O
Levantamento do Gueto de Varsóvia foi um ato de resistência no
Gueto de Varsóvia, na
Polónia, em
1943, contra a ocupação
nazi
alemã. Nessa altura já se tinham dado os transportes da maioria dos
habitantes do gueto. Cerca de 300 mil das 380 mil pessoas no gueto
tinham sido levadas para o
campo de extermínio de
Treblinka, onde foram assassinadas imediatamente após a sua chegada, no final do verão de
1942.
Os restantes habitantes do gueto sabiam agora o que os esperava e
muitos deles preferiam morrer lutando, em vez de morrer numa
câmara de gás. A revolta foi esmagada pelo
Gruppenführer da
SS (então apenas
Brigadeführer)
Jürgen Stroop.
Antecedentes
O início
Entre julho e setembro de 1942, levas de deportações removeram mais de 300 mil judeus para o
campo de concentração de
Treblinka
- local do assassinato de judeus. Reduzido a 60 mil pessoas - na sua
maioria homens e mulheres ainda saudáveis, já que os idosos e crianças
foram enviados para a morte em Treblinka e a fome ceifou os restantes
-, preferiram organizar uma resistência do que morrer em Treblinka.
Formada a
Organização da Luta Judaica (
Zydowska Organizacja Bojowa, cuja sigla é ZOB) e a
União Militar Judaica (
Żydowski Związek Wojskowy, cuja sigla é ZZW), trataram de formar uma resistência.
O primeiro conflito ocorreu em
18 de janeiro de
1943,
quando vários batalhões da SS marcharam rumo ao gueto, mas foram
atacados, sendo obrigados retirar. Os combatentes judeus tiveram algum
sucesso: os transportes pararam após 4 dias e as duas organizações de
resistência, a ZOB e ZZW tomaram o controle do
gueto, montando vários postos de combate e operando contra colaboradores judeus.
Durante os três meses seguintes, todos os habitantes do gueto
prepararam-se para aquilo que eles pensavam poder ser a luta final.
Foram cavados túneis por baixo das casas, a maioria ligadas pelo sistema
de esgotos e de abastecimento de água, dando acesso a zonas mais
seguras de
Varsóvia.
O apoio de sectores fora do gueto foi limitado, mas unidades polacas da
Armia Krajowa (AK) e
Gwardia Ludowa
(GL) atacaram esporadicamente unidades alemãs em sentinela perto das
muralhas do gueto. Uma unidade polaca da AK, nomeadamente a KB sob o
comando de Henryk Iwański, chegou mesmo a lutar dentro do Gueto,
juntamente com ŻZW. A AK tentou por duas vezes explodir a muralha do
gueto mas sem muito sucesso.
Em 21 de janeiro de 1943, realizaram a primeira ação, na Rua Niska. Liderados por
Mordechaj Anielewicz,
formaram uma trincheira e empreenderam um ataque a soldados nazis.
Doze soldados alemães morreram. A ZOB também se revoltou contra a
Polícia Judaica, formada por membros da própria comunidade e controlado pelos nazis.
A resistência não era capaz de libertar o gueto ou destruir o aparelho
nazi local. A ZOB possuía como objetivo uma morte digna, que não fosse
aquela reservada em Treblinka, num misto de orgulho e esperança.
Heinrich Himmler ordenou ao general
Jürgen Stroop que extinguisse o Gueto de Varsóvia até, no máximo, em meados de fevereiro.
Esmagamento da revolta
A batalha final começou na noite a seguir à
Páscoa judaica, no domingo dia
19 de abril de 1943. Três mil nazis confrontaram a resistência de 1,5 mil moradores. Os
partisans
judaicos dispararam e atiraram granadas contra patrulhas alemãs a
partir de becos, esgotos, janelas. Os nazis responderam explodindo as
casas, bloco a bloco, e cercando e matando todos os judeus que podiam
capturar.
De acordo com relatos, verificava-se um cheiro de cadáveres nas ruas,
das bombas incendiárias e viam-se mulheres saltando dos andares
superiores dos prédios com crianças nos braços. Em
8 de maio,
os últimos rebeldes foram cercados. Alguns deles, preferiram o
suicídio do que ser levados para campos de extermínio. Às 20 horas e 15
minutos do dia 16 de maio, finalmente considerou-se o fim do
levantamento com a destruição da
Sinagoga do gueto, então em ruínas.
Após as revoltas, o gueto tornou-se o local onde os prisioneiros e
reféns polacos eram executados pelos alemães. Mais tarde, foi criado um
campo de concentração na área do gueto. Chamava-se
KL Warschau. Durante a
revolta de Varsóvia
que se seguiu, a unidade AK polaca "Zoska" conseguiu salvar 380
judeus do campo de concentração e a maioria deles juntou-se à AK.