Filho de Francisco José de Faria e Melo Ferreira Duarte e de Maria Manuela Alegre de Melo Duarte, a sua família tem referências na política e no desporto - o seu trisavô paterno, Francisco da Silva e Melo Soares de Freitas, fundador dos caminhos de ferro no
Barreiro e primeiro visconde dessa localidade, esteve nas revoltas contra
D. Miguel I, tendo sido decapitado na Praça Nova do Porto; o avô materno,
Manuel Ribeiro Alegre, pertenceu à
Carbonária e foi deputado à
Assembleia Constituinte em
1911, bem como
governador civil de
Santarém; o bisavô paterno, Carlos de Faria e Melo, 1º barão de Cadoro, foi administrador do Concelho de
Aveiro; o avô paterno, Mário Ferreira Duarte, introduziu, com Guilherme Pinto Basto, várias modalidades desportivas em
Portugal, e deu o seu nome ao antigo Estádio de Futebol de
Aveiro; o seu tio,
Mário Duarte, foi também futebolista, e diplomata; o seu pai, Francisco José de Faria e Melo Ferreira Duarte, jogou na
Académica e foi campeão de atletismo — o próprio Manuel Alegre sagrou-se campeão nacional de natação e foi atleta internacional da
Associação Académica de Coimbra nessa modalidade; a avó paterna, Maria Teresa de Faria e Melo, foi a primeira baronesa da Recosta. A sua infância e juventude encontram-se retratadas no romance
Alma (
1995).
À excepção dos primeiros estudos, feitos em
Águeda, frequentou diversos estabelecimentos de ensino: fez o primeiro ano do liceu no Passos Manuel, em
Lisboa, no segundo esteve três meses como aluno interno no Colégio Almeida Garrett, no
Cartaxo, seis meses no Colégio Castilho, em
São João da Madeira, e depois foi para o
Porto, concluindo os estudos secundários no Liceu Central Alexandre Herculano. Aí fundou, com
José Augusto Seabra, o jornal
Prelúdio.
Anos em Coimbra
Em
1956 entra na
Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Pouco depois inicia o seu percurso político, nos grupos de oposição de estudantes ao
Salazarismo. Torna-se militante do
Partido Comunista Português em
1957, que viria a abandonar em
1968. Enquanto membro da Comissão da Academia, apoia a candidatura de
Humberto Delgado à
Presidência da República, em
1958. Não teve menor relevo na actividade cultural: participou na fundação do
Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra e foi actor do Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra, deslocando-se para actuar em
Bruxelas (
1958),
Cabo Verde (
1959) e
Bristol (
1960).
Em
1960 publica poemas nas revistas
Briosa (que dirigiu),
Vértice e
Via Latina, participando ainda na colectânea
A Poesia Útil e Poemas Livres, juntamente com Rui Namorado,
Fernando Assis Pacheco e
José Carlos Vasconcelos.
Guerra Colonial
Em
1961 é chamado a cumprir serviço militar e assenta praça na
Escola Prática de Infantaria, em
Mafra, de onde sai, pouco depois, para a
Ilha de São Miguel. Aí desencadeia o movimento de Juntas de Acção Patriótica de Estudantes, constituídas por militares e civis. Além disso chega a traçar, com
Melo Antunes e outros, um plano para tomar conta da ilha, que não se concretiza. Em
1962 é mobilizado para
Angola, onde é preso pela
PIDE e condenado a seis meses de reclusão na Fortaleza de S. Paulo, em
Luanda, acusado de tentativa de revolta militar contra à
Guerra do Ultramar. Na cadeia conhece escritores angolanos como
Luandino Vieira,
António Jacinto e
António Cardoso. Regressa a
Portugal em
1964. A ameaça de nova detenção e de julgamento pelo
Tribunal Militar, por suspeita de traição, leva-o a passar à clandestinidade e a partir para o exílio, tendo sido auxiliado pelo poeta
João José Cochofel, que o esconde no norte do país.
No exílio
Chegado a
Paris em Julho de
1964, participa na Terceira Conferência e é eleito para a Direcção da
Frente Patriótica de Libertação Nacional, presidida por
Humberto Delgado. Isto dar-lhe-á a possibilidade de depor perante as
Nações Unidas, como representante dessa organização, sobre a sua experiência em
Angola, e contactar com os líderes dos movimentos africanos de libertação, como
Agostinho Neto,
Eduardo Mondlane,
Samora Machel,
Amílcar Cabral, Mário Pinto de Andrade e Aquino de Bragança. Em
1964 parte para o exílio, em
Argel, onde é locutor da emissora de rádio
A Voz da Liberdade. Nessa emissora difunde conteúdos destinados a lutar contra o
Salazarismo, declarando apoio aos movimentos de guerrilha do
Ultramar, que lutavam contra as
Forças Armadas de
Portugal, convertendo num símbolo de resistência e liberdade. Entretanto os seus dois primeiros livros,
Praça da Canção (
1965) e
O Canto e as Armas (
1967), são apreendidos pela censura, mas cópias manuscritas ou dactilografadas circulam de mão em mão, clandestinamente. Poemas seus, cantados, entre outros, por
Amália Rodrigues,
Zeca Afonso,
Adriano Correia de Oliveira,
Manuel Freire e
Luis Cília tornam-se emblemáticos da luta pela liberdade.
Em
1968 entra em ruptura com o
Partido Comunista Português, em consequência dos acontecimentos da
Primavera de Praga e da invasão das forças do
Pacto de Varsóvia naquele país.
De regresso a Portugal
Uma década depois regressa a
Portugal, onde chega a
2 de maio de
1974. Entra nos quadros da
Radiodifusão Portuguesa, como director dos Serviços Recreativos e Culturais, e é um dos fundadores (com
Piteira Santos,
Nuno Bragança e outros) dos Centros Populares 25 de Abril, uma organização que pretendia um papel cívico, complementar ao dos partidos.
Ainda em
1974 adere ao
Partido Socialista, de que foi dirigente nacional. Estreia-se como deputado na
Assembleia Constituinte, em
1975. É deputado à
Assembleia da República a partir de
1976, integrando também o
I Governo Constitucional (de
Mário Soares), primeiro como Secretário de Estado da Comunicação Social, depois como Secretário de Estado Adjunto do
Primeiro-Ministro para os Assuntos Políticos. Também no
Parlamento foi presidente da Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros, vice-presidente da Delegação Parlamentar Portuguesa ao
Conselho da Europa, vice-presidente do Grupo Parlamentar do
PS e vice-presidente da
Assembleia da República. Em
2004 foi candidato a secretário-geral do
PS, perdendo para
José Sócrates. Em
2006 foi candidato independente às
eleições presidenciais, tendo obtido mais votos que
Mário Soares, então candidato oficial do
PS. Após essas eleições funda o
Movimento de Intervenção e Cidadania. Em
2009 cessa o seu último mandato como deputado à
Assembleia da República, após trinta e quatro anos no
Parlamento. Mantém-se como membro do
Conselho de Estado e das
Ordens Honoríficas de Portugal. Em
2010 anuncia a sua candidatura às eleições presidenciais de
2011, conseguindo o apoio do
PS, do
BE, bem como dos dirigentes do
MIC.
No total, foi deputado 34 anos. Reforma-se após deixar o parlamento. Aufere uma reforma de 3219,95€ (para a qual contaram os descontos efectuados como deputado), uma subvenção vitalícia superior a dois mil euros mensais. A sua reforma foi motivo de diversos boatos nos meios de comunicação social, que foram levados a Tribunal, culminando no pagamento a Manuel Alegre de uma indemnização no valor de quarenta mil euros, como compensação por danos morais em virtude de notícia publicada em Junho de 2006, no jornal diário
Correio da Manhã, e que lhe imputava o recebimento de uma reforma superior a três mil euros por escassos meses de trabalho na RDP, esquecendo os mais de 30 anos em que Manuel Alegre descontou para a Caixa Geral de Aposentações enquanto deputado na Assembleia da República. Manuel Alegre ganhou os recursos em sede de tribunal de primeira instância, de novo na relação de Lisboa, e de novo em sede de Supremo Tribunal de Justiça. Acumula ainda uma subvenção vitalícia superior a dois mil euros mensais, aplicada a todos os titulares de cargos públicos com desempenhos superiores a 12 anos.
Casou duas vezes, primeiro com Isabel de Sousa Pires, de quem não teve filhos, e depois com Mafalda Maria de Campos Durão Ferreira (Lisboa, 13 de Dezembro de 1947), de quem tem dois filhos e uma filha.