Após esta fase inicial russa, Stravinski virou-se para o
neoclassicismo na década de 1920. As obras deste período tendem a utilizar as formas musicais tradicionais (
concerto grosso,
fuga,
sinfonia), frequentemente disfarçadas com um veio de emoção intensa sob uma aparência superficial de distanciamento ou austeridade, muitas vezes prestando tributo à música de mestres anteriores, como
J. S. Bach e
Tchaikovsky.
Nos anos 1950 adoptou os procedimentos do
serialismo, utilizando as novas técnicas ao longo dos seus últimos vinte anos. As composições de Stravinski deste período têm pontos em comum com toda a sua produção anterior: energia rítmica, a construção de ideias melódicas desenvolvidas a partir de algumas células de duas ou três notas, e clareza de forma, instrumentação e expressão vocal.
Também publicou vários livros ao longo de sua carreira, quase sempre com a ajuda de um colaborador, por vezes não nomeado. Na sua autobiografia de 1936,
Chronicles of My Life, escrita com a ajuda de
Walter Nouvel, Stravinski incluiu a sua famosa declaração de que a "música é, pela sua própria natureza, essencialmente impotente para expressar seja o que for."
(...)
Stravinski exibiu um desejo inexaurível de explorar e aprender sobre arte, literatura e vida. Este desejo manifestou-se um muitas das suas colaborações em Paris. Não só foi o principal compositor para os
Ballets Russes de
Sergei Diaghilev, como ainda colaborou com
Pablo Picasso (
Pulcinella, 1920),
Jean Cocteau (
Oedipus Rex, 1927) e
George Balanchine (
Apollon musagète, 1928). Os seus gostos em literatura foram vastos, e reflectiram o seu desejo constante por novas descobertas. Os textos e fontes literárias para o seu trabalho começaram com um período de interesse no
folclore russo, progredindo para autores clássicos e para a
liturgia latina, e continuou para a França contemporânea (
André Gide, em
Persephone) e eventualmente a literatura inglesa, incluindo Auden,
T. S. Eliot e poesia inglesa
medieval. No final da sua vida, encenou as
escrituras hebraicas em
Abraão e Isaac.
Os patronos estavam sempre por perto. No início dos anos 1920,
Leopold Stokowski deu apoio regular a Stravinski sob a capa de "benfeitor" usando um pseudónimo.
O compositor era também capaz de atrair encomendas: muito do seu trabalho depois d'
O Pássaro de Fogo foi escrito para ocasiões específicas e foi pago generosamente.
Stravinski demonstrou ser adepto de desempenhar o papel de "homem do mundo", adquirindo um instinto aguçado em matéria de negócios, e parecendo à vontade e confortável em muitas das maiores cidades do mundo.
Paris,
Veneza,
Berlim,
Londres,
Amesterdão e
Nova Iorque foram todas anfitriãs de aparições bem sucedidas do pianista e maestro. Muitas das pessoas que o conheciam de um modo ligado às suas exibições referiram-no como educado, cortês e atencioso. Por exemplo,
Otto Klemperer, que conhecia bem
Arnold Schoenberg, disse que sempre tinha achado Stravinski muito cooperativo e fácil de lidar.
Ao mesmo tempo, tinha um assinalado desprezo por aqueles que ele percebia como seus inferiores sociais:
Robert Craft ficava embaraçado pelo seu hábito de bater num copo com um garfo e chamar à atenção em voz alta em restaurantes.
Embora fosse um notório cortejador (que era tinha rumor de ter
affairs com parceiras de alto nível como
Coco Chanel, caso que inspirou o filme
'Coco Chanel et Igor Stravinsky', com
Mads Mikkelsen no papel de Igor Stravinsky. Stravinski era também um homem da família, que dedicava uma quantidade considerável do seu tempo e proveito aos seus filhos e filhas.
Stravinski foi também um membro devoto da
Igreja Ortodoxa Russa durante toda a sua vida, comentando certa vez, "A música louva Deus. A música é tão bem ou melhor capaz de louva-Lo que o edifício da igreja e toda a sua decoração; é o maior ornamento da Igreja.