“Dificilmente surgirá um ilhéu nos Açores”
Teresa Ferreira, Presidente do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores, falou ao CM sobre a cadeia de sismos
Correio da Manhã – Há já a certeza de que um vulcão submarino entrou em erupção a 120 quilómetros ao largo das Flores?
Teresa Ferreira – Não. Verifica-se a ocorrência de sucessivos sismos na Crista Média Atlântica, com um comportamento muito irregular. Mas não temos informação adicional de embarcações que passem no local com dados que possamos afirmar tratar-se de um vulcão.
– Seriam informações como presença de material vulcânico à superfície ou cardumes mortos?
– São dois exemplos de observações feitas no local.
– Há a possibilidade de surgir um ilhéu no local da erupção?
– Dificilmente surgirá um ilhéu. A actividade sísmica ocorre numa zona com uma profundidade entre dois mil a 800 metros, seria necessária uma quantidade muito elevada de material vulcânico. Admitir essa possibilidade é um pouco especulativo.
– Há exemplos anteriores de ilhéus que surgiram no Atlântico?
– Sim. Por exemplo a ilha Sabrina, que em 1811 surgiu ao largo da ilha de São Miguel, tendo desaparecido no mesmo ano, destruída pela erosão marítima. Contudo, a profundidade do mar nessa zona é muito menor do que onde agora ocorre a actividade sísmica.
– A actividade sísmica na Crista Média Atlântica representa um risco para a população?
– Não. Está a uma distância de mais de cem quilómetros das ilhas das Flores, do Corvo, Graciosa e Faial, o que não representa riscos.
– Em 1998, ocorreu um fenómeno semelhante ao largo da ilha Terceira?
– A última erupção marítima documentada ocorrida nos mares dos Açores ocorreu em 1998 ao largo da Serreta, na Terceira. A 18 de Dezembro, pescadores observaram a presença de material vulcânico à superfície. O fenómeno decorreu durante mais dois anos até terem terminado os sismos.