Djavan Caetano Viana (Maceió, 27 de janeiro de 1949) é um cantor, compositor, produtor musical e violonista brasileiro. As músicas de Djavan são conhecidas pelas suas "cores". Ele retrata muito bem em suas composições a riqueza das cores do dia-a-dia e se utiliza de seus elementos em construções metafóricas de maneira distinta dos demais compositores. As músicas são amplas, confortáveis chegando ao requinte de um luxo acessível a todos. Até hoje é conhecido mundialmente pela sua tradição e o ritmo da música cantada, Djavan combina tradicionais ritmos sul-americanos com música popular dos Estados Unidos, Europa e África. Entre seus sucessos musicais destacam-se "Seduzir", "Flor de Lis", "Lilás", "Pétala", "Se…", "Nem um Dia", "Eu te Devoro", "Açaí", "Segredo", "A Ilha", "Faltando um Pedaço", "Oceano", "Esquinas", "Samurai", "Boa Noite" e "Acelerou".
1949—1973: o início
Nascido em Maceió, capital de Alagoas, filho de uma mãe negra e de um pai branco que trabalhava como ambulante. A sua mãe, lavadeira, entoava canções de Ângela Maria e Nelson Gonçalves. Djavan poderia ter sido jogador de futebol. Lá pelos 11, 12 anos, o garoto Djavan Caetano Viana divide o seu tempo e a sua paixão entre o jogo de bola, nas várzeas de Maceió, e o equipamento de som quadrifónico da casa de Dr. Ismar Gatto, pai de um amigo de escola. Da primeira paixão, despontava como meio-campo na equipa do CSA (Maceió), onde poderia ter feito até carreira profissional. Aos 23, chega ao Rio de Janeiro para tentar a sorte no mercado musical. É crooner de discotecas famosas - Number One e 706. Com a ajuda de Edson Mauro, radialista e conterrâneo, conhece João Mello, produtor da Som Livre, que o leva para a TV Globo. Passa a cantar bandas sonoras de novelas, para as quais grava músicas de compositores consagrados como "Alegre Menina" (Jorge Amado e Dorival Caymmi), da novela "Gabriela"; e "Calmaria e Vendaval" (Toquinho e Vinícius de Moraes), da novela "Fogo sobre Terra".
1975—1976: "Fato Consumado", o abre-alas
1975—1976: "Fato Consumado", o abre-alas
Em três anos, nas horas vagas do microfone, compõe mais de 60 músicas, de variados géneros. Com uma delas, "Fato Consumado", ganha o segundo lugar no Festival Abertura, feito pela Rede Globo, e chega ao estúdio da Som Livre. De lá sai com o seu primeiro disco, das mãos do mítico (de Carmen Miranda a Tom Jobim) produtor Aloysio de Oliveira. "A voz, o violão, a música de Djavan", de 1976, é um disco de samba sacudido, sincopado e diferente de tudo que se fazia na época. Visto hoje, este trabalho não marca apenas a estreia de Djavan. Torna-o figura incontornável na história da música brasileira. O seu primeiro álbum trouxe a sua "música-fetiche": "Flor de Lis", que se torna um grande hit nas rádios. Além dos sucessos: "Flor de Lis" e "Fato Consumado", o álbum mostra outras composições que ganharam reconhecimento entre críticos e fãs: "Maria das Mercedes", "Embola Bola", "Para-Raio", "E Que Deus Ajude", etc.
1977-1979: "Cara de Índio"
Depois de algum tempo fez shows a solo por durante três meses para a discoteca 706, posteriormente sairia da Somlivre, integrando-se na Odeon. Djavan grava o seu segundo disco, de nome homónimo: Djavan, lançado em 1978, que posteriormente recebe o subtítulo de "Cara de índio" (a primeira faixa do álbum). Além de "Cara de Índio", que retrata a cultura e a visão social dos índios brasileiros, o álbum possui a canção "Álibi" que, na mesma época, seria gravada por Maria Bethânia, tornando-se um enorme sucesso no país, o qual seria faixa-título do álbum de maior sucesso da cantora: Álibi (sendo este o primeiro álbum na história da música brasileira de uma intérprete feminina que ultrapassou 1 milhão de cópias), entre outras canções do mesmo álbum seriam regravadas: "Dupla Traição", por Nana Caymmi e "Samba Dobrado", por Elis Regina, no Montreux Jazz Festival. Djavan também grava um videoclipe da canção "Serrado", para o programa Fantástico da Rede Globo, que se tornou mais um sucesso do artista, entre outras canções significativas do álbum, havendo ainda "Nereci", estando em variadas coletâneas internacionais, sendo classificada na maioria como uma canção dançável.
1980: "Meu Bem Querer"
Empolgada com seu novo artista, a EMI-Odeon investe forte no segundo disco, "Djavan". Com uma orquestra dos melhores músicos brasileiros de 1978, o álbum, marcado pela descoberta das grandes canções de amor e desamor, consagra-o como um compositor completo. Dois anos depois, em 1980, Djavan lança "Alumbramento" e mostra que, além de completo, dialoga bem com os seus pares. O disco inaugura parcerias com Aldir Blanc, Cacasoem "Triste Baía de Guanabara" e Chico Buarque em "A Rosa", agora definitivamente colegas da primeira divisão da MPB. A esta altura, talento reconhecido por crítica e público, Djavan vê algumas das suas músicas ganharem outras vozes: Nana Caymmi grava "Dupla traição"; Maria Bethânia, “Álibi; Roberto Carlos, “A Ilha”; Gal Costa, “Açaí" e “Faltando um Pedaço”; e Caetano Veloso, retribuindo a homenagem do verbo "caetanear", substitui-o por "djavanear" em sua versão de "Sina". A canção "Meu Bem Querer" foi banda sonora de três telenovelas da Rede Globo: "Coração Alado", como tema da personagem Vívian, interpretada por Vera Fischer, "A Indomada", na versão original e ainda foi tema de abertura da novela "Meu Bem Querer", em nova versão. A música tornou-se um dos maiores sucessos da carreira do cantor.
1981: "Seduzir"
Em 81 e 82, Djavan ganha o prémio de melhor compositor pela Associação Paulista dos Críticos de Arte. O ciclo vitorioso de lançamentos pela EMI-Odeon encerra-se em 1981, com "Seduzir". Um disco de afirmação, como o próprio Djavan escreveria em seu encarte: "O pouco que aprendi está aqui. Pleno. Dos pés à cabeça". Depois de uma viagem de Djavan à cidade de Luanda na Angola, surgem as primeiras canções a falar da África e o início das turnês pelo Brasil, guiadas pela produtora Monique Gardenberg e o diretor Paulinho Albuquerque. O álbum "Seduzir" foi avaliado pela allmusic com nota máxima, onde o crítico Alex Henderson compara as composições e estilo musical de Djavan aos do Beatles e Stevie Wonder, além de citar como significantes faixas como "Seduzir", "Morena de Endoidecer", "Jogral" e "Faltando um Pedaço". Heranças de "Seduzir" são a primeira banda própria, Sururu de Capote, composta por Luiz Avellar no piano, Sizão Machado no baixo, Téo Lima como baterista e Zé Nogueira nos sopros.
1982-1983: "Luz" e o reconhecimento internacional
Em 1982, a música "Flor-de-lis", hit instantâneo do disco inaugural, torna-se o primeiro sucesso de Djavan no disputado mercado americano, na voz da diva Carmen McRae, com o título de "Upside Down". Chega o convite da gravadora CBS, futura Sony Music, e Djavan embarca para Los Angeles para gravar, sob a produção de Ronnie Foster, um dos principais nomes da soul música americana, "Luz" (1982), que tem a participação de Stevie Wonder na canção Samurai, além de outros imensos sucessos como Sina, Pétala, Açaí, Capim e Luz. O trabalho resulta em uma mescla da musicalidade brasileira típica de se exportar com a influência jazzy americana.
Em 1984, em Los Angeles, Djavan grava ainda um segundo disco, "Lilás". Seguem-se dois anos de viagens em turnê pelo mundo. Ainda nesta época, Djavan dedica-se a carreira de ator, no filme Para Viver um Grande Amor, filme de Miguel Faria Jr., no qual Djavan interpreta um mendigo apaixonado que se apaixona pela moça rica, interpretada por Patrícia Pillar. Djavan também produziu e compôs, juntamente com Chico Buarque, para a Para Viver um Grande Amor. Em 1983 participou do maior hit, "Superfantástico", do grupo infantil de grande sucesso "Turma do Balão Mágico".
1984-1990: "Lilás", "Meu Lado", "Não É Azul, mas É Mar" e "Oceano"
Djavan lança o álbum Lilás, com a faixa título: Lilás, que foi executada mais de 1.300 vezes nas rádios brasileiras no seu dia de estreia. O álbum ainda produz outro grande sucesso para as rádios: Esquinas. Em 1985, é lançada uma compilação do repertório dos álbuns Luz e Lilás nos EUA. Em 1986, volta a gravar no Brasil. "Meu lado", além do retorno, é também um recomeço. Uma volta ao samba, já com estilo musical identificado pelo público, mas também um passeio por baiões, canções e baladas. Este é o Djavan em dez anos de carreira: explorador do som das palavras, das imagens inusitadas, da variedade rítmica, das brincadeiras com andamentos, melodias fora dos padrões e riqueza harmónica.
Presente em outras canções, a ancestralidade africana está impressa em "Meu lado", com a "Hino da Juventude Negra da África do Sul" e com ainda maior vigor em "Soweto", a sua primeira canção efetivamente de protesto, música que abre "Não é azul, mas é mar" (1987), gravado novamente em Los Angeles e lançado como Bird of Paradise, com canções em inglês de Djavan, Stephe's Kingdom (com participação de Stevie Wonder) Bird of Paradise e Miss Sussana. O disco seguinte, "Djavan" (1989), é lembrado como " aquele de 'Oceano' ", o clássico, uma daquelas raras canções perfeita em forma, conteúdo, música e letra. A faixa título, inclusa na banda sonora da novela Top Model torna-se um dos maiores sucessos do compositor. O álbum produz ainda outros sucessos como "Cigano", "Avião" e "Mal de Mim", esta inclusa na minissérie da TV Globo "O Sorriso do Lagarto". Assim como Bird of Paradise, Oceano também é lançado fora do Brasil, em 1990, com o título de Puzzle of Hearts contendo versões em inglês para as faixas "Avião" (Being Cool), "Oceano" (Puzzle of Hearts) e "Curumim" (Amazon Farewell).
Anos 1990: diversificação de estilos em "Coisa de Acender", "Novena", "Malásia" e "Bicho Solto"
Djavan inicia os anos 90 com o aclamado álbum Coisa de Acender. Lançado em 1992, é um dos álbuns mais criativos e diversificados do cantor, onde se pode notar uma grande influência de estilos como jazz, soul, blues e funk norte-americano, aliados ao estilo inconfundível das suas composições. Merecem destaque as faixas "Linha do Equador" (parceria de Djavan e Caetano Veloso), "Se", "Boa Noite", "Alivio" e "Outono". Em 1992, na fusão de ritmos e harmonias inovadoras de "Coisa de Acender", voltam as parcerias, entre elas, com a filha, Flávia Virginia, nas vozes em várias faixas. Aos 45 anos de vida e 20 de carreira, em 1994, Djavan lança "Novena", obra que marca a sua maturidade. Inteiramente composto, produzido e arranjado por ele, o disco consolida o trabalho com a sua banda, composta, então, por Paulo Calazans no teclado, Marcelo Mariano ou Arthur Maia, baixo, Carlos Bala na bateria e Marcelo Martins, sopros.
Com "Malásia" (1996), a banda se expande e ganha a participação do naipe de metais: Marçalzinho na percussão, Walmir Gil no trompete e François Lima no trombone. O álbum traz, o que é raro no cantor, três faixas de outros compositores: “Coração leviano”, de Paulinho da Viola, “Sorri”, versão de Braguinha para “Smile”, de Chaplin e “Correnteza”, de Tom Jobim e Luiz Bonfá. No disco, Djavan está reflexivo e melódico. "Bicho Solto" (1998), dois anos depois, já traz o artista festivo e dançante, incendiando pistas ao ritmo do funk. Ambos os trabalhos comemoram os 20 de carreira, o primeiro com o seu estilo pessoal, o segundo, com o rejuvenescimento do artista. Entre as parcerias, a entrada definitiva do guitarrista Max Viana, o seu filho, na banda. A marca de dois milhões de cópias vendidas fica a cargo do duplo "Ao Vivo" (1999). Primeiro gravado fora dos estúdios, o disco traz quase uma antologia de sua obra, com 24 faixas, 22 grandes sucessos. O lançamento leva Djavan a três anos de turnê.
Anos 2000: "Milagreiro", "Vaidade", "Na Pista Etc"
A canção "Acelerou" foi escolhida a melhor canção brasileira de 2000 no Grammy Latino. No ano 2000, Djavan recebeu os Prémios Multishow de melhor cantor, melhor show e melhor CD. "Milagreiro", de 2001, é uma dupla volta para casa. O primeiro gravado integralmente em seu estúdio caseiro, com a ajuda dos filhos Max e João Viana e Flávia Virginia e um retorno à casa original, Alagoas, com a omnipresente temática nordestina. Em 2004, o músico comemora independência total, com a criação de sua própria gravadora, a Luanda Records, que viria a lançar seus dois discos seguintes, "Vaidade" (2004) e "Matizes" (2007), além de um de suas canções remisturadas para dançar, "Na pista etc"(2005). É o surgimento do empresário Djavan Caetano Viana.
Anos 2010: "Ária"
Em 2010, "Ária" é o primeiro em que Djavan exerce exclusivamente a arte de interpretar canções de outros compositores. Sempre rigoroso na condução de sua carreira, ele aguardou o auge da maturidade vocal para se debruçar sobre um reportório escolhido entre a sua memória afetiva e as suas antenas, sempre ligadas para o que é musical e interessante.