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segunda-feira, maio 07, 2012

A Nona Sinfonia foi estreada há 188 anos

A sinfonia n.º 9 em ré menor, op. 125, "Coral", é a última sinfonia completa composta por Ludwig van Beethoven. Completada em 1824, a sinfonia coral mais conhecida como Nona Sinfonia é uma das obras mais conhecidas do repertório ocidental, considerada tanto ícone quanto predecessora da música romântica, e uma das grandes obras-primas de Beethoven.
A nona sinfonia de Beethoven incorpora parte do poema An die Freude ("À Alegria"), uma ode escrita por Friedrich Schiller, com o texto cantado por solistas e um coro em seu último movimento. Foi o primeiro exemplo de um compositor importante que tenha se utilizado da voz humana com o mesmo destaque que os instrumentos, numa sinfonia, criando assim uma obra de grande alcance, que deu o tom para a forma sinfónica que viria a ser adotada pelos compositores românticos.
A sinfonia n.º 9 tem um papel cultural de extrema relevância no mundo atual. Em especial, a música do último movimento, chamado informalmente de "Ode à Alegria", foi rearranjada por Herbert von Karajan para se tornar o hino da União Europeia. Outra prova de sua importância na cultura atual foi o valor de 3,3 milhões de dólares atingido pela venda de um dos seus manuscritos originais, feita em 2003 pela Sotheby's, de Londres. Segundo o chefe do departamento de manuscritos da Sotheby's à época, Stephen Roe, a sinfonia "é um dos maiores feitos do homem, ao lado do Hamlet e do Rei Lear de Shakespeare".

(...)

A Nona Sinfonia foi executada pela primeira vez no dia 7 de maio de 1824, no Kärntnertortheater, juntamente com a abertura Die Weihe des Hauses ("A Consagração da Casa") e as primeiras três partes da Missa Solene. Esta era a primeira aparição do compositor sobre um palco em doze anos; a casa estava cheia. As partes para soprano e contralto da sinfonia foram executadas por duas jovens e famosas cantoras da época, Henriette Sontag e Caroline Unger.
Embora a performance tenha sido regida oficialmente por Michael Umlauf, mestre de capela do teatro, Beethoven dividiu o palco com ele. Dois anos antes, Umlauf havia presenciado a tentativa do compositor de reger um ensaio de sua ópera, Fidelio, que terminou em desastre, e desta vez pediu aos cantores e músicos que ignorassem Beethoven, então já totalmente surdo. No início de cada parte, Beethoven, sentado ao palco, dava indicações de tempo, virando as páginas de sua partitura e dando marcações a uma orquestra que não podia ouvir. O violista Josef Böhm escreveu: "O próprio Beethoven regeu a peça; isto é, ele ficou diante do atril e gesticulou furiosamente. Em certos momentos se erguia, noutros se encolhia no solo, e se movimentava como se quisesse tocar ele mesmo todos os instrumentos e cantar por todo o coro. Todos os músicos não prestaram atenção ao seu ritmo enquanto tocavam."
Alguns relatos de testemunhas sugerem que a execução da sinfonia na noite de estreia teria sido pouco apurada, devido ao pouco número de ensaios que haviam sido realizados (apenas dois com a orquestra inteira). Por outro lado, foi um grande sucesso. Enquanto a plateia aplaudia - os testemunhos não deixam claro se isto teria ocorrido no final do scherzo ou da sinfonia - Beethoven, que, em sua "regência", ainda estava atrasado em diversos compassos em relação à música que havia acabado de ser executada, continuava a reger, acompanhando a partitura. Então, a contralto Caroline Unger teria ido a ele e o virado em direção ao público, para aceitar suas exortações e aplausos. De acordo com um dos presentes, "o público recebeu o herói musical com o mais absoluto respeito e simpatia, e ouviu às suas criações maravilhosas, gigantescas, com a mais concentrada das atenções, irrompendo em jubilantes aplausos, frequentemente durante os movimentos, e, repetidamente, ao fim de cada um." Toda a plateia o aplaudiu de pé por cinco diversas vezes; lenços foram erguidos ao ar, assim como chapéus e mãos, para que Beethoven, que não podia ouvir o aplauso, pudesse ao menos vê-lo. Beethoven deixou o concerto extremamente comovido.


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quinta-feira, abril 05, 2012

Herbert von Karajan nasceu há 104 anos

Heribert Ritter von Karajan (Salzburgo, 5 de abril de 1908 - Anif, 16 de julho de 1989), mais conhecido por Herbert von Karajan, foi um maestro da Áustria, e um dos maestros de maior destaque do período pós-guerra. Ele passou 35 anos de sua vida à frente da Orquestra Filarmónica de Berlim.
Seu estilo na regência foi marcado por perfeccionismo, intensidade, introversão e exibicionismo.
Karajan nasceu em Salzburgo, na Áustria, em 1908, com o nome Heribert Ritter von Karajan. Vindo de uma família da alta burguesia, era um prodígio no piano desde cedo. Começou a aprender o instrumento com Franz Ledwinka, em 1912. Estudou de 1916 a 1926 no Mozarteum, onde foi encorajado a estudar regência. Entre 1926 e 1928, foi estudante da Escola Técnica de Viena e, entre 1926 e 1929, foi estudante da Escola de música e Artes de Viena, onde graduou-se em regência.
Em 1929, conduziu Salomè no Festspielhaus, em Salzburgo, e de 1929 a 1934 foi o primeiro Kapellmeister no Stadttheater, em Ulm. Em 1933, Karajan fez sua estreia como maestro no Festival de Salzburgo, com Walpurgisnacht Scene na produção de Max Reinhardt para Faust. No ano seguinte, regeu pela primeira vez a Orquestra Filarmónica de Viena. De 1934 a 1941, Karajan conduziu sinfonias e óperas de Aachen.
Ainda em 1933, tornou-se membro do Partido Nazista em Salzburgo, em 8 de abril. Em junho, o partido foi proibido pelo governo austríaco. Entretanto, a validade de sua inscrição se manteve até 1939. Nesse ano, antigos membros austríacos foram verificados pelo oficial geral do partido e a inscrição de Karajan foi considerada inválida, por irregularidades no pagamento das mensalidades. Entretanto, sua inscrição foi reativada e datada a 1 de maio de 1933, em Ulm. Posteriormente, judeus como Isaac Stern, Arthur Rubinstein e Itzhak Perlman se recusaram a participar de concertos com Karajan por seu histórico. Richard Tucker também recusou uma gravação de Il trovatore em 1956 quando soube que Karajan conduziria. Foi somente após a morte do maestro, em 1989, que a Orquestra Filarmónica de Berlim pôde se apresentar em Israel.
Sua carreira musical teve grande avanço em 1935, quando foi indicado o mais jovem Generalmusikdirektor da Alemanha, tendo conduzido como convidado em Bucareste, Bruxelas, Estocolmo, Amsterdã e Paris. Em 1937, estreou com a Orquestra Filarmônica de Berlim e a Ópera Estatal de Berlim com Fidelio. Teve grande sucesso com Tristan und Isolde. Assinando contrato com a Deutsche Grammophon em 1938, Karajan realizou a primeira de muitas gravações ao conduzir a Staatskapelle Berlin na abertura de Die Zauberflöte, de Mozart.
Em 26 de julho de 1938, casou-se com sua primeira esposa, Elmy Holgerloef, cantora da Casa de Ópera de Aachen. O casal divorciou-se em 1942. Em 22 de outubro do mesmo ano, durante a Segunda Guerra Mundial, Karajan casou-se novamente. Desta vez, com Anna Maria Sauest, filha dum conhecido magnata que, tendo um avô judeu, era considerado como tal. Ainda durante a Segunda Guerra, inscreveu-se como piloto de batalha, mas por conta de sua idade foi rejeitado.
Em 1946, Karajan realizou seu primeiro concerto no pós-guerra, em Viena, com a Orquestra Filarmônica, mas foi banido de futuras atividades pelas autoridades da ocupação soviética por ter sido membro do Partido Nazista. Após ter participado anonimamente no Festival de Salzburgo, no ano seguinte foi autorizado a retornar às atividades de regência. Em 1949, tornou-se diretor artístico do Gesellschaft der Musikfreunde, em Viena, e conduziu no La Scala de Milão. Entretanto, sua atividade mais proeminente, nessa época, foi gravar com a então recém criada Philharmonia Orchestra em Londres. Também, a partir desse ano começou a conduzir no Festival de Lucerna. Em 1951 e 1952, conduziu novamente no Bayreuth Festspielhaus.
Já em 1955, foi indicado para diretor artístico vitalício da Filarmónica de Berlim, assim como seu antecessor - Wilhelm Furtwängler. Entre 1957 e 1964, foi diretor artístico da Ópera Estatal de Viena, deixando o cargo por desavenças pessoais. Em 1967, fundou o Festival da Páscoa de Salzburgo, como forma de expandir o tradicional Festival de Verão. No ano seguinte, nas comemorações de seus sessenta anos tornou-se cidadão honorário de Salzburgo. Esteve também bastante envolvido com orquestras como a Filarmónica de Viena e com a Orquestra de Paris, na qual exerceu o cargo de conselheiro musical de 1969 a 1971, além de participar do Festival de Salzburgo. Divorciou-se em 1958, e em 22 de outubro do mesmo ano casou-se pela terceira vez, desta vez com a modelo Eliette Mouret; tiveram duas filhas, Isabel (1960) e Arabel (1964).
Karajan dirigiu a 16 de maio de 1968 a Orquestra Filarmónica de Berlim no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. O maestro abriu a décima segunda edição do Festival Gulbenkian de Música. O programa foi a Sinfonia nº 29 em Lá Maior de Mozart, a Sinfonia nº 5 de Beethoven, o Don Juan de Strauss e extraprograma, a abertura dos Mestres Cantores de Wagner. Ao concerto assistiu o Presidente da República, Almirante Américo Thomaz, e a sua esposa.
Em 21 de junho de 1978, o maestro recebeu o grau honorário de doutor em música pela Universidade de Oxford. Em Paris, recebeu a "Médaille de Vermeil". Também recebeu a Medalha de Ouro da Sociedade Filarmônica Real em Londres, em 1983 com o lançamento de um selo especial, o Prémio Olympia da fundação Onassis em Atenas e o Prémio de Música Internacional da UNESCO.
À margem da sua atividade artística, Karajan foi um grande apaixonado por carros de Gran Turismo, tendo sido proprietário de modelos tão carismáticos como o Ford GT40, Porsche Carrera RSR ou Porsche 959. Em privado, considerava que a mais bela sinfonia do mundo era produzida por um motor de doze cilindros.
Continuou a conduzir e a gravar principalmente com as Orquestras Filarmónicas de Viena e de Berlim, até sua morte em Anif, localidade próxima a Salzburgo, em 16 de julho de 1989.