Mário Quintana era filho de Celso de Oliveira Quintana e de Virgínia de Miranda, fez as primeiras
letras em sua cidade natal, mudando-se em
1919 para
Porto Alegre, onde estudou no
Colégio Militar, publicando ali suas primeiras produções literárias. Trabalhou para a
Editora Globo, quando esta ainda era uma instituição eminentemente
gaúcha, e depois na
farmácia paterna.
Em
1940, ele lançou o seu primeiro livro de poesias,
A Rua dos Cataventos, iniciando a sua carreira de poeta, escritor e autor infantil. Em
1966, foi publicada a sua
Antologia Poética, com sessenta poemas, organizada por
Rubem Braga e
Paulo Mendes Campos, e lançada para comemorar seus sessenta anos de idade, sendo por esta razão o poeta saudado na
Academia Brasileira de Letras por
Augusto Meyer e
Manuel Bandeira, que recita o poema
Quintanares, de sua autoria, em homenagem ao colega gaúcho. No mesmo ano ganhou o Prémio Fernando Chinaglia da
União Brasileira de Escritores de melhor livro do ano. Em
1976, ao completar setenta anos, recebeu a
medalha Negrinho do Pastoreio do governo do estado do
Rio Grande do Sul. Em
1980 recebeu o
Prémio Machado de Assis, da ABL, pelo conjunto da obra.
VIII
(Para Dyonelio Machado)
Recordo ainda… e nada mais me importa…
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta…
Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança…
Estrada afora após segui… Mas, ai,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iluda o velho que aqui vai:
Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino… acreditai…
Que envelheceu, um dia, de repente!
in A rua dos cataventos - Mario Quintana