Bücherverbrennung significa, em alemão, literalmente,
Queima de Livros. É um termo muitas vezes associado à ação
propagandística dos
nazis, organizada entre 10 de maio e
21 de junho de
1933, poucos meses depois da chegada ao poder de
Adolf Hitler.
Em várias cidades alemãs foram organizadas queimas de livros em
praças públicas, com a presença da polícia, bombeiros e outras
autoridades.
Tudo o que fosse crítico, ou se desviasse dos padrões impostos pelo
regime nazi, foi destruído. Centenas de milhares de livros foram
queimados no auge de uma campanha iniciada pelo diretório nacional de
estudantes (
Verbindungen).
Os estudantes, em particular os estudantes membros das
Verbindungen, membros das
SA e
SS participaram nestas queimas. A organização deste evento coube às associações de estudantes alemãs
NSDStB e a
ASTA,
que com grande zelo competiram entre si tentando cada uma provar que
era melhor do que a outra. Foram queimados milhares de cerca de 20.000
títulos de livros, a maioria dos quais pertencentes às bibliotecas
públicas, de autores oficialmente tidos como "pouco alemães" (
undeutsch).
O poeta nazi
Hanns Johst
foi um dos que justificou a queima, logo depois da ascensão dos nazis
ao poder, com a "necessidade de purificação radical da literatura
alemã de elementos estranhos que possam alienar a cultura alemã".
Autores banidos
Entre os livros queimados pelos nazis contavam-se obras quer de autores
falecidos como também contemporâneos, perseguidos pelo regime, muitos
deles tendo emigrado. Na lista encontravam-se, entre outros,
Thomas Mann,
Heinrich Mann,
Walter Benjamin,
Bertold Brecht,
Lion Feuchtwanger,
Leonhard Frank,
Erich Kästner (que anónimo assistia na multidão),
Alfred Kerr,
Robert Musil,
Carl von Ossietzky,
Erich Maria Remarque,
Joseph Roth,
Nelly Sachs,
Ernst Toller,
Kurt Tucholsky,
Franz Werfel,
Sigmund Freud,
Albert Einstein,
Karl Marx,
Heinrich Heine e
Ricarda Huch.
"Queimem os meus livros!"
Oskar Maria Graf
não foi incluído na lista. Para seu espanto, os seus livros não foram
banidos como até foram recomendados pelos nazis. Em resposta, ele
publicou um artigo intitulado "Verbrennt mich! (
Queimem-me!) no
jornal de Viena "Arbeiter-Zeitung" (Jornal dos Trabalhadores). Em 1934 o
seu desejo foi tornado realidade e os seus livros foram também banidos
pelos nazis.
Repercussão
A opinião pública e a intelectualidade alemãs ofereceram pouca
resistência à queima. Editoras e distribuidoras reagiram com
oportunismo, enquanto a burguesia nada fez, passando a responsabilidade
para os universitários. Também os outros países acompanharam a
destruição de forma distanciada, chegando a minimizar a queima como
resultado do "fanatismo estudantil".
Entre os poucos escritores que reconheceram o perigo e tomaram uma posição estava
Thomas Mann, que havia recebido o
Nobel de Literatura em 1929. Em 1933, ele emigrou para a Suíça e, em 1939, para os Estados Unidos. Quando a Faculdade de Filosofia da
Universidade de Bona lhe retirou o título de
Doutor Honoris Causa,
ele escreveu ao reitor: "Nestes quatro anos de exílio involuntário,
nunca parei de meditar sobre minha situação. Se tivesse ficado ou
retornado à Alemanha, talvez já estivesse morto. Jamais sonhei que no
fim da minha vida seria um emigrante, despojado da nacionalidade,
vivendo desta maneira!"
Também
Ricarda Huch se retirou da
Academia Prussiana de Artes.
Na carta ao seu presidente, em 9 de abril de 1933, a escritora
criticou os ditames culturais do regime nazi: "A centralização, a
opressão, os métodos brutais, a difamação dos que pensam diferente, os
auto-elogios, tudo isso não combina com meu modo de pensar",
justificou. Em 1934, a "lista negra" incluía mais de três mil obras
proibidas pelos nazis.
Como disse o poeta
Heinrich Heine: "Onde se queimam livros, acaba por se queimar pessoas."
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