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sexta-feira, maio 22, 2020
Conan Doyle, o pai de Sherlock Holmes, nasceu há 161 anos
Arthur Ignatius Conan Doyle (Edimburgo, 22 de maio de 1859 - Crowborough, 7 de julho de 1930) foi um escritor e médico britânico, nascido na Escócia, mundialmente famoso pelas suas cerca de sessenta histórias sobre o detetive Sherlock Holmes, consideradas uma grande inovação no campo da literatura criminal. Foi um renomado e prolífico escritor cujos trabalhos incluem histórias de ficção científica, novelas históricas, peças e romances, poesias e obras de não-ficção.
Arthur Conan Doyle viveu e escreveu parte das suas obras em Southsea, um bairro elegante de Portsmouth.
Estátua de Sherlock Holmes em Londres
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Marcadores: Conan Doyle, espiritismo, literatura, literatura policial, Sherlock Holmes
quarta-feira, maio 22, 2019
Conan Doyle, o pai de Sherlock Holmes, nasceu há 160 anos
Sir Arthur Ignatius Conan Doyle (Edimburgo, 22 de maio de 1859 - Crowborough, 7 de julho de 1930) foi um escritor e médico britânico, nascido na Escócia, mundialmente famoso por suas 60 histórias sobre o detetive Sherlock Holmes, consideradas uma grande inovação no campo da literatura criminal. Foi um escritor prolífico cujos trabalhos incluem histórias de ficção científica, novelas históricas, peças e romances, poesias e obras de não-ficção.
Arthur Conan Doyle viveu e escreveu parte de suas obras em Southsea, um bairro elegante de Portsmouth.
Vida
Filho de um inglês de ascendência irlandesa - Charles Altamont Doyle - e de uma mãe irlandesa - com nome de solteira Mary Foley - que se casaram em 1855 - uma família rigorosamente católica, herdando da mãe o caráter cavalheiresco, tendo sido ela quem lhe ministrou as primeiras letras.
Embora ele seja hoje conhecido como "Conan Doyle", a origem de seu
sobrenome composto (se é que ele queria que esse nome fosse assim
entendido) é incerta. O seu registo de batismo na Catedral de Santa
Maria em Edimburgo afirma que "Arthur Ignatius Conan" é seu nome
cristão, e apenas "Doyle" é seu sobrenome. O batismo também intitula
Michael Conan como seu padrinho.
Conan Doyle foi enviado para o curso preparatório num colégio jesuíta da vila de Hodder Place, Stonyhurst (em Lancashire)
quando tinha nove anos. Matriculou-se em seguida no Colégio Stonyhurst
mas, em 1875, quando concluiu o ensino secundário, rejeitava o cristianismo e tornou-se agnóstico; esse questionamento surgiu de sua admiração pelo escritor Thomas Babington Macauley, que se dizia agnóstico e, após ouvir uma preleção onde um padre
afirmara que os não-católicos iriam para o inferno, os seus
questionamentos fizeram-se mais agudos. Mais tarde outro agnóstico viria
a influenciá-lo - Dr. Bryan Charles Waller. Literariamente, foi
fortemente marcado por Walter Scott e Edgar Allan Poe, além de Macauley.
Entre 1876 e 1881, ele estudou medicina na Universidade de Edimburgo, passando também um tempo na cidade de Aston (hoje um distrito de Birmingham) e em Sheffield. Em 1878, por exemplo, trabalhou por três semanas, em troca de casa e comida, como médico aprendiz nos subúrbios de Sheffield, de cuja experiência relatou em carta: "Esta gente de Sheffield preferiria ser envenenada por um homem com barba do que ser salva por um homem imberbe".
Enquanto estudava, começou a escrever pequenas histórias; sua
primeira obra foi publicada antes de completar os 20 anos, aparecendo no
Chambers’s Edinburgh Journal. Ainda estudante teve a sua primeira experiência naval, como médico numa baleeira, onde ficou sete meses no Oceano Ártico.
Após a sua formação na universidade, em 1881, serviu como médico de bordo no navio "Mayumba" em viagem à costa Oeste da África mas, em outubro daquele ano, a embarcação passou por sérias dificuldades no mar e, quando regressou a Liverpool no ano seguinte, Doyle escreve a sua mãe - que o incentivara nesta aventura - dizendo que não mais embarcaria pois "o que ganho é menos do que poderia ganhar com a minha pena ao mesmo tempo, e o clima é atroz."
Completou o seu doutoramento versando sobre tabes dorsalis em 1885.
Emprego e as origens de Sherlock Holmes
Em 1882, ele juntou-se ao seu antigo colega de classe George Budd para formar uma parceria numa prática médica em Plymouth,
mas a relação entre eles provou ser difícil, e, logo, Conan Doyle
passou a fazer a sua prática médica independentemente. Chegando a
Portsmouth em junho daquele ano com menos de £10,
ele começou a atender na 1 Bush Villas em Elm Grove, Southsea. Os
negócios não tiveram muito sucesso; enquanto aguardava por pacientes,
ele voltou a escrever as suas histórias. A sua primeira obra notável foi Um Estudo em Vermelho, publicada no Beeton’s Christmas Annual de 1887, e em que foi a primeira vez em que Sherlock Holmes
apareceu. Holmes era parcialmente baseado no seu professor da sua época
na universidade, Joseph Bell, a quem Conan Doyle escreveu: "É mais do
que certo que é a você a quem eu devo Sherlock Holmes… Com base no
centro de dedução, na interferência e na observação que ouvi você
inculcar, tentei construir um homem.". As futuras histórias a apresentar
Sherlock Holmes foram publicadas na inglesa Strand Magazine. O que é
interessante é que, mesmo na distante Samoa,
Robert Louis Stevenson foi capaz de reconhecer a forte similaridade
entre Joseph Bell e Sherlock Holmes. "Meus parabéns às geniais e
interessantes aventuras de Sherlock Holmes… Seria este meu velho amigo
Joe Bell?". Outros autores ocasionalmente sugerem influências
adicionais, como o famoso personagem de Edgar Allan Poe, C. Auguste Dupin.
Durante a sua estadia em Southsea, ele jogou futebol
amador na equipa Portsmouth Association Club, na posição de guarda redes, sob o
pseudónimo de A. C. Smith (este clube desapareceu em 1894 e não possui
qualquer conexão com o Portsmouth F. C. de hoje, que foi fundado em 1898). Conan Doyle também era um grande jogador de críquete,
e, entre 1899 e 1907, ele jogou dez partidas de primeira classe para o
MCC. A sua maior pontuação foi de 43 jogando contra o London County em
1902. Ele jogava boliche ocasionalmente, jogando apenas em uma liga de primeira classe. Além disso, ele era um grande golfista, eleito como capitão do Clube de Golfe de Crowborough Beacon, East Sussex, em 1910.
Família
Em 1885 casou com Louisa (ou Louise) Hawkins, conhecida como "Touie", que sofria de tuberculose
e acabou por morrer no dia 4 de julho de 1906. Em 1907, ele se casou com
Jean Elizabeth Leckie, com quem ele se apaixonou em 1897, mas manteve
uma relação platónica enquanto a sua primeira esposa ainda estava viva, por lealdade para com ela. Jean morreu no dia 27 de junho de 1940 em Londres.
Conan Doyle teve cinco filhos, dois com sua primeira esposa – (1)
Mary Louise (28 de janeiro de 1889 – 12 de junho de 1976) e (2) Arthur
Alleyne Kingsley, conhecido como "Kingsley" (15 de novembro de 1892 – 28
de outubro de 1918) – e três com sua segunda esposa – (3) Denis Percy
Stewart (17 de março de 1909 – 9 de março de 1955), este, em 1936, o
segundo marido da princesa georgiana
Nina Mdivani (cerca de 1910 – 19 de fevereiro de 1987; ex-cunhada de
Barbara Hutton), (4) Adrian Malcolm (1910 – 1970) e (5) Jean Lena
Annette (1912 – 1997).
Morte de Sherlock Holmes
Em 1890, Conan Doyle começou a estudar os olhos em Viena; ele se mudou para Londres em 1891 para começar a atender como oftalmologista. Conforme diz a sua autobiografia,
nenhum paciente sequer passou pela porta de seu consultório, o que lhe
deu mais tempo para escrever. Em novembro de 1891, ele escreveu para sua
mãe: "Acho que vou assassinar Holmes… e lhe dar fim de uma vez por
todas. Ele priva minha mente de coisas melhores". A sua mãe respondeu,
dizendo, "Faça o que achar melhor, mas o público não aceitará essa
atitude em silêncio.". Em dezembro de 1893, ele fez o que pretendia para
dedicar mais tempo a obras que ele considerava mais "importantes" – os
seus livros históricos.
Holmes e Moriarty aparentemente mergulharam para as suas mortes nas Cataratas de Reichenbach na história The Final Problem. A manifestação de desagrado do público fez com que o escritor trouxesse o personagem de volta; ele retornou na história A Casa Vazia, com a explicação de que apenas Moriarty havia caído, mas como Holmes tinha outros inimigos perigosos, especialmente o Coronel Sebastian Moran,
ele fingiu estar "temporariamente" morto. Com isso, Holmes apareceu em
um total de 56 pequenas histórias e quatro livros, escritos por Conan
Doyle (ele apareceu em vários livros e histórias por outros autores).
Envolvimento em campanhas políticas
Após a guerra bôer, que ocorreu na virada do século XX na África do Sul, e o escárnio vindo de todo o mundo por causa da conduta do Reino Unido, Conan Doyle escreveu um pequeno panfleto intitulado A Guerra na África do Sul: Causa e Conduta, justificando o papel do Reino Unido na guerra bôer. O panfleto foi traduzido para vários idiomas.
Conan Doyle acreditava que foi por causa deste panfleto que ele foi
condecorado com o título de cavaleiro em 1902 e indicado como
deputado-tenente de Surrey. Em 1900, ele escreveu algo maior, um livro, A Grande Guerra Bôer. Nos primeiros anos do século XX, Sir Arthur tentou entrar para o Parlamento como um membro da União Liberal
duas vezes, uma em Edimburgo e outra em Hawick Burghs, mas, embora
tenha recebido uma quantidade respeitável de votos, não conseguiu ser
eleito.
Conan Doyle envolveu-se na campanha pela reforma do Estado Livre do Congo, liderada pelo jornalista E. D. Morel e pelo diplomata Roger Casement. Em 1909, ele escreveu O Crime do Congo,
um grande panfleto no qual ele denunciava os horrores daquele país. Ele
se tornou um grande amigo de Morel e Casement, e é possível que eles,
juntamente como Bertram Fletcher Robinson, tenham servido de inspiração
para vários personagens do livro O Mundo Perdido (1912).
Ele rompeu relações com ambos quando Morel se tornou um dos líderes do movimento pacifista da Primeira Guerra Mundial, e quando Casement foi acusado de traição contra o Reino Unido durante a revolta da Páscoa.
Conan Doyle tentou, sem sucesso, salvar Casement da pena de morte,
alegando que ele estava louco e não era responsável por suas ações.
Envolvimento com o Espiritismo
Conan Doyle, no ano de 1887, travou o seu primeiro contato com o Espiritismo, iniciando neste mesmo ano, junto ao seu amigo Ball, arquiteto de Portsmouth, sessões mediúnicas que o fizeram rever seus conceitos.
Após as mortes de sua esposa Louisa (1906),
do seu filho Kingsley, do seu irmão Innes, de seus dois cunhados (um
dos quais E. W. Hornung, criador do personagem literário Raffles), e de seus dois netos logo após a Primeira Guerra Mundial, Conan Doyle mergulhou em profundo estado de depressão. Kingsley Doyle faleceu a 28 de outubro de 1918 de uma pneumonia que contraiu durante a convalescença, após ter sido seriamente ferido durante a batalha do Somme em 1916. O General Brigadeiro Innes Doyle faleceu em fevereiro de 1919, também de pneumonia.
Encontrou consolação apoiando-se no Espiritismo, e esse envolvimento
levou-o a escrever sobre o assunto. No auge da fama, em 1918, enfrenta
todos os céticos e publica "A Nova Revelação", obra em que manifesta a sua convicção na explicação espírita para as manifestações paranormais estudadas a esmo durante o século XIX, e inicia uma série de outras, em meio a palestras sobre o tema. Em "A Chegada das Fadas" (1921) reproduziu na obra teorias sobre a natureza e a existência de fadas e espíritos. Posteriormente, em "The History of Spiritualism" (1926) de natureza histórica, aborda a história do movimento espiritualista anglo-saxónico (desenvolvido nos países de língua inglesa), do Espiritismo (codificado pelo pedagogo francês
Hippolyte Léon Denizard Rivail), além desses movimentos Conan Doyle
enfatizou sobre os movimentos espiritualistas alemão e italiano, com
destaque para os fenómenos físicos e as materializações espirituais
produzidas por Eusápia Paladino e Mina "Margery" Crandon. O assunto foi retomado em "The Land of Mist" (1926), de natureza ficcional, com o personagem "Professor Challenger".
Os seus trabalhos sobre o tema foi um dos motivos pelos quais a sua compilação de pequenas histórias, As Aventuras de Sherlock Holmes, foi proibida na União Soviética em 1929 por suposto ocultismo. A proibição foi retirada mais tarde. O ator russo Vasily Livanov receberia uma Ordem do Império Britânico por sua interpretação de Sherlock Holmes.
Por algum tempo, Conan Doyle foi um amigo do mágico Harry Houdini, que se tornaria um grande oponente do movimento moderno espiritualista na década de 1920 após a morte de sua mãe. Embora Houdini insistisse que os médiuns da época faziam truques de ilusionismo
(e buscava expor tais médiuns como fraudes), Conan Doyle já estava
convencido de que o próprio Houdini possuía poderes sobrenaturais, um
ponto de vista expresso em O Limite do Desconhecido.
Aparentemente, Houdini não foi capaz de convencer Conan Doyle de que
seus feitos eram simples ilusões, levando a uma amarga e pública quebra
de relações entre os dois.
A sua convicção foi além: para receber o título de Par (Peer)
do Reino Britânico, foi-lhe imposta a condição de renunciar às suas
crenças. Confrontando a todos, e ao sectarismo vigente, permaneceu fiel à
fé que abraçara, e que acompanhou até aos seus últimos dias. Foi
Presidente Honorário da International Spiritualist Federation (1925-1930), Presidente da Aliança Espírita de Londres e Presidente do Colégio Britânico de Ciência Espírita.
Richard Milner, historiador americano de ciências, apresentou um caso no qual Conan Doyle pode ter sido o responsável pela fraude do homem de Piltdown
de 1912, criando um fóssil hominídeo falso que enganou o mundo
científico durante mais de 40 anos. Milner disse que o motivo de Conan Doyle
era de se vingar do mundo científico por destratar uma de
suas áreas favoritas, dizendo ainda que O Mundo Perdido continha várias pistas criptografadas que se tratavam do seu envolvimento com a fraude.
O livro de 1974 escrito por Samuel Rosenberg, Naked is the Best Disguise,
se propõe a explicar como Conan Doyle deixou no meio de seus escritos
pistas abertas que se relatam a aspectos ocultos da sua mentalidade.
Morte
Conan Doyle foi encontrado, apertando o seu peito, nos corredores da
Windlesham, a sua casa em Crowborough, East Sussex, no dia 7 de julho de
1930. Ele morreu de ataque cardíaco aos 71 anos. As suas últimas palavras foram ditas à sua esposa: "Você é maravilhosa.". A tradução em português de seu epitáfio em seu túmulo no Cemitério de Minstead é:
VERDADEIRO AÇO
LÂMINA AFIADA
ARTHUR CONAN DOYLE
CAVALHEIRO
PATRIOTA, MÉDICO & HOMEM DE LETRAS
LÂMINA AFIADA
ARTHUR CONAN DOYLE
CAVALHEIRO
PATRIOTA, MÉDICO & HOMEM DE LETRAS
Undershaw, a casa que Conan Doyle havia construído nas redondezas de
Hindhead, ao Sul de Londres, e onde ele viveu por aproximadamente uma
década, virou um hotel e restaurante entre 1924 e 2004. A casa foi,
então, adquirida por um desenvolvedor, e foi mantida vazia desde então
enquanto conservacionistas e fãs do autor lutam para preservá-la.
Há uma estátua em honra a Conan Doyle em Crowborough Cross,
Crowborough, onde Conan Doyle viveu durante 23 anos. Também há uma estátua
de Sherlock Holmes em Picardy Place, Edimburgo, Escócia, próximo da casa
onde Conan Doyle nasceu.
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quinta-feira, maio 22, 2014
Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes, nasceu há 155 anos
Sir Arthur Ignatius Conan Doyle (Edimburgo, 22 de maio de 1859 - Crowborough, 7 de julho de 1930) foi um escritor e médico britânico, nascido na Escócia, mundialmente famoso por suas 60 histórias sobre o detetive Sherlock Holmes, consideradas uma grande inovação no campo da literatura criminal. Foi um escritor prolífico cujos trabalhos incluem histórias de ficção científica, novelas históricas, peças e romances, poesias e obras de não-ficção.
Arthur Conan Doyle viveu e escreveu parte de suas obras em Southsea, um bairro elegante de Portsmouth.
Vida
Filho de um inglês de ascendência irlandesa - Charles Altamont Doyle - e de uma mãe irlandesa - com nome de solteira Mary Foley - que se casaram em 1855 - uma família rigorosamente católica, herdando da mãe o caráter cavalheiresco, tendo sido ela quem lhe ministrou as primeiras letras.
Embora ele seja hoje conhecido como "Conan Doyle", a origem de seu
sobrenome composto (se é que ele queria que esse nome fosse assim
entendido) é incerta. O seu registo de batismo na Catedral de Santa
Maria em Edimburgo afirma que "Arthur Ignatius Conan" é seu nome
cristão, e apenas "Doyle" é seu sobrenome. O batismo também intitula
Michael Conan como seu padrinho.
Conan Doyle foi enviado para o curso preparatório num colégio jesuíta da vila de Hodder Place, Stonyhurst (em Lancashire)
quando tinha nove anos. Matriculou-se em seguida no Colégio Stonyhurst
mas, em 1875, quando concluiu o ensino secundário, rejeitava o cristianismo e tornou-se agnóstico; esse questionamento surgiu de sua admiração pelo escritor Thomas Babington Macauley, que se dizia agnóstico e, após ouvir uma preleção onde um padre
afirmara que os não-católicos iriam para o inferno, os seus
questionamentos fizeram-se mais agudos. Mais tarde outro agnóstico viria
a influenciá-lo - Dr. Bryan Charles Waller. Literariamente, foi
fortemente marcado por Walter Scott e Edgar Allan Poe, além de Macauley.
Entre 1876 e 1881, ele estudou medicina na Universidade de Edimburgo, passando também um tempo na cidade de Aston (hoje um distrito de Birmingham) e em Sheffield. Em 1878, por exemplo, trabalhou por três semanas, em troca de casa e comida, como médico aprendiz nos subúrbios de Sheffield, de cuja experiência relatou em carta: "Esta gente de Sheffield preferiria ser envenenada por um homem com barba do que ser salva por um homem imberbe".
Enquanto estudava, começou a escrever pequenas histórias; sua
primeira obra foi publicada antes de completar os 20 anos, aparecendo no
Chambers’s Edinburgh Journal. Ainda estudante teve a sua primeira experiência naval, como médico numa baleeira, onde ficou sete meses no Oceano Ártico.
Após a sua formação na universidade, em 1881, serviu como médico de bordo no navio "Mayumba" em viagem à costa Oeste da África mas, em outubro daquele ano, a embarcação passou por sérias dificuldades no mar e, quando regressou a Liverpool no ano seguinte, Doyle escreve a sua mãe - que o incentivara nesta aventura - dizendo que não mais embarcaria pois "o que ganho é menos do que poderia ganhar com a minha pena ao mesmo tempo, e o clima é atroz."
Completou seu doutorado versando sobre tabes dorsalis em 1885.
Emprego e as origens de Sherlock Holmes
Em 1882, ele juntou-se ao seu antigo colega de classe George Budd para formar uma parceria numa prática médica em Plymouth,
mas a relação entre eles provou ser difícil, e, logo, Conan Doyle
passou a fazer a sua prática médica independentemente. Chegando a
Portsmouth em junho daquele ano com menos de £10,
ele começou a atender na 1 Bush Villas em Elm Grove, Southsea. Os
negócios não tiveram muito sucesso; enquanto aguardava por pacientes,
ele voltou a escrever as suas histórias. A sua primeira obra notável foi Um Estudo em Vermelho, publicada no Beeton’s Christmas Annual de 1887, e em que foi a primeira vez em que Sherlock Holmes
apareceu. Holmes era parcialmente baseado no seu professor da sua época
na universidade, Joseph Bell, a quem Conan Doyle escreveu: "É mais do
que certo que é a você a quem eu devo Sherlock Holmes… Com base no
centro de dedução, na interferência e na observação que ouvi você
inculcar, tentei construir um homem.". As futuras histórias a apresentar
Sherlock Holmes foram publicadas na inglesa Strand Magazine. O que é
interessante é que, mesmo na distante Samoa,
Robert Louis Stevenson foi capaz de reconhecer a forte similaridade
entre Joseph Bell e Sherlock Holmes. "Meus parabéns às geniais e
interessantes aventuras de Sherlock Holmes… Seria este meu velho amigo
Joe Bell?". Outros autores ocasionalmente sugerem influências
adicionais, como o famoso personagem de Edgar Allan Poe, C. Auguste Dupin.
Durante a sua estadia em Southsea, ele jogou futebol
amador na equipa Portsmouth Association Club, na posição de guarda redes, sob o
pseudónimo de A. C. Smith (este clube desapareceu em 1894 e não possui
qualquer conexão com o Portsmouth F. C. de hoje, que foi fundado em 1898). Conan Doyle também era um grande jogador de críquete,
e, entre 1899 e 1907, ele jogou dez partidas de primeira classe para o
MCC. A sua maior pontuação foi de 43 jogando contra o London County em
1902. Ele jogava boliche ocasionalmente, jogando apenas em uma liga de primeira classe. Além disso, ele era um grande golfista, eleito como capitão do Clube de Golfe de Crowborough Beacon, East Sussex, em 1910.
Família
Em 1885, ele se casou com Louisa (ou Louise) Hawkins, conhecida como "Touie", que sofria de tuberculose
e acabou por morrer no dia 4 de julho de 1906. Em 1907, ele se casou com
Jean Elizabeth Leckie, com quem ele se apaixonou em 1897, mas manteve
uma relação platónica enquanto a sua primeira esposa ainda estava viva, por lealdade para com ela. Jean morreu no dia 27 de junho de 1940 em Londres.
Conan Doyle teve cinco filhos, dois com sua primeira esposa – (1)
Mary Louise (28 de janeiro de 1889 – 12 de junho de 1976) e (2) Arthur
Alleyne Kingsley, conhecido como "Kingsley" (15 de novembro de 1892 – 28
de outubro de 1918) – e três com sua segunda esposa – (3) Denis Percy
Stewart (17 de março de 1909 – 9 de março de 1955), este, em 1936, o
segundo marido da princesa georgiana
Nina Mdivani (cerca de 1910 – 19 de fevereiro de 1987; ex-cunhada de
Barbara Hutton), (4) Adrian Malcolm (1910 – 1970) e (5) Jean Lena
Annette (1912 – 1997).
Morte de Sherlock Holmes
Em 1890, Conan Doyle começou a estudar os olhos em Viena; ele se mudou para Londres em 1891 para começar a atender como oftalmologista. Conforme diz a sua autobiografia,
nenhum paciente sequer passou pela porta de seu consultório, o que lhe
deu mais tempo para escrever. Em novembro de 1891, ele escreveu para sua
mãe: "Acho que vou assassinar Holmes… e lhe dar fim de uma vez por
todas. Ele priva minha mente de coisas melhores". A sua mãe respondeu,
dizendo, "Faça o que achar melhor, mas o público não aceitará essa
atitude em silêncio.". Em dezembro de 1893, ele fez o que pretendia para
dedicar mais tempo a obras que ele considerava mais "importantes" – os
seus livros históricos.
Holmes e Moriarty aparentemente mergulharam para as suas mortes nas Cataratas de Reichenbach na história The Final Problem. A manifestação de desagrado do público fez com que o escritor trouxesse o personagem de volta; ele retornou na história A Casa Vazia, com a explicação de que apenas Moriarty havia caído, mas como Holmes tinha outros inimigos perigosos, especialmente o Coronel Sebastian Moran,
ele fingiu estar "temporariamente" morto. Com isso, Holmes apareceu em
um total de 56 pequenas histórias e quatro livros, escritos por Conan
Doyle (ele apareceu em vários livros e histórias por outros autores).
Envolvimento em campanhas políticas
Após a guerra bôer, que ocorreu na virada do século XX na África do Sul, e o escárnio vindo de todo o mundo por causa da conduta do Reino Unido, Conan Doyle escreveu um pequeno panfleto intitulado A Guerra na África do Sul: Causa e Conduta, justificando o papel do Reino Unido na guerra bôer. O panfleto foi traduzido para vários idiomas.
Conan Doyle acreditava que foi por causa deste panfleto que ele foi
condecorado com o título de cavaleiro em 1902 e indicado como
deputado-tenente de Surrey. Em 1900, ele escreveu algo maior, um livro, A Grande Guerra Bôer. Nos primeiros anos do século XX, Sir Arthur tentou entrar para o Parlamento como um membro da União Liberal
duas vezes, uma em Edimburgo e outra em Hawick Burghs, mas, embora
tenha recebido uma quantidade respeitável de votos, não conseguiu ser
eleito.
Conan Doyle envolveu-se na campanha pela reforma do Estado Livre do Congo, liderada pelo jornalista E. D. Morel e pelo diplomata Roger Casement. Em 1909, ele escreveu O Crime do Congo,
um grande panfleto no qual ele denunciava os horrores daquele país. Ele
se tornou um grande amigo de Morel e Casement, e é possível que eles,
juntamente como Bertram Fletcher Robinson, tenham servido de inspiração
para vários personagens do livro O Mundo Perdido (1912).
Ele rompeu relações com ambos quando Morel se tornou um dos líderes do movimento pacifista da Primeira Guerra Mundial, e quando Casement foi acusado de traição contra o Reino Unido durante a revolta da Páscoa.
Conan Doyle tentou, sem sucesso, salvar Casement da pena de morte,
alegando que ele estava louco e não era responsável por suas ações.
Envolvimento com o Espiritismo
Conan Doyle, no ano de 1887, travou o seu primeiro contato com o Espiritismo, iniciando neste mesmo ano, junto ao seu amigo Ball, arquiteto de Portsmouth, sessões mediúnicas que o fizeram rever seus conceitos.
Após as mortes de sua esposa Louisa (1906),
do seu filho Kingsley, do seu irmão Innes, de seus dois cunhados (um
dos quais E. W. Hornung, criador do personagem literário Raffles), e de seus dois netos logo após a Primeira Guerra Mundial, Conan Doyle mergulhou em profundo estado de depressão. Kingsley Doyle faleceu a 28 de outubro de 1918 de uma pneumonia que contraiu durante a convalescença, após ter sido seriamente ferido durante a batalha do Somme em 1916. O General Brigadeiro Innes Doyle faleceu em fevereiro de 1919, também de pneumonia.
Encontrou consolação apoiando-se no Espiritismo, e esse envolvimento
levou-o a escrever sobre o assunto. No auge da fama, em 1918, enfrenta
todos os céticos e publica "A Nova Revelação", obra em que manifesta a sua convicção na explicação espírita para as manifestações paranormais estudadas a esmo durante o século XIX, e inicia uma série de outras, em meio a palestras sobre o tema. Em "A Chegada das Fadas" (1921) reproduziu na obra teorias sobre a natureza e a existência de fadas e espíritos. Posteriormente, em "The History of Spiritualism" (1926) de natureza histórica, aborda a história do movimento espiritualista anglo-saxónico (desenvolvido nos países de língua inglesa), do Espiritismo (codificado pelo pedagogo francês
Hippolyte Léon Denizard Rivail), além desses movimentos Conan Doyle
enfatizou sobre os movimentos espiritualistas alemão e italiano, com
destaque para os fenómenos físicos e as materializações espirituais
produzidas por Eusápia Paladino e Mina "Margery" Crandon. O assunto foi retomado em "The Land of Mist" (1926), de natureza ficcional, com o personagem "Professor Challenger".
Os seus trabalhos sobre o tema foi um dos motivos pelos quais a sua compilação de pequenas histórias, As Aventuras de Sherlock Holmes, foi proibida na União Soviética em 1929 por suposto ocultismo. A proibição foi retirada mais tarde. O ator russo Vasily Livanov receberia uma Ordem do Império Britânico por sua interpretação de Sherlock Holmes.
Por algum tempo, Conan Doyle foi um amigo do mágico Harry Houdini, que se tornaria um grande oponente do movimento moderno espiritualista na década de 1920 após a morte de sua mãe. Embora Houdini insistisse que os médiuns da época faziam truques de ilusionismo
(e buscava expor tais médiuns como fraudes), Conan Doyle já estava
convencido de que o próprio Houdini possuía poderes sobrenaturais, um
ponto de vista expresso em O Limite do Desconhecido.
Aparentemente, Houdini não foi capaz de convencer Conan Doyle de que
seus feitos eram simples ilusões, levando a uma amarga e pública quebra
de relações entre os dois.
A sua convicção foi além: para receber o título de Par (Peer)
do Reino Britânico, foi-lhe imposta a condição de renunciar às suas
crenças. Confrontando a todos, e ao sectarismo vigente, permaneceu fiel à
fé que abraçara, e que acompanhou até aos seus últimos dias. Foi
Presidente Honorário da International Spiritualist Federation (1925-1930), Presidente da Aliança Espírita de Londres e Presidente do Colégio Britânico de Ciência Espírita.
Richard Milner, historiador americano de ciências, apresentou um caso no qual Conan Doyle pode ter sido o responsável pela fraude do homem de Piltdown
de 1912, criando um fóssil hominídeo falso que enganou o mundo
científico durante mais de 40 anos. Milner disse que o motivo de Conan Doyle
era de se vingar do mundo científico por destratar uma de
suas áreas favoritas, dizendo ainda que O Mundo Perdido continha várias pistas criptografadas que se tratavam do seu envolvimento com a fraude.
O livro de 1974 escrito por Samuel Rosenberg, Naked is the Best Disguise,
se propõe a explicar como Conan Doyle deixou no meio de seus escritos
pistas abertas que se relatam a aspectos ocultos da sua mentalidade.
Morte
Conan Doyle foi encontrado, apertando o seu peito, nos corredores da
Windlesham, a sua casa em Crowborough, East Sussex, no dia 7 de julho de
1930. Ele morreu de ataque cardíaco aos 71 anos. As suas últimas palavras foram ditas à sua esposa: "Você é maravilhosa.". A tradução em português de seu epitáfio em seu túmulo no Cemitério de Minstead é:
VERDADEIRO AÇO
LÂMINA AFIADA
ARTHUR CONAN DOYLE
CAVALHEIRO
PATRIOTA, MÉDICO & HOMEM DE LETRAS
LÂMINA AFIADA
ARTHUR CONAN DOYLE
CAVALHEIRO
PATRIOTA, MÉDICO & HOMEM DE LETRAS
Undershaw, a casa que Conan Doyle havia construído nas redondezas de
Hindhead, ao Sul de Londres, e onde ele viveu por aproximadamente uma
década, virou um hotel e restaurante entre 1924 e 2004. A casa foi,
então, adquirida por um desenvolvedor, e foi mantida vazia desde então
enquanto conservacionistas e fãs do autor lutam para preservá-la.
Há uma estátua em honra a Conan Doyle em Crowborough Cross,
Crowborough, onde Conan Doyle viveu durante 23 anos. Também há uma estátua
de Sherlock Holmes em Picardy Place, Edimburgo, Escócia, próximo da casa
onde Conan Doyle nasceu.
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Marcadores: Conan Doyle, espiritismo, literatura, literatura policial, Sherlock Holmes
sábado, agosto 18, 2012
O Doutor Sousa Martins morreu há 115 anos
José Tomás de Sousa Martins (Alhandra, 7 de março de 1843 - Alhandra, 18 de agosto de 1897) foi um médico e professor catedrático da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, antecessora da Faculdade de Medicina de Lisboa. Formado em Farmácia e Medicina, trabalhou intensa, e na maioria dos casos gratuitamente, sobretudo no combate à tuberculose. Orador brilhante, dotado de humor e inteligência, homem de actividade inesgotável e praticante incansável da caridade
junto aos mais desfavorecidos, exerceu uma forte influência sobre os
colegas de profissão, os alunos e os pacientes que tratou. Esta
influência metamorfoseou-se e perpetuou-se no tempo, tendo a figura de
Sousa Martins assumido contornos de santo laico, num culto actual, bem visível nos ex-votos colocados em torno da sua estátua no Campo de Santana, em Lisboa, e no cemitério de Alhandra, onde está sepultado. Foi sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa.
Nasceu numa casa da zona ribeirinha de Alhandra a 7 de março de 1843,
filho de Caetano Martins, carpinteiro, e de Maria das Dores de Sousa
Martins, doméstica, uma família com escassos recursos económicos. Viveu a
sua infância em Alhandra, onde completou o ensino primário, então os únicos estudos possíveis naquela vila. Ficou órfão do pai aos 7 anos de idade.
Aos 12 anos de idade foi aconselhado pela mãe a partir para Lisboa,
onde um seu tio materno, Lázaro Joaquim de Sousa Pereira, se tinha
estabelecido como farmacêutico, ao tempo proprietário da Farmácia
Ultramarina, sita na Rua de São Paulo.
Ficou instalado em casa do tio, trabalhando como aprendiz na farmácia, ao mesmo tempo que frequentava o Liceu Nacional de Lisboa. A 1 de abril de 1856 iniciou oficialmente funções como praticante de botica
na Farmácia Ultramarina. Tornou-se exímio manipulador de produtos
naturais e adquiriu uma experiência que depois muito valorizou como
médico e professor de Medicina.
Terminado o curso liceal, concluiu em 1861 os estudos preparatórios da Escola Politécnica de Lisboa, ingressando seguidamente no curso de Medicina da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa
e no ano seguinte no curso de Farmácia, onde os conhecimentos que
adquirira enquanto praticante de farmácia o ajudaram a terminar em 1864, com 21 anos de idade, o curso de farmacêutico com excelente classificação.
Após a conclusão do curso de Farmácia decidiu continuar estudos e concluiu em 1866,
com apenas 23 anos de idade, também na Escola Médico-Cirúrgica de
Lisboa, o curso de Medicina, apresentando como tese de licenciatura o
trabalho intitulado O Pneumogástrico Preside à Tonicidade da Fibra Muscular do Coração.
A 13 de julho de 1864 foi eleito sócio efectivo da Sociedade Farmacêutica Lusitana, por proposta subscrita por José Tedeschi,
assumindo em pouco tempo um papel relevante na vida da instituição,
elaborando ao longo da década seguinte múltiplos relatórios e pareceres e
publicando vários artigos no periódico Jornal da Sociedade Farmacêutica,
órgão oficial daquela associação. Foi durante mais de uma década vogal
da Comissão de Saúde Pública da Sociedade, tendo um papel relevante na
regulação de diversas práticas farmacêuticas potencialmente perigosas
para a saúde pública. A 4 de agosto de 1874 foi feito membro benemérito da Sociedade, com fundamento na maneira
brilhante como desempenhou o difícil e honroso encargo de representante
de Portugal no congresso de Viena, nos assuntos de quarentenas e
medidas sanitárias.
Em 1867 foi feito sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa.
Concluído o curso médico como aluno brilhante, em 1868 foi nomeado, após concurso público, para o cargo de demonstrador da Secção Médica da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Nesse mesmo ano foi eleito sócio da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, iniciando uma carreira ligada ao ensino e investigação na área da Medicina.
No desenvolvimento dessa carreira, em 1872 foi nomeado lente da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa e em 1874 médico extraordinário do Hospital de São José.
Entretanto afirmou-se como médico de nomeada e membro relevante de
diversas agremiações científicas e cívicas, conquistando um lugar de
relevo entre a intelectualidade de Lisboa. Como médico e professor, dava
grande importância à componente psicológica e de relação humana da
prática médica, ficando conhecido conselho incluído numa das suas
lições: Quando entrardes de noite num hospital e ouvirdes algum
doente gemer, aproximai-vos do seu leito, vede o que precisa o pobre
enfermo e, se não tiverdes mais nada para lhe dar, dai-lhe um sorriso. Mesmo depois da sua morte, as suas lições coligidas foram referência obrigatória durante décadas.
O seu percurso académico e profissional levou-o ao cargo de
secretário e bibliotecário da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa,
catedrático de Patologia Geral, Semiologia e História da Medicina,
presidente da Comissão Executiva e da Secção de Medicina da expedição
científica à Serra da Estrela organizada em 1881 pela Sociedade de Geografia de Lisboa e director efectivo da Enfermaria de São Miguel no Hospital de São José.
A sua actividade no Hospital de São José, e em particular a
importante acção filantrópica que exercia a favor dos doentes mais
pobres, afirmou-o como um dos médicos mais prestigiados de Portugal.
Ganhou enorme prestígio na luta contra a tuberculose, que então atingia proporções epidémicas em Lisboa, que reforçou ao liderar a expedição científica à Serra da Estrela e ao defender a construção naquelas montanhas de sanatórios destinados à climoterapia daquela doença.
A expedição científica à Serra da Estrela foi organizada sob a égide da Sociedade de Geografia de Lisboa,
de que Sousa Martins era sócio fundador e vogal do Conselho Central,
reunindo em Agosto de 1881 uma plêiade de cientistas e intelectuais que
estudaram aquela região portuguesa nas suas vertentes geográfica,
meteorológica e antropológica num esforço sem precedentes de exploração
sistemática do território português.
O interesse de Sousa Martins na realização da expedição prendia-se
com a necessidade de conhecer a meteorologia e as condições sanitárias
da região dado a importância então atribuída ao clima no tratamento da tuberculose pulmonar. Essa necessidade levou a que em conjunto com Brito Capelo tivesse requerido ao Governo, em 1882, a instalação de um posto meteorológico na Serra.
Na sequência da expedição Sousa Martins defendeu a implantação de Casas de Saúde na região serrana e foi um dos impulsionadores da fundação do Club Hermínio, uma associação de carácter humanitário que criada em 1888 se manteve activa pelo menos até 1892.
Sousa Martins foi aclamado sócio honorário e presidente perpétuo pelos
membros fundadores. Afirmando-se como uma instituição de solidariedade, o
Club Hermínio tinha por finalidades promover o melhoramento das
condições naturais da Serra da Estrela, considerada como estação
sanitária através do estabelecimento de casas de saúde sob direcção
médica, o socorro aos doentes pobres e o exercício de polícia higiénica em todos os pontos da Serra e nas habitações que fossem usados pelos doentes.
No Verão de 1888, com o patrocínio do Club Hermínio e com o apoio entusiástico de Sousa Martins e de Guilherme Teles de Meneses, esteve na Serra da Estrela o médico Basílio Freire, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, que ali assegurou acompanhamento médico gratuito aos doentes que o procuravam.
O principal objectivo de Sousa Martins era a construção de um
sanatório na Serra da Estrela que de forma permanente pudesse acolher e
tratar doentes com tuberculose pulmonar. Apesar do seu esforço e da sua
influência junto da Coroa, já que desde 1888 era médico honorário da
Real Câmara de Suas Majestades e Altezas, e do Governo, a iniciativa,
aclamada por todos, tardou em materializar-se e o sanatório proposto
apenas seria construído após a sua morte.
A construção do sanatório da Guarda, ficou a dever-se à Assistência Nacional aos Tuberculosos, a ANT, instituição que sob a presidência da rainha D. Amélia de Orleães
conseguiu reunir os fundos necessários e materializar a construção e
equipamento. A inauguração do sanatório, o primeiro a ser construído
pela ANT e o terceiro de Portugal, ocorreu a 18 de maio de 1907,
quase uma década após o falecimento de Sousa Martins. A inauguração
incluiu uma homenagem àquele pioneiro da luta contra a tuberculose, cuja
acção e dinamismo a rainha já evocara 1899 em intervenção pública integrada numa campanha de profilaxia da tuberculose.
Apesar do tempo decorrido após o falecimento de Sousa Martins, em sua homenagem, a nova instituição foi denominada Sanatório Dr. Sousa Martins
e por ela passaram muitos milhares de doentes ao longo de mais de meio
século de funcionamento. A sua importante acção deixou o nome ligado à
zona serrana com tal perenidade que o principal hospital da cidade da Guarda o mantém Sousa Martins como patrono.
Foi também escolhido para representar Portugal em diversos eventos internacionais na área da Medicina: em 1874 foi nomeado delegado à Conferência Sanitária Internacional realizada em Viena; e em 1897 foi delegado à Conferência Sanitária Internacional, realizada em Veneza, onde foi eleito vice-presidente.
Adoeceu quando se encontrava em Veneza, regressando a Lisboa muito debilitado. Diagnosticada tuberculose, partiu para a Serra da Estrela
à procura de alívio. Aparentemente convalescendo, recolheu-se a
Alhandra, onde se instalou numa quinta, propriedade de amigos, tentando
recuperar.
A doença agravou-se e aos 54 anos, tuberculoso terminal e sofrendo de lesão cardíaca, Sousa Martins cometeu suicídio, com uma injecção de morfina. Pouco antes, havia confidenciado a um amigo: "A morte não é mais forte do que eu" e "Um médico ameaçado de morte por duas doenças, ambas fatais, deve eliminar-se por si mesmo".
Na mensagem que enviou ao saber da morte de Sousa Martins, o rei D. Carlos I de Portugal afirmou: Ao
deixar o mundo, chorou-o toda a terra que o conheceu. Foi uma perda
irreparável, uma perda nacional, apagando-se com ele a maior luz do meu
reino.
Também sobre ele, António Egas Moniz, Prémio Nobel da Medicina, disse: Notável
professor que deixou, atrás de si, um nome aureolado de prelector
admirável, de clínico, de orador consagrado, sempre alerta nas justas da
Sociedade das Ciências Médicas.
Por sua vez Guerra Junqueiro considerou-o Eminente
homem que radiou amor, encanto, esperança, alegria e generosidade. Foi
amigo, carinhoso e dedicado dos pobres e dos poetas. A sua mão guiou. O
seu coração perdoou. A sua boca ensinou. Honrou a medicina portuguesa e
todos os que nele procuraram cura para os seus males.
O principal hospital da cidade da Guarda tem o nome de Hospital Sousa Martins, em homenagem ao trabalho pioneiro de Sousa Martins sobre a tuberculose e climoterapia que conduziu à promoção da Serra da Estrela como área propícia à instalação de sanatórios
para o tratamento de tuberculosos. Para além disso, existem vários
sítios que homenageiam o Dr. Sousa Martins, entre os quais um concorrido
monumento, de autoria de Costa Motta (tio) no Campo de Santana, em Lisboa; um jazigo no Cemitério de Alhandra, onde se encontra sepultado; a Casa-Museu Dr. Sousa Martins, em Alhandra; e o busto do Dr. Sousa Martins, no Largo 7 de Março, na baixa alhandrense. Também a toponímia da cidade da Guarda, à qual o nome de Sousa Martins está associado desde o início do século XX
mercê da estrutura sanatorial que ali existiu, o recorda no nome de uma
das ruas do moderno Bairro da Senhora dos Remédios. Um pequeno
monumento erguido dentro dos muros do antigo Sanatório da Guarda
continua, diariamente, a receber preces e agradecimentos e, à semelhança
do monumento lisboeta do Campo de Santana, está quase sempre emoldurado
de flores e de ex-votos diversos.
O Dr. Sousa Martins nunca foi um adepto do Espiritismo, havendo contudo muitos dos seguidores dessa crença que lhe atribuem curas milagrosas, por intermédio das suas comunicações mediúnicas. A 7 de março e a 18 de agosto de cada ano, aniversários do seu nascimento e morte, milhares de devotos visitam e rezam sobre o seu túmulo e junto do sua estátua em Lisboa.
in Wikipédia
Postado por Fernando Martins às 23:50 0 bocas
Marcadores: espiritismo, Medicina, Sousa Martins, tuberculose
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