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domingo, março 31, 2024

Johann Sebastian Bach nasceu há 339 anos

     
Nascido numa família de longa tradição musical, cedo mostrou possuir talento e logo tornou-se um músico completo. Estudante incansável, adquiriu um vasto conhecimento da música europeia de sua época e das gerações anteriores. Desempenhou vários cargos em cortes e igrejas alemãs, mas suas funções mais destacadas foram a de Kantor da Igreja de São Tomás e Diretor Musical da cidade de Leipzig, onde desenvolveu a parte final e mais importante de sua carreira. Absorvendo inicialmente o grande repertório de música contrapontística germânica como base de seu estilo, recebeu mais tarde a influência italiana e francesa, através das quais sua obra se enriqueceu e transformou, realizando uma síntese original de uma multiplicidade de tendências. Praticou quase todos os géneros musicais conhecidos em seu tempo, com a notável exceção da ópera, embora as suas cantatas maduras revelem bastante influência desta que foi uma das formas mais populares do período barroco.
A sua habilidade no órgão e cravo foi amplamente reconhecida enquanto viveu e tornou-se lendária, sendo considerado o maior virtuoso da sua geração e um especialista na construção de órgãos. Também tinha grandes qualidades como maestro, cantor, professor e violinista, mas como compositor o seu mérito só recebeu aprovação limitada e nunca foi exatamente popular, ainda que vários críticos que o conheceram o louvassem como grande. A maior parte de sua música caiu no esquecimento após a sua morte, mas a sua recuperação iniciou-se no século XIX e desde então o seu prestígio não cessou de crescer. Na apreciação contemporânea Bach é tido como o maior nome da música barroca, e muitos veem-no como o maior compositor de todos os tempos, deixando muitas obras que constituem a consumação de seu género. Entre as suas peças mais conhecidas e importantes estão os Concertos de Brandenburgo, o Cravo Bem-Temperado, as Sonatas e Partitas para violino solo, a Missa em Si Menor, a Tocata e Fuga em Ré Menor, a Paixão segundo São Mateus, a Oferenda Musical, a Arte da Fuga e várias das suas cantatas.
     

 


terça-feira, fevereiro 27, 2024

A Liga de Esmalcalda foi criada há 493 anos

  
A Liga de Esmalcalda ou de Schmalkalden (Schmalkaldischer Bund, em alemão) era uma aliança defensiva de príncipes protestantes do Sacro Império Romano criada em 27 de fevereiro de 1531. Recebeu o nome da cidade de Schmalkalden, na Turíngia (atual Alemanha), onde foi proclamada.

A liga foi fundada em 27 de fevereiro de 1531 por Filipe I de Hesse e João Frederico, Eleitor da Saxónia, que se comprometeram a defender-se mutuamente caso os seus territórios fossem atacados pelo imperador Carlos V.

Anhalt, Bremen, Brunswick-Lüneburg, Magdeburgo, Mansfeld, Estrasburgo e Ulm também foram membros fundadores. Konstanz, Reutlingen, Memmingen, Lindau, Biberach an der Riß, Isny im Allgäu e Lübeck juntaram-se posteriormente. Os integrantes da liga concordaram em fornecer um total de 10.000 soldados e 2.000 cavaleiros para a mútua proteção.

Depois da morte de Ulrich Zwingli algumas cidades do sul da Alemanha buscaram o apoio da liga, que se tornara o centro da oposição aos Habsburgos.

Em 1532, a liga aliou-se à França e, em 1538, à Dinamarca. A liga raramente provocou Carlos V de maneira direta, mas confiscou terras da Igreja, expulsou bispos e príncipes católicos e apoiou a propagação do luteranismo no norte da Alemanha.

A crise entre a liga e o Império Habsburgo se instaurou abertamente a partir de 1542, na Dieta de Spira, quando os príncipes protestantes pediram ao imperador o reconhecimento oficial da sua autonomia religiosa e a isso condicionam a ajuda militar e financeira necessária para a guerra contra o Império Otomano.

Carlos V celebrou a paz com a França em 1544 (Tratado de Crépy), ficando estabelecido que os franceses denunciariam a sua aliança com a Liga. O imperador e o papa Paulo III começam então a reunir um exército em 1546, enquanto os integrantes da liga se desentendiam, incapazes de se unir em sua própria defesa, como originalmente proposto. Carlos derrotou a liga na Batalha de Mühlberg, em 24 de abril de 1547, capturando muitos dos seus líderes. Entretanto, nos anos subsequentes, as tropas imperiais não conseguiram obter êxitos semelhantes. A posição de Carlos V se tornou particularmente crítica. Derrotado pela Liga, entrou em guerra também contra os turcos otomanos, e os franceses  aproveitaram a situação para tomar Metz, Toul e Verdun.

Assim, em 1555, Carlos V é obrigado a assinar um acordo com os revoltosos, celebrando-se a Paz de Augsburgo, que estabeleceu o princípio do cuius regio, eius religio, segundo o qual os súbditos seguem a religião do governante. E enfim, embora às custas de grandes perdas, os líderes da Liga de Esmalcalda conseguiram o seu objetivo. 

 

sexta-feira, fevereiro 16, 2024

Filipe Melâncton, educador e reformador luterano, nasceu há 527 anos


Filipe Melâncton (em alemão: Philipp Melanchthon; Bretten, 16 de fevereiro de 1497 - Wittenberg, 19 de abril de 1560) foi um reformador, astrólogo e astrónomo alemão. Colaborador de Lutero, redigiu a Confissão de Augsburgo (1530) e converteu-se no principal líder do luteranismo após a morte de Lutero.

Nascido Phillipp Schwarzerdt, em Bretten, na Saxónia, o mais velho entre cinco irmãos, era filho de Georg Schwarzerdt, mestre fundidor, e de sua esposa da família Reuter, uma rica família de comerciantes. Teve educação esmerada e distingui-se nos estudos de grego e latim. Perdeu o pai aos onze anos. Um de seus mestres (tio-avô) foi o humanista Johannes Reuchlin, que o chamava Melanchthon, tradução para o grego de seu nome alemão, Schwarzerdt, que significa "terra preta", e assim passou a ser conhecido. Reuchlin obteve que fosse aceite na Universidade de Heidelberg aos doze anos de idade. Terminou ali seus estudos no ano de 1511, como bacharel em artes. Porém não foi aceite para os exames de mestrado, por ser considerado muito jovem para ser um professor. Passou à Universidade de Tübingen, onde foi aceite, em 1514, com 17 anos, na Faculdade de Filosofia. Johannes Reuchlin o recomendou ao príncipe-eleitor Frederico III da Saxónia para a recém-fundada Universidade de Wittenberg; ali, a sua aula inaugural, em 1518, intitulou-se "Reforma da Instrução dos Jovens". Foi aluno de teologia de Lutero, em 1519, o qual, por sua vez, apesar de 14 anos mais velho, foi seu aluno de grego. Melâncton casou em 1520 com Katharina Krapp, a filha do prefeito de Wittenberg.

É considerado o primeiro sistemático da Reforma (Loci communes, 1521 - posteriormente reeditado com melhoramentos). Melâncton publicou trabalhos não apenas na Teologia, mas também na Psicologia (De anima), Física (escreveu um trabalho sobre o sistema solar proposto por Copérnico) e filosofia (Philosophia moralis e vários outros comentários). Além de ser um entusiasta da astrologia grega, foi o primeiro a imprimir uma versão parafraseada do livro Tetrabiblos de Ptolomeu em 1554. Tudo isso contribui para que ele tivesse um respaldo no meio universitário. 

Além desses trabalhos, Melâncton escreveu comentários ao Novo Testamento, publicando em 1537 o seu comentário sobre a Epístola aos Colossenses e, entre 1529 e 1556, o seu comentário sobre a Epístola aos Romanos. Foi o homem que efetivamente escreveu a Confissão de Augsburgo e também a apologia desta confissão, as quais continuam tendo caráter fundamental para as igrejas luteranas até aos dias de hoje. Tornou-se conhecido como o "educador da Alemanha" (Praeceptor Germaniae) por organizar e reformar as escolas alemãs. Ele estava desgostoso com a pobreza da instrução nas escolas alemãs durante a Idade Média o que exprime em seu De Miseriis Paedagogorum no qual relata o triste estado da instrução em escolas. Melâncton instalou em sua própria casa uma escola experimental, onde fez experiências pedagógicas durante dez anos. Até ao século XVIII os manuais académicos e escolares de Melâncton foram usados por todos os lados, inclusive em institutos ligados a outras igrejas (naturalmente com a omissão de seu nome). Os seus conceitos de direito natural e razão tiveram influência sobre a filosofia iluminista.

Antes de sua morte foi reconhecido pelo seu trabalho de reforma e expansão do sistema universitário alemão, que produziu principalmente intelectuais, servidores públicos e pregadores ilustres, todos bem preparados.

 

segunda-feira, fevereiro 27, 2023

A Liga de Esmalcalda foi criada há 492 anos

  
A Liga de Esmalcalda ou de Schmalkalden (Schmalkaldischer Bund, em alemão) era uma aliança defensiva de príncipes protestantes do Sacro Império Romano criada em 27 de fevereiro de 1531. Recebeu o nome da cidade de Schmalkalden, na Turíngia (atual Alemanha), onde foi proclamada.

A liga foi fundada em 27 de fevereiro de 1531 por Filipe I de Hesse e João Frederico, Eleitor da Saxónia, que se comprometeram a defender-se mutuamente caso os seus territórios fossem atacados pelo imperador Carlos V.

Anhalt, Bremen, Brunswick-Lüneburg, Magdeburgo, Mansfeld, Estrasburgo e Ulm também foram membros fundadores. Konstanz, Reutlingen, Memmingen, Lindau, Biberach an der Riß, Isny im Allgäu e Lübeck juntaram-se posteriormente. Os integrantes da liga concordaram em fornecer um total de 10.000 soldados e 2.000 cavaleiros para a mútua proteção.

Depois da morte de Ulrich Zwingli algumas cidades do sul da Alemanha buscaram o apoio da liga, que se tornara o centro da oposição aos Habsburgos.

Em 1532, a liga aliou-se à França e, em 1538, à Dinamarca. A liga raramente provocou Carlos V de maneira direta, mas confiscou terras da Igreja, expulsou bispos e príncipes católicos e apoiou a propagação do luteranismo no norte da Alemanha.

A crise entre a liga e o Império Habsburgo se instaurou abertamente a partir de 1542, na Dieta de Spira, quando os príncipes protestantes pediram ao imperador o reconhecimento oficial da sua autonomia religiosa e a isso condicionam a ajuda militar e financeira necessária para a guerra contra o Império Otomano.

Carlos V celebrou a paz com a França em 1544 (Tratado de Crépy), ficando estabelecido que os franceses denunciariam a sua aliança com a Liga. O imperador e o papa Paulo III começam então a reunir um exército em 1546, enquanto os integrantes da liga se desentendiam, incapazes de se unir em sua própria defesa, como originalmente proposto. Carlos derrotou a liga na Batalha de Mühlberg, em 24 de abril de 1547, capturando muitos dos seus líderes. Entretanto, nos anos subsequentes, as tropas imperiais não conseguiram obter êxitos semelhantes. A posição de Carlos V se tornou particularmente crítica. Derrotado pela Liga, entrou em guerra também contra os turcos otomanos, e os franceses  aproveitaram a situação para tomar Metz, Toul e Verdun.

Assim, em 1555, Carlos V é obrigado a assinar um acordo com os revoltosos celebrando-se a Paz de Augsburgo, que estabeleceu o princípio do cuius regio, eius religio, segundo o qual os súbditos seguem a religião do governante. E enfim, embora às custas de grandes perdas, os líderes da Liga de Esmalcalda conseguiram o seu objetivo. 

 

quinta-feira, fevereiro 16, 2023

Filipe Melâncton, reformador luterano, nasceu há 526 anos


Filipe Melâncton (em alemão: Philipp Melanchthon; Bretten, 16 de fevereiro de 1497 - Wittenberg, 19 de abril de 1560) foi um reformador, astrólogo e astrónomo alemão. Colaborador de Lutero, redigiu a Confissão de Augsburgo (1530) e converteu-se no principal líder do luteranismo após a morte de Lutero.

Nascido Phillipp Schwarzerdt, em Bretten, na Saxónia, o mais velho entre cinco irmãos, era filho de Georg Schwarzerdt, mestre fundidor, e de sua esposa da família Reuter, uma rica família de comerciantes. Teve educação esmerada e distingui-se nos estudos de grego e latim. Perdeu o pai aos onze anos. Um de seus mestres (tio-avô) foi o humanista Johannes Reuchlin, que o chamava Melanchthon, tradução para o grego de seu nome alemão, Schwarzerdt, que significa "terra preta", e assim passou a ser conhecido. Reuchlin obteve que fosse aceite na Universidade de Heidelberg aos doze anos de idade. Terminou ali seus estudos no ano de 1511, como bacharel em artes. Porém não foi aceite para os exames de mestrado, por ser considerado muito jovem para ser um professor. Passou à Universidade de Tübingen, onde foi aceito em 1514 com 17 anos, na Faculdade de Filosofia. Johannes Reuchlin o recomendou ao príncipe-eleitor Frederico III da Saxónia para a recém-fundada Universidade de Wittenberg; ali, a sua aula inaugural, em 1518, intitulou-se "Reforma da Instrução dos Jovens". Foi aluno de teologia de Lutero, em 1519, o qual, por sua vez, apesar de 14 anos mais velho, foi seu aluno de grego. Melâncton casou em 1520 com Katharina Krapp, a filha do prefeito de Wittenberg.

É considerado o primeiro sistemático da Reforma (Loci communes, 1521 - posteriormente reeditado com melhoramentos). Melâncton publicou trabalhos não apenas na Teologia, mas também na Psicologia (De anima), Física (escreveu um trabalho sobre o sistema solar proposto por Copérnico) e filosofia (Philosophia moralis e vários outros comentários). Além de ser um entusiasta da astrologia grega, foi o primeiro a imprimir uma versão parafraseada do livro Tetrabiblos de Ptolomeu em 1554. Tudo isso contribui para que ele tivesse um respaldo no meio universitário. 

Além desses trabalhos, Melâncton escreveu comentários ao Novo Testamento, publicando em 1537 o seu comentário sobre a Epístola aos Colossenses e entre 1529 e 1556 seu comentário sobre a Epístola aos Romanos. Foi o homem que efetivamente escreveu a Confissão de Augsburgo e também a apologia desta confissão, as quais continuam tendo caráter fundamental para as igrejas luteranas até os dias de hoje. Tornou-se conhecido como o "educador da Alemanha" (Praeceptor Germaniae) por organizar e reformar as escolas alemãs. Ele estava desgostoso com a pobreza da instrução nas escolas alemãs durante a Idade Média o que exprime em seu De Miseriis Paedagogorum no qual relata o triste estado da instrução em escolas. Melâncton instalou em sua própria casa uma escola experimental onde fez experiências pedagógicas por dez anos. Até o século XVIII os manuais académicos e escolares de Melâncton foram usados por todos os lados, inclusive em institutos ligados a outras igrejas (naturalmente com a omissão de seu nome). Os seus conceitos de direito natural e razão tiveram influência sobre a filosofia iluminista.

Antes de sua morte foi reconhecido pelo seu trabalho de reforma e expansão do sistema universitário alemão, que produziu principalmente intelectuais, servidores públicos e pregadores ilustres, todos bem preparados.

 

domingo, fevereiro 27, 2022

A Liga de Esmalcalda foi criada há 491 anos

  
A Liga de Esmalcalda ou de Schmalkalden (Schmalkaldischer Bund, em alemão) era uma aliança defensiva de príncipes protestantes do Sacro Império Romano criada em 27 de fevereiro de 1531. Recebeu o nome da cidade de Schmalkalden, na Turíngia (atual Alemanha), onde foi proclamada.

A liga foi fundada em 27 de fevereiro de 1531 por Filipe I de Hesse e João Frederico, Eleitor da Saxónia, que se comprometeram a defender-se mutuamente caso os seus territórios fossem atacados pelo imperador Carlos V.

Anhalt, Bremen, Brunswick-Lüneburg, Magdeburgo, Mansfeld, Estrasburgo e Ulm também foram membros fundadores. Konstanz, Reutlingen, Memmingen, Lindau, Biberach an der Riß, Isny im Allgäu e Lübeck juntaram-se posteriormente. Os integrantes da liga concordaram em fornecer um total de 10.000 soldados e 2.000 cavaleiros para a mútua proteção.

Depois da morte de Ulrich Zwingli algumas cidades do sul da Alemanha buscaram o apoio da liga, que se tornara o centro da oposição aos Habsburgos.

Em 1532, a liga aliou-se à França e, em 1538, à Dinamarca. A liga raramente provocou Carlos V de maneira direta, mas confiscou terras da Igreja, expulsou bispos e príncipes católicos e apoiou a propagação do luteranismo no norte da Alemanha.

A crise entre a liga e o Império Habsburgo se instaurou abertamente a partir de 1542, na Dieta de Spira, quando os príncipes protestantes pediram ao imperador o reconhecimento oficial da sua autonomia religiosa e a isso condicionam a ajuda militar e financeira necessária para a guerra contra o Império Otomano.

Carlos V celebrou a paz com a França em 1544 (Tratado de Crépy), ficando estabelecido que os franceses denunciariam sua aliança com a Liga. O imperador e o papa Paulo III começam então a reunir um exército em 1546, enquanto os integrantes da liga se desentendiam, incapazes de se unir em sua própria defesa, como originalmente proposto. Carlos derrotou a liga na Batalha de Mühlberg, em 24 de abril de 1547, capturando muitos dos seus líderes. Entretanto, nos anos subsequentes, as tropas imperiais não conseguiram obter êxitos semelhantes. A posição de Carlos V se tornou particularmente crítica. Derrotado pela liga, entrou em guerra também contra os turcos otomanos, e os franceses se aproveitaram da situação para tomar Metz, Toul e Verdun.

Assim, em 1555, Carlos V é obrigado a assinar um acordo com os revoltosos celebrando-se a Paz de Augsburgo, que estabeleceu o princípio do cuius regio, eius religio, segundo o qual os súbditos seguem a religião do governante. E enfim, embora às custas de grandes perdas, os líderes da Liga de Esmalcalda conseguiram seu objetivo. 

 

quarta-feira, fevereiro 16, 2022

O reformador luterano Filipe Melâncton nasceu há 525 anos


Filipe Melâncton (em alemão: Philipp Melanchthon; Bretten, 16 de fevereiro de 1497 - Wittenberg, 19 de abril de 1560) foi um reformador, astrólogo e astrónomo alemão. Colaborador de Lutero, redigiu a Confissão de Augsburgo (1530) e converteu-se no principal líder do luteranismo após a morte de Lutero.

Nascido Phillipp Schwarzerdt, em Bretten, na Saxónia, o mais velho entre cinco irmãos, era filho de Georg Schwarzerdt, mestre fundidor, e de sua esposa da família Reuter, uma rica família de comerciantes. Teve educação esmerada e distingui-se nos estudos de grego e latim. Perdeu o pai aos onze anos. Um de seus mestres (tio-avô) foi o humanista Johannes Reuchlin, que o chamava Melanchthon, tradução para o grego de seu nome alemão, Schwarzerdt, que significa "terra preta", e assim passou a ser conhecido. Reuchlin obteve que fosse aceite na Universidade de Heidelberg aos doze anos de idade. Terminou ali seus estudos no ano de 1511, como bacharel em artes. Porém não foi aceite para os exames de mestrado, por ser considerado muito jovem para ser um professor. Passou à Universidade de Tübingen, onde foi aceito em 1514 com 17 anos, na Faculdade de Filosofia. Johannes Reuchlin o recomendou ao príncipe-eleitor Frederico III da Saxónia para a recém-fundada Universidade de Wittenberg; ali, a sua aula inaugural, em 1518, intitulou-se "Reforma da Instrução dos Jovens". Foi aluno de teologia de Lutero, em 1519, o qual, por sua vez, apesar de 14 anos mais velho, foi seu aluno de grego. Melâncton casou em 1520 com Katharina Krapp, a filha do prefeito de Wittenberg.

É considerado o primeiro sistemático da Reforma (Loci communes, 1521 - posteriormente reeditado com melhoramentos). Melâncton publicou trabalhos não apenas na Teologia, mas também na Psicologia (De anima), Física (escreveu um trabalho sobre o sistema solar proposto por Copérnico) e filosofia (Philosophia moralis e vários outros comentários). Além de ser um entusiasta da astrologia grega, foi o primeiro a imprimir uma versão parafraseada do livro Tetrabiblos de Ptolomeu em 1554. Tudo isso contribui para que ele tivesse um respaldo no meio universitário. 

Além desses trabalhos, Melâncton escreveu comentários ao Novo Testamento, publicando em 1537 o seu comentário sobre a Epístola aos Colossenses e entre 1529 e 1556 seu comentário sobre a Epístola aos Romanos. Foi o homem que efetivamente escreveu a Confissão de Augsburgo e também a apologia desta confissão, as quais continuam tendo caráter fundamental para as igrejas luteranas até os dias de hoje. Tornou-se conhecido como o "educador da Alemanha" (Praeceptor Germaniae) por organizar e reformar as escolas alemãs. Ele estava desgostoso com a pobreza da instrução nas escolas alemãs durante a Idade Média o que exprime em seu De Miseriis Paedagogorum no qual relata o triste estado da instrução em escolas. Melâncton instalou em sua própria casa uma escola experimental onde fez experiências pedagógicas por dez anos. Até o século XVIII os manuais académicos e escolares de Melâncton foram usados por todos os lados, inclusive em institutos ligados a outras igrejas (naturalmente com a omissão de seu nome). Os seus conceitos de direito natural e razão tiveram influência sobre a filosofia iluminista.

Antes de sua morte foi reconhecido pelo seu trabalho de reforma e expansão do sistema universitário alemão, que produziu principalmente intelectuais, servidores públicos e pregadores ilustres, todos bem preparados.

 

sábado, fevereiro 27, 2021

A Liga de Esmalcalda foi criada há 490 anos


A Liga de Esmalcalda ou de Schmalkalden (Schmalkaldischer Bund, em alemão) era uma aliança defensiva de príncipes protestantes do Sacro Império Romano criada em 27 de fevereiro de 1531. Recebeu o nome da cidade de Schmalkalden, na Turíngia (atual Alemanha), onde foi proclamada.

A liga foi fundada em 27 de fevereiro de 1531 por Filipe I de Hesse e João Frederico, Eleitor da Saxônia, que se comprometeram a defender-se mutuamente caso os seus territórios fossem atacados pelo imperador Carlos V.

Anhalt, Bremen, Brunswick-Lüneburg, Magdeburgo, Mansfeld, Estrasburgo e Ulm também foram membros fundadores. Konstanz, Reutlingen, Memmingen, Lindau, Biberach an der Riß, Isny im Allgäu e Lübeck juntaram-se posteriormente. Os integrantes da liga concordaram em fornecer um total de 10.000 soldados e 2.000 cavaleiros para a mútua proteção.

Depois da morte de Ulrich Zwingli algumas cidades do sul da Alemanha buscaram o apoio da liga, que se tornara o centro da oposição aos Habsburgos.

Em 1532, a liga aliou-se à França e, em 1538, à Dinamarca. A liga raramente provocou Carlos V de maneira direta, mas confiscou terras da Igreja, expulsou bispos e príncipes católicos e apoiou a propagação do luteranismo no norte da Alemanha.

A crise entre a liga e o Império Habsburgo se instaurou abertamente a partir de 1542, na Dieta de Spira, quando os príncipes protestantes pediram ao imperador o reconhecimento oficial da sua autonomia religiosa e a isso condicionam a ajuda militar e financeira necessária para a guerra contra o Império Otomano.

Carlos V celebrou a paz com a França em 1544 (Tratado de Crépy), ficando estabelecido que os franceses denunciariam sua aliança com a Liga. O imperador e o papa Paulo III começam então a reunir um exército em 1546, enquanto os integrantes da liga se desentendiam, incapazes de se unir em sua própria defesa, como originalmente proposto. Carlos derrotou a liga na Batalha de Mühlberg, em 24 de abril de 1547, capturando muitos dos seus líderes. Entretanto, nos anos subsequentes, as tropas imperiais não conseguiram obter êxitos semelhantes. A posição de Carlos V se tornou particularmente crítica. Derrotado pela kiga, entrou em guerra também contra os turcos otomanos, e os franceses se aproveitaram da situação para tomar Metz, Toul e Verdun.

Assim, em 1555, Carlos V é obrigado a assinar um acordo com os revoltosos celebrando-se a Paz de Augsburgo, que estabeleceu o princípio do cuius regio, eius religio, segundo o qual os súditos seguem a religião do governante. E enfim, embora às custas de grandes perdas, os líderes da Liga de Esmalcalda conseguiram seu objetivo. 

 

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terça-feira, fevereiro 16, 2021

O reformador luterano Filipe Melâncton nasceu há 524 anos


Filipe Melâncton
(em alemão: Philipp Melanchthon; Bretten, 16 de fevereiro de 1497 - Wittenberg, 19 de abril de 1560) foi um reformador, astrólogo e astrónomo alemão. Colaborador de Lutero, redigiu a Confissão de Augsburgo (1530) e converteu-se no principal líder do luteranismo após a morte de Lutero.

Nascido Phillipp Schwarzerdt, em Bretten, na Saxónia, o mais velho entre cinco irmãos, era filho de Georg Schwarzerdt, mestre fundidor, e de sua esposa da família Reuter, uma rica família de comerciantes. Teve educação esmerada e distingui-se nos estudos de grego e latim. Perdeu o pai aos onze anos. Um de seus mestres (tio-avô) foi o humanista Johannes Reuchlin, que o chamava Melanchthon, tradução para o grego de seu nome alemão, Schwarzerdt, que significa "terra preta", e assim passou a ser conhecido. Reuchlin obteve que fosse aceite na Universidade de Heidelberg aos doze anos de idade. Terminou ali seus estudos no ano de 1511, como bacharel em artes. Porém não foi aceite para os exames de mestrado, por ser considerado muito jovem para ser um professor. Passou à Universidade de Tübingen, onde foi aceito em 1514 com 17 anos, na Faculdade de Filosofia. Johannes Reuchlin o recomendou ao príncipe-eleitor Frederico III da Saxónia para a recém-fundada Universidade de Wittenberg; ali, a sua aula inaugural, em 1518, intitulou-se "Reforma da Instrução dos Jovens". Foi aluno de teologia de Lutero, em 1519, o qual, por sua vez, apesar de 14 anos mais velho, foi seu aluno de grego. Melâncton casou em 1520 com Katharina Krapp, a filha do prefeito de Wittenberg.

É considerado o primeiro sistemático da Reforma (Loci communes, 1521 - posteriormente reeditado com melhoramentos). Melâncton publicou trabalhos não apenas na Teologia, mas também na Psicologia (De anima), Física (escreveu um trabalho sobre o sistema solar proposto por Copérnico) e filosofia (Philosophia moralis e vários outros comentários). Além de ser um entusiasta da astrologia grega, foi o primeiro a imprimir uma versão parafraseada do livro Tetrabiblos de Ptolomeu em 1554. Tudo isso contribui para que ele tivesse um respaldo no meio universitário. 

Além desses trabalhos, Melâncton escreveu comentários ao Novo Testamento, publicando em 1537 o seu comentário sobre a Epístola aos Colossenses e entre 1529 e 1556 seu comentário sobre a Epístola aos Romanos. Foi o homem que efetivamente escreveu a Confissão de Augsburgo e também a Apologia desta confissão, as quais continuam tendo caráter fundamental para as igrejas luteranas até os dias de hoje. Tornou-se conhecido como o "educador da Alemanha" (Praeceptor Germaniae) por organizar e reformar as escolas alemãs. Ele estava desgostoso com a pobreza da instrução nas escolas alemãs durante a Idade Média o que exprime em seu De Miseriis Paedagogorum no qual relata o triste estado da instrução em escolas. Melâncton instalou em sua própria casa uma escola experimental onde fez experiências pedagógicas por dez anos. Até o século XVIII os manuais académicos e escolares de Melâncton foram usados por todos os lados, inclusive em institutos ligados a outras igrejas (naturalmente com a omissão de seu nome). Os seus conceitos de direito natural e razão tiveram influência sobre a filosofia iluminista.

Antes de sua morte foi reconhecido pelo seu trabalho de reforma e expansão do sistema universitário alemão, que produziu principalmente intelectuais, servidores públicos e pregadores ilustres, todos bem preparados.

 

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