreu há 141 anos

Monumento a Júlio Dinis, no Porto, sua cidade natal

Joaquim Guilherme Gomes Coelho (Porto, 14 de novembro de 1839Porto, 12 de setembro de 1871) foi um médico e escritor português.

Joaquim Guilherme Gomes Coelho, que no período mais brilhante da sua carreira literária usou o pseudónimo de Júlio Dinis, nasceu no Porto, na antiga Rua do Reguinho, a 14 de novembro de 1839, e faleceu na mesma cidade, na Rua Costa Cabral, numa casa que já não existe, a 12 de setembro de 1871.
Júlio Dinis era filho de José Joaquim Gomes Coelho, cirurgião, natural de Ovar, e de Ana Constança Potter Pereira Gomes Coelho, de ascendência anglo-irlandesa, e vitimada pela tuberculose quando Júlio Dinis contava apenas seis anos de idade. Frequentou a escola primária em Miragaia. Aos catorze anos de idade (1853), concluiu o curso preparatório do liceu. Matriculou-se na Escola Politécnica, tendo, em seguida, transitado para a Escola Médico-Cirúrgica do Porto, cujo curso completou a 27 de julho de 1861, com alta classificação. Posteriormente a sua saúde foi-se agravando, pelo que foi obrigado a recolher-se em Ovar e depois para a Madeira e a interromper a possibilidade de exercer a sua profissão.Durante esses tempos dedica-se à literatura. Mais tarde (1867), foi incluído como demonstrador e lente substituto no corpo docente desta mesma Escola.
Já então sofria da doença da tuberculose pelo que, esperançado em encontrar cura no ambiente mais salutar da província, se transferiu temporariamente para Ovar, para casa de uma sua tia, Rosa Zagalo Gomes Coelho, que vivia no Largo dos Campos. E foi ainda esperançado numa cura de ares, que esteve duas vezes na ilha da Madeira, além de outras peregrinações que terá feito através do país. Simplesmente, o mal de Júlio Dinis não tinha cura. E com quase trinta e dois anos apenas, morria aquele que foi o mais «suave e terno romancista português, cronista de afectos puros, paixões simples, prosa limpa». De resto, essa terrível doença, que já havia vitimado a mãe, em 1845, foi a causa da morte de todos os seus oito irmãos.
O romance «As Pupilas do Senhor Reitor» foi publicado em 1869, tendo sido representado, cinematizado e publicado em folhetins do Jornal do Porto. Um ano antes, tinha sido dado a público «Uma Família Inglesa» e, em 1870, veio a público «Serões da Província».
No ano do seu falecimento, 1871 (com apenas 32 anos de idade), publicou-se o romance «Os Fidalgos da Casa Mourisca». Só depois da sua morte se publicaram «Inéditos» e «Esparsos», em dois volumes, assim como as suas «Poesias», dadas à estampa entre 1873 e 1874. Encontra-se sepultado num jazigo de família com o n.º 58, no cemitério privado da Ordem Terceira de S. Francisco, em Agramonte.
Foi o criador do romance campesino e as suas personagens, tiradas, na sua maioria, de pessoas com quem viveu ou contactou na vida real, estão imbuídas de tanta naturalidade que muitas delas nos são ainda hoje familiares. É o caso da tia Doroteia, de «A Morgadinha dos Canaviais», inspirada por sua tia, em casa de quem viveu, quando se refugiou em Ovar, ou de Jenny, para a qual recebeu inspiração da sua prima e madrinha, Rita de Cássia Pinto Coelho.
Júlio Dinis viu sempre o mundo pelo prisma da fraternidade, do optimismo, dos sentimentos sadios do amor e da esperança. Quanto à forma, é considerado um escritor de transição entre o romantismo e o realismo.
Além deste pseudónimo, Júlio Dinis usou também o de Diana de Aveleda, com que assinou pequenas narrativas ingénuas como «Os Novelos da Tia Filomena» e o «Espólio do Senhor Cipriano», publicados em 1862 e 1863, respectivamente. Foi com este pseudónimo que se iniciou nas andanças das letras, tendo, com ele, assinado também pequenas crónicas no Diário do Porto.
A casa onde Júlio Dinis nasceu, foi demolida com a abertura da Rua Nova da Alfândega, e aquela onde morreu, deu lugar à construção de uma casa de espectáculos cinematográficos.


MOMENTO DECISIVO

O Sol descia ao poente,
E florente estava o prado ;
Ouviam-se auras suaves
E das aves o trinado.

Tu sentada ao pé da fonte
O horizonte contemplavas
Vias o Sol declinando
E, corando, suspiravas.

E depois... seria acaso?
Do ocaso a vista ergueste,
E, ao olhar-me, mais coraste,
Suspiraste e emudeceste.

Foi bem rápido o momento
Dum alento repentino;
Porém nesse olhar de fogo
Eu li logo o meu destino.

Nesse olhar, no rubor vivo,
No furtivo respirar...
Diz, tu mesma nessas letras
Não soletras já: amar?

sábado, agosto 18, 2012

O Doutor Sousa Martins morreu há 115 anos

José Tomás de Sousa Martins (Alhandra, 7 de março de 1843 - Alhandra, 18 de agosto de 1897) foi um médico e professor catedrático da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, antecessora da Faculdade de Medicina de Lisboa. Formado em Farmácia e Medicina, trabalhou intensa, e na maioria dos casos gratuitamente, sobretudo no combate à tuberculose. Orador brilhante, dotado de humor e inteligência, homem de actividade inesgotável e praticante incansável da caridade junto aos mais desfavorecidos, exerceu uma forte influência sobre os colegas de profissão, os alunos e os pacientes que tratou. Esta influência metamorfoseou-se e perpetuou-se no tempo, tendo a figura de Sousa Martins assumido contornos de santo laico, num culto actual, bem visível nos ex-votos colocados em torno da sua estátua no Campo de Santana, em Lisboa, e no cemitério de Alhandra, onde está sepultado. Foi sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa.

Nasceu numa casa da zona ribeirinha de Alhandra a 7 de março de 1843, filho de Caetano Martins, carpinteiro, e de Maria das Dores de Sousa Martins, doméstica, uma família com escassos recursos económicos. Viveu a sua infância em Alhandra, onde completou o ensino primário, então os únicos estudos possíveis naquela vila. Ficou órfão do pai aos 7 anos de idade.
Aos 12 anos de idade foi aconselhado pela mãe a partir para Lisboa, onde um seu tio materno, Lázaro Joaquim de Sousa Pereira, se tinha estabelecido como farmacêutico, ao tempo proprietário da Farmácia Ultramarina, sita na Rua de São Paulo.
Ficou instalado em casa do tio, trabalhando como aprendiz na farmácia, ao mesmo tempo que frequentava o Liceu Nacional de Lisboa. A 1 de abril de 1856 iniciou oficialmente funções como praticante de botica na Farmácia Ultramarina. Tornou-se exímio manipulador de produtos naturais e adquiriu uma experiência que depois muito valorizou como médico e professor de Medicina.
Terminado o curso liceal, concluiu em 1861 os estudos preparatórios da Escola Politécnica de Lisboa, ingressando seguidamente no curso de Medicina da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa e no ano seguinte no curso de Farmácia, onde os conhecimentos que adquirira enquanto praticante de farmácia o ajudaram a terminar em 1864, com 21 anos de idade, o curso de farmacêutico com excelente classificação.
Após a conclusão do curso de Farmácia decidiu continuar estudos e concluiu em 1866, com apenas 23 anos de idade, também na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, o curso de Medicina, apresentando como tese de licenciatura o trabalho intitulado O Pneumogástrico Preside à Tonicidade da Fibra Muscular do Coração.
A 13 de julho de 1864 foi eleito sócio efectivo da Sociedade Farmacêutica Lusitana, por proposta subscrita por José Tedeschi, assumindo em pouco tempo um papel relevante na vida da instituição, elaborando ao longo da década seguinte múltiplos relatórios e pareceres e publicando vários artigos no periódico Jornal da Sociedade Farmacêutica, órgão oficial daquela associação. Foi durante mais de uma década vogal da Comissão de Saúde Pública da Sociedade, tendo um papel relevante na regulação de diversas práticas farmacêuticas potencialmente perigosas para a saúde pública. A 4 de agosto de 1874 foi feito membro benemérito da Sociedade, com fundamento na maneira brilhante como desempenhou o difícil e honroso encargo de representante de Portugal no congresso de Viena, nos assuntos de quarentenas e medidas sanitárias.
Em 1867 foi feito sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa.
Concluído o curso médico como aluno brilhante, em 1868 foi nomeado, após concurso público, para o cargo de demonstrador da Secção Médica da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Nesse mesmo ano foi eleito sócio da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, iniciando uma carreira ligada ao ensino e investigação na área da Medicina.
No desenvolvimento dessa carreira, em 1872 foi nomeado lente da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa e em 1874 médico extraordinário do Hospital de São José.
Entretanto afirmou-se como médico de nomeada e membro relevante de diversas agremiações científicas e cívicas, conquistando um lugar de relevo entre a intelectualidade de Lisboa. Como médico e professor, dava grande importância à componente psicológica e de relação humana da prática médica, ficando conhecido conselho incluído numa das suas lições: Quando entrardes de noite num hospital e ouvirdes algum doente gemer, aproximai-vos do seu leito, vede o que precisa o pobre enfermo e, se não tiverdes mais nada para lhe dar, dai-lhe um sorriso. Mesmo depois da sua morte, as suas lições coligidas foram referência obrigatória durante décadas.
O seu percurso académico e profissional levou-o ao cargo de secretário e bibliotecário da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, catedrático de Patologia Geral, Semiologia e História da Medicina, presidente da Comissão Executiva e da Secção de Medicina da expedição científica à Serra da Estrela organizada em 1881 pela Sociedade de Geografia de Lisboa e director efectivo da Enfermaria de São Miguel no Hospital de São José.
A sua actividade no Hospital de São José, e em particular a importante acção filantrópica que exercia a favor dos doentes mais pobres, afirmou-o como um dos médicos mais prestigiados de Portugal. Ganhou enorme prestígio na luta contra a tuberculose, que então atingia proporções epidémicas em Lisboa, que reforçou ao liderar a expedição científica à Serra da Estrela e ao defender a construção naquelas montanhas de sanatórios destinados à climoterapia daquela doença.
A expedição científica à Serra da Estrela foi organizada sob a égide da Sociedade de Geografia de Lisboa, de que Sousa Martins era sócio fundador e vogal do Conselho Central, reunindo em Agosto de 1881 uma plêiade de cientistas e intelectuais que estudaram aquela região portuguesa nas suas vertentes geográfica, meteorológica e antropológica num esforço sem precedentes de exploração sistemática do território português.
O interesse de Sousa Martins na realização da expedição prendia-se com a necessidade de conhecer a meteorologia e as condições sanitárias da região dado a importância então atribuída ao clima no tratamento da tuberculose pulmonar. Essa necessidade levou a que em conjunto com Brito Capelo tivesse requerido ao Governo, em 1882, a instalação de um posto meteorológico na Serra.
Na sequência da expedição Sousa Martins defendeu a implantação de Casas de Saúde na região serrana e foi um dos impulsionadores da fundação do Club Hermínio, uma associação de carácter humanitário que criada em 1888 se manteve activa pelo menos até 1892. Sousa Martins foi aclamado sócio honorário e presidente perpétuo pelos membros fundadores. Afirmando-se como uma instituição de solidariedade, o Club Hermínio tinha por finalidades promover o melhoramento das condições naturais da Serra da Estrela, considerada como estação sanitária através do estabelecimento de casas de saúde sob direcção médica, o socorro aos doentes pobres e o exercício de polícia higiénica em todos os pontos da Serra e nas habitações que fossem usados pelos doentes.
No Verão de 1888, com o patrocínio do Club Hermínio e com o apoio entusiástico de Sousa Martins e de Guilherme Teles de Meneses, esteve na Serra da Estrela o médico Basílio Freire, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, que ali assegurou acompanhamento médico gratuito aos doentes que o procuravam.
O principal objectivo de Sousa Martins era a construção de um sanatório na Serra da Estrela que de forma permanente pudesse acolher e tratar doentes com tuberculose pulmonar. Apesar do seu esforço e da sua influência junto da Coroa, já que desde 1888 era médico honorário da Real Câmara de Suas Majestades e Altezas, e do Governo, a iniciativa, aclamada por todos, tardou em materializar-se e o sanatório proposto apenas seria construído após a sua morte.
A construção do sanatório da Guarda, ficou a dever-se à Assistência Nacional aos Tuberculosos, a ANT, instituição que sob a presidência da rainha D. Amélia de Orleães conseguiu reunir os fundos necessários e materializar a construção e equipamento. A inauguração do sanatório, o primeiro a ser construído pela ANT e o terceiro de Portugal, ocorreu a 18 de maio de 1907, quase uma década após o falecimento de Sousa Martins. A inauguração incluiu uma homenagem àquele pioneiro da luta contra a tuberculose, cuja acção e dinamismo a rainha já evocara 1899 em intervenção pública integrada numa campanha de profilaxia da tuberculose.
Apesar do tempo decorrido após o falecimento de Sousa Martins, em sua homenagem, a nova instituição foi denominada Sanatório Dr. Sousa Martins e por ela passaram muitos milhares de doentes ao longo de mais de meio século de funcionamento. A sua importante acção deixou o nome ligado à zona serrana com tal perenidade que o principal hospital da cidade da Guarda o mantém Sousa Martins como patrono.
Foi também escolhido para representar Portugal em diversos eventos internacionais na área da Medicina: em 1874 foi nomeado delegado à Conferência Sanitária Internacional realizada em Viena; e em 1897 foi delegado à Conferência Sanitária Internacional, realizada em Veneza, onde foi eleito vice-presidente.
Adoeceu quando se encontrava em Veneza, regressando a Lisboa muito debilitado. Diagnosticada tuberculose, partiu para a Serra da Estrela à procura de alívio. Aparentemente convalescendo, recolheu-se a Alhandra, onde se instalou numa quinta, propriedade de amigos, tentando recuperar.
A doença agravou-se e aos 54 anos, tuberculoso terminal e sofrendo de lesão cardíaca, Sousa Martins cometeu suicídio, com uma injecção de morfina. Pouco antes, havia confidenciado a um amigo: "A morte não é mais forte do que eu" e "Um médico ameaçado de morte por duas doenças, ambas fatais, deve eliminar-se por si mesmo".
Na mensagem que enviou ao saber da morte de Sousa Martins, o rei D. Carlos I de Portugal afirmou: Ao deixar o mundo, chorou-o toda a terra que o conheceu. Foi uma perda irreparável, uma perda nacional, apagando-se com ele a maior luz do meu reino.
Também sobre ele, António Egas Moniz, Prémio Nobel da Medicina, disse: Notável professor que deixou, atrás de si, um nome aureolado de prelector admirável, de clínico, de orador consagrado, sempre alerta nas justas da Sociedade das Ciências Médicas.
Por sua vez Guerra Junqueiro considerou-o Eminente homem que radiou amor, encanto, esperança, alegria e generosidade. Foi amigo, carinhoso e dedicado dos pobres e dos poetas. A sua mão guiou. O seu coração perdoou. A sua boca ensinou. Honrou a medicina portuguesa e todos os que nele procuraram cura para os seus males.
O principal hospital da cidade da Guarda tem o nome de Hospital Sousa Martins, em homenagem ao trabalho pioneiro de Sousa Martins sobre a tuberculose e climoterapia que conduziu à promoção da Serra da Estrela como área propícia à instalação de sanatórios para o tratamento de tuberculosos. Para além disso, existem vários sítios que homenageiam o Dr. Sousa Martins, entre os quais um concorrido monumento, de autoria de Costa Motta (tio) no Campo de Santana, em Lisboa; um jazigo no Cemitério de Alhandra, onde se encontra sepultado; a Casa-Museu Dr. Sousa Martins, em Alhandra; e o busto do Dr. Sousa Martins, no Largo 7 de Março, na baixa alhandrense. Também a toponímia da cidade da Guarda, à qual o nome de Sousa Martins está associado desde o início do século XX mercê da estrutura sanatorial que ali existiu, o recorda no nome de uma das ruas do moderno Bairro da Senhora dos Remédios. Um pequeno monumento erguido dentro dos muros do antigo Sanatório da Guarda continua, diariamente, a receber preces e agradecimentos e, à semelhança do monumento lisboeta do Campo de Santana, está quase sempre emoldurado de flores e de ex-votos diversos.
O Dr. Sousa Martins nunca foi um adepto do Espiritismo, havendo contudo muitos dos seguidores dessa crença que lhe atribuem curas milagrosas, por intermédio das suas comunicações mediúnicas. A 7 de março e a 18 de agosto de cada ano, aniversários do seu nascimento e morte, milhares de devotos visitam e rezam sobre o seu túmulo e junto do sua estátua em Lisboa.

domingo, março 18, 2012

António Nobre morreu há 112 anos

António Pereira Nobre (Porto, 16 de agosto de 1867 - Foz do Douro, 18 de março de 1900), mais conhecido como António Nobre, foi um poeta português cuja obra se insere nas correntes ultra-romântica, simbolista, decadentista e saudosista (interessada na ressurgência dos valores pátrios) da geração finissecular do século XIX português. A sua principal obra, (Paris, 1892), é marcada pela lamentação e nostalgia, imbuída de subjectivismo, mas simultaneamente suavizada pela presença de um fio de auto-ironia e com a rotura com a estrutura formal do género poético em que se insere, traduzida na utilização do discurso coloquial e na diversificação estrófica e rítmica dos poemas. Apesar da sua produção poética mostrar uma clara influência de Almeida Garrett e de Júlio Dinis, ela insere-se decididamente nos cânones do simbolismo francês. A sua principal contribuição para o simbolismo lusófono foi a introdução da alternância entre o vocabulário refinado dos simbolistas e um outro mais coloquial, reflexo da sua infância junto do povo nortenho. Faleceu com apenas 33 anos de idade, após uma prolongada luta contra a tuberculose pulmonar.

Biografia
António Nobre nasceu na cidade do Porto a 16 de Agosto de 1867, numa família abastada. Passou a sua infância em Trás-os-Montes e na Póvoa de Varzim. Em 1888 matriculou-se no curso de Direito da Universidade de Coimbra, mas não se inseriu na vida estudantil coimbrã, reprovando por duas vezes. Optou então por partir, em 1890, para Paris onde frequentou a Escola Livre de Ciências Políticas (École Libre des Sciences Politiques, de Émile Boutmy), licenciando-se em Ciências Políticas no ano de 1895. Durante a sua permanência em França familiarizou-se com as novas tendências da poesia do seu tempo, aderindo ao simbolismo. Foi também em Paris que contactou com Eça de Queirós, na altura cônsul de Portugal naquela cidade, e escreveu a maior parte dos poemas que viriam a constituir a colectânea , que publicaria naquela cidade em 1892.
O livro de poesia , que seria a sua única obra publicada em vida, constitui um dos marcos da poesia portuguesa do século XIX. Esta obra seria, ainda em sua vida, reeditada em Lisboa, com variantes, lançando definitivamente o poeta no meio cultural português. Aparecida num período em que o simbolismo era a corrente dominante na poesia portuguesa coeva, diferencia-se dos cânones dominantes desta corrente, o que poderá explicar as críticas pouco lisonjeiras com que a obra foi inicialmente recebida em Portugal. Apesar desse acolhimento, a obra de António Nobre teve como mérito, juntamente com Cesário Verde, Guerra Junqueiro, Antero de Quental, entre outros, de influenciar decisivamente o modernismo português e tornar a escrita simbolista mais coloquial e leve.
No seu regresso a Portugal decidiu enveredar pela carreira diplomática, tendo participado, sem sucesso, num concurso para cônsul. Entretanto adoece com tuberculose pulmonar, doença que o obriga a ocupar o resto dos seus dias em viagens entre sanatórios na Suíça e na Madeira, passando por New York, pelos arredores de Lisboa e pela casa da família no Seixo, procurando em vão na mudança de clima o remédio para o seu mal.
Vítima da tuberculose pulmonar, faleceu na Foz do Douro, a 18 de março de 1900, com apenas 33 anos de idade, em casa de seu irmão Augusto Nobre, reputado biólogo e professor da Universidade do Porto. Deixou inédita a maioria da sua obra poética. Apesar da morte prematura, e de só ter publicado em vida uma obra, a colectânea , António Nobre influenciou os grandes nomes do modernismo português, como Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, deixando uma marca indelével na literatura lusófona.

Obra
António Nobre referindo-se ao seu único livro publicado em vida, (1892), declara que é o livro mais triste que há em Portugal. Apesar disso, e de ser real o sentimento de tristeza e de exílio que perpassa em toda a sua obra, ela aparece marcada pela memória de uma infância feliz no norte de Portugal e pelo relembrar das paisagens e das gentes que conheceu no Douro interior e no litoral português a norte do Porto, onde passou na infância e juventude, e em Coimbra, onde começou estudos de Direito.
Na sua poesia concede grande atenção ao real, descrito com minúcia e afecto, mesmo se à distância da memória e do sentimento de exílio que entretanto o invadira. Este sentimento, só aparentemente resultado da sua ida para Paris, estará presente em toda a sua obra, mesmo naquela que foi escrita após o seu regresso a Portugal.
Embora a tuberculose pulmonar apenas se tenha manifestado depois de publicada a primeira edição do livro, pelo que são erróneas as leituras que pretendem ver os poemas de à luz daquela doença, em toda a obra de António Nobre está presente a procura de um regresso a um passado feliz, que transfigura a realidade, poetizando-a e aproximando-a da intimidade do poeta. Estas características da sua obra, que reflectem as influências simbolistas e decadentistas que recebeu em Coimbra e Paris, são acompanhadas de alguma ironia amarga perante o que achava ser a agonia de Portugal e a sua própria, particularmente na fase final da sua vida na qual as circunstâncias críticas do seu estado de saúde contribuíram em muito para as características da sua obra.
Em todos os seus livros ( e os póstumos Primeiros versos e Despedidas), bem como no seu abundante epistolário, está presente um sentimentalismo aparentemente simples, reflectido nos temas recorrentes da sua obra: a saudade, o exílio, a pátria e a poesia. Este sentimentalismo ganha uma dimensão mítica, por vezes um certo visionarismo, na procura de um passado pessoal entretanto perdido pelo desenraizamento da sua pátria ou pelo sentimento de amargura a sua estagnação lhe causa, como se percebe no seu poema Carta a Manuel.
Na sua obra poética, António Nobre procurou recuperar um pitoresco português ligado à vida dos simples, ao seu vigor e à sua tragédia, pelos quais sentia uma ternura ingénua e pueril. Nessa tentativa assume uma atitude romântica e saudosista que marcaria profundamente a literatura portuguesa posterior, aproximando-o de figuras literárias como Guerra Junqueiro e Almeida Garrett.
Esta proximidade e admiração a Almeida Garrett são confessadas pelo próprio autor no poema intitulado significativamente Viagens na minha terra:
«Ora, às ocultas, eu trazia No seio, um livro e lia, lia Garrett da minha paixão»
Estilisticamente, António Nobre, recusou a elaboração convencional, a oratória e a linguagem elevada do simbolismo do seu tempo, procurando dar à sua poesia um tom de coloquialidade, cheio de ritmos livres e musicais, acompanhado de uma imagística rica e original. Nesta ruptura com o simbolismo foi precursor da modernidade. Marcantes, ainda, na sua obra são o seu pessimismo e a obsessão da morte (como em Balada do Caixão, Ca(ro) Da(ta) Ver(mibus), Males de Anto ou Meses depois, num cemitério), o fatalismo com a sua predestinação para a infelicidade (como em Memória, Lusitânia No Bairro Latino ou D. Enguiço) e o apreço pela paisagem e pelos tipos pitorescos portugueses (como na segunda e terceira partes de António, Viagens na Minha Terra ou no soneto Poveirinhos! Meus velhos pescadores).
Considerada ousada para a época, a obra de António Nobre foi lida por alguns como nacionalista e tradicionalista. Essa leitura foi abandonada pela crítica mais recente que reconhece não se tratar de uma obra solipsista e ensimesmada, antes vê nela a representação de um universo interior e de um Portugal que epitomizam o sujeito finissecular e que expressam uma crise de valores que em breve, historicamente, traria mudanças de vulto.
Na sua obra póstuma, constam Despedidas 1895-1899 (1902), que inclui um fragmento de um poema sebastianista de intenção épica, O Desejado, e Primeiros Versos 1882-1889 (1921). A sua vasta correspondência foi entretanto editada, acompanhada de diversos estudos sobre a sua vida e obra. António Nobre colaborou ainda em revistas como A Mocidade de Hoje (1883) e Boémia Nova (1889).
Apesar do escasso número de volumes da obra de António Nobre, ela constitui um dos grandes marcos da poesia do século XIX e uma referência obrigatória da Literatura Portuguesa. Aquele autor é assim, à semelhança de outros autores de obra quase única, como são Cesário Verde e Camilo Pessanha, uma figura incontornável da poesia lusófona.



O Teu Retrato

Deus fez a noite com o teu olhar,
Deus fez as ondas com os teus cabelos;
Com a tua coragem fez castelos
Que pôs, como defesa, à beira-mar.

Com um sorriso teu, fez o luar
(Que é sorriso de noite, ao viandante)
E eu que andava pelo mundo, errante,
Já não ando perdido em alto-mar!

Do céu de Portugal fez a tua alma!
E ao ver-te sempre assim, tão pura e calma,
Da minha Noite, eu fiz a Claridade!

Ó meu anjo de luz e de esperança,
Será em ti afinal que descansa
O triste fim da minha mocidade!

in
Despedidas (1902) - António Nobre

domingo, dezembro 11, 2011

Robert Koch nasceu há 168 anos

 
 Selo postal alemão de 2005
   
Heinrich Hermann Robert Koch (Clausthal, 11 de dezembro de 1843 - Baden-Baden, 27 de maio de 1910) foi um médico, patologista e bacteriologista alemão. Foi um dos fundadores da microbiologia e um dos principais responsáveis pela actual compreensão da epidemiologia das doenças transmissíveis.
As suas principais contribuições para a ciência médica incluem a descoberta e descrição do agente do carbúnculo e do seu ciclo, a etiologia da infecção traumática, os métodos de fixação e coloração de bactérias para estudo no microscópio com respectiva identificação e classificação, e a descoberta, em 1882, do bacilo da tuberculose (o Bacilo de Koch) e sua responsabilização etiológica. O seu primeiro artigo sobre esta descoberta contém a primeira declaração do que veio a ser conhecido pelos postulados de Koch.
Em 1883, descobriu - ou redescobriu, segundo alguns autores - o vibrio cholerae. Foi contemplado com o Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1905.