A princesa Ena cresceu na corte da rainha
Vitória, passando sua infância no
Castelo de Windsor,
Castelo de Balmoral e
Osborne House, na
Ilha de Wight. O seu pai, depois de contrair
malária em
Prahsu, em
Gana, morreu em
1896, quando Vitória Eugénia tinha apenas oito anos de idade. Após a morte da rainha, em
1901, a família Battenberg estabeleceu residência no
Palácio de Kensington, em
Londres.
Em
1905, a princesa assistiu a uma festa organizada por seu tio, o rei
Eduardo VII, dada em honra de
Afonso XIII da Espanha. O monarca espanhol cortejou a jovem princesa, apesar da oposição materna a um possível matrimónio.
A rainha
Maria Cristina, mãe de
Afonso XIII,
não era partidária da união entre seu filho e Vitória Eugénia, por
causa das origens do ramo Battenberg. Além disso, a princesa ostentava
unicamente o tratamento de
Alteza Sereníssima, o qual era considerado inferior por Maria Cristina.
Depois do pouco auspicioso começo do seu reinado, Vitória Eugénia
ficou isolada do povo espanhol e tornou-se pouco popular no seu novo
país. A sua vida de casada melhorou quando deu à luz um filho, Afonso,
Príncipe das Astúrias. No entanto, quando o príncipe foi circuncidado,
os médicos reparam que a hemorragia não parava — os primeiros sinais de
que o infante tinha herdado a hemofilia. Vitória Eugénia era a óbvia
origem da doença, que também sido herdada pelos seus irmãos mais velho e
mais novo. Contrariamente ao que fez o Czar Nicolau II da Rússia, cujo
único filho herdou a doença através de outra neta da Rainha Vitória,
Afonso alegadamente nunca perdoou Vitória Eugénia por tal facto. Mesmo
assim, o Rei Afonso XIII e a Rainha Vitória Eugénia tiveram sete
filhos, cinco rapazes e duas raparigas. Curiosamente, nenhuma das filhas
era transmissora dos genes da hemofilia.
Depois do nascimento dos filhos, as relações de Vitória Eugénia com Afonso deterioram-se e ele teve numerosos affairs.
Vitória Eugénia dedicou-se a ajudar hospitais e serviços para os
pobres, bem como na área da educação e ensino, envolvendo-se ainda na
reorganização da Cruz Vermelha espanhola. Em 1929, a cidade de Barcelona
mandou erigir-lhe uma estátua em uniforme de enfermeira, pelo seu
trabalho e dedicação à Cruz Vermelha (tendo esta, posteriormente, sido
destruída). Vários locais e instituições receberam o nome de Vitória
Eugénia, em sua homenagem. Por exemplo, em 1909, a ponte neoclássica de
Madrid sobre o rio Manzanares foi apelidada de "Puente de la Reina
Victoria". Em 1912, a monumental Casa de Ópera "Teatro Victoria Eugenie",
em San Sebastián, recebeu o seu nome. Em 1920, ela batizou o barco da
Marinha Espanhola Reina Victoria Eugenie, em sua homenagem.
Ela foi a 976ª Dama da Ordem Real da Rainha Maria Luisa. Em 1923, o
Papa Pio XI conferiu-lhe a Rosa de Ouro, sendo a primeira vez que esta
honraria foi dada a uma princesa inglesa desde 1555, quando o Papa Júlio
III a deu à Rainha Maria I de Inglaterra. Ela recebeu também a Royal Order of Victoria and Albert
da sua avó, a Rainha Vitória. A Rainha também recebeu Ordem de Mérito
da Cruz Vermelha de Espanha (Primeira Classe) e o colar de jóias foi
pago por subscrição pública do Corpo das Enfermeiras da Cruz Vermelha
espanhola.
A Família Real Espanhola foi para o exílio em 14 de abril de 1931,
depois de umas eleições municipais terem colocado republicanos no poder
nas maiores cidades, levando à proclamação da Segunda República em
Espanha. Afonso XIII esperava que o seu exílio impedisse a guerra civil
entre republicanos e nacionalistas. A família foi primeiro para França e
depois para Itália. Ena e Alfonso viveram pouco tempo junto depois,
indo ela viver para o Reino Unido, e, depois de o governo do país lhe
ter pedido para sair, foi viver para a Suíça, onde ela comprou um
castelo, o Vieille Fontaine, perto de Lausanne.
Em 1938, toda a família juntou-se em Roma para o batismo do filho
mais velho de Don Juan, Juan Carlos de Espanha. Em 15 de janeiro de
1941, Afonso XIII, sentindo a morte próxima, abdicou dos seus direitos ao
trono, deixando-os ao filho Don Juan de Borbon, conde de Barcelona. Em
12 de fevereiro, Afonso sofreu um primeiro ataque do coração. Afonso
morreu a 28 de fevereiro de 1941. Em 1942 foi obrigada a deixar Itália
por se ter tornado persona non grata para o governo italiano - de
acordo com Harold Tittmann, um representante dos Estados Unidos no
Vaticano nessa altura, pelo "apoio à causa Aliada".
Ena voltou brevemente a Espanha em fevereiro de 1968, para ser
Madrinha de Batismo do seu bisneto, o Infante Don Felipe, filho do
Infante Don Juan Carlos de Borbón y Borbón Dos-Sicilias (mais tarde o Rei Juan Carlos I de Espanha) e da Princesa Sofia da Grécia e Dinamarca (posteriormente a Rainha Sofia).
A Rainha morreu em Lausanne a 15 de abril de 1969, com 81 anos, exatamente 38
anos depois de ela ter deixado a Espanha para o exílio. Foi sepultada
na Igreja do Sacré Coeur em Lausanne; em 25 de abril de 1985, o
seu caixão voltou para Espanha, ficando na Cripta Real no Mosteiro do
Escorial, próximo de Madrid, junto do túmulo do marido, Afonso XIII, e
dos filhos, os Infantes Don Alfonso, Don Jaime e Don Gonzalo.
Descendência
- Afonso Pio Cristino Eduardo, hemofílico Príncipe das Astúrias, renunciou ao trono em 1936 para contrair matrimónio com uma plebeia, tornando-se Conde de Covadonga, desde então.
- Jaime Leopoldo Isabelino Henrique, o chamado "infante surdo", devido à surdez, consequência de uma operação, renunciando aos seus direitos ao trono em 1933, tornando-se, desde então, Duque de Segóvia, e, mais tarde, Duque de Madrid, tal como pretendente ao trono de França, desde 1941 a 1975, e Duque de Anjou.
- Beatriz Isabel Frederica Afonsa Eugénia, infanta de Espanha, nascida em Madrid e falecida em Roma.
- Fernando de Borbón e Battenberg, nascido morto em 1910.
- Maria Cristina Teresa Alexandra, infanta de Espanha.
- João Carlos Teresa Silvestre Afonso, Conde de Barcelona, casou com Maria das Mercedes de Bourbon, Princesa das Duas Sicílias (pai do atual Rei de Espanha, ).
- Gonçalo Manuel Maria Bernardo, nascido hemofílico.
A tendência hemofílica desta família provém da Rainha
Vitória, que já tinha o gene e que o espalhou, através dos seus filhos, pela maioria das
casas reais europeias. Como Beatriz, a mãe de Vitória Eugénia, era filha da Rainha
Vitória, alguns dos seus filhos e netos nasceram hemofílicos.