Biografia
Ingressou na vida casa religiosa em 1950, emitindo os seus votos perpétuos
– de pobreza, castidade e obediência – em 1956. De 1951 a 1966 foi
professora em escolas da congregação:
St. Victor School (
Calumet City,
Illinois),
St. Alexander School (
Villa Park,
Illinois) e
Most Holy Trinity School (
Phoenix,
Arizona).
Irmã Dorothy estava presente na
Amazónia desde a
década de setenta junto dos trabalhadores rurais da Região do
Xingu.
A sua atividade pastoral e missionária buscava a geração de emprego e
lucro com projetos de reflorestamento em áreas degradadas, juntamente
com
trabalhadores rurais da área da rodovia transamazónica. O seu trabalho
focava-se também na minimização dos
conflitos fundiários na região.
Atuou ativamente nos movimentos sociais no
Pará. A sua participação em projetos de
desenvolvimento sustentável ultrapassou as fronteiras da pequena vila de Sucupira, no município de
Anapu, no Estado do
Pará, a 500 quilómetros de
Belém do Pará, ganhando reconhecimento nacional e internacional.
De entre as suas inúmeras iniciativas em favor dos mais empobrecidos, Irmã
Dorothy ajudou a fundar a primeira escola de formação de professores na
rodovia transamazónica, que corta ao meio a pequena Anapu. Era a Escola
Brasil Grande.
A Irmã Dorothy recebeu diversas ameaças de morte, sem deixar intimidar-se. Pouco antes de ser assassinada declarou: «Não
vou fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão
desprotegidos no meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida
melhor numa terra onde possam viver e produzir com dignidade sem
devastar.»
Assassinato
A Irmã Dorothy Stang foi assassinada, com seis tiros, um na cabeça e cinco no corpo, aos 73 anos de idade, no dia
12 de fevereiro de
2005, às sete horas e trinta minutos da manhã, numa estrada de terra de difícil acesso, a 53 quilómetros da sede do município de
Anapu, no Estado do
Pará,
Brasil.
Segundo uma testemunha, antes de receber os disparos que lhe ceifaram
a vida, ao ser indagada se estava armada, a Irmã Dorothy afirmou «
Eis a minha arma!» e mostrou a
Bíblia. Leu ainda alguns trechos deste livro para aquele que, logo em seguida, a balearia.
No cenário dos conflitos agrários no Brasil, o seu nome associa-se aos
de tantos outros homens, mulheres e crianças que morreram e ainda morrem
sem ter os seus direitos respeitados.
O fazendeiro Vitalmiro Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do
crime, havia sido condenado, num primeiro julgamento, a 30 anos de
prisão. Num segundo julgamento, contudo, foi absolvido. Após um terceiro
julgamento, foi novamente condenado, pelo júri popular, a 30 anos de
prisão.
No dia
16 de abril de
2019,
a Polícia Civil do Pará prendeu, em Altamira, o fazendeiro Regivaldo
Pereira Galvão, que teve a prisão decretada pela Justiça após condenação
como mandante do assassinato da missionária norte-americana Dorothy
Stang. Policiais civis da Superintendência Regional do Xingu e das
Delegacias de Homicídios (DH) e de Conflitos Agrários (DECA) de Altamira
receberam o mandado de prisão de Regivaldo Galvão, encaminhado pelo
Tribunal de Justiça do Estado do Pará. O fazendeiro foi localizado em
sua casa, em Altamira, no interior do Estado. Ele foi conduzido para a
sede da Superintendência Regional da Polícia Civil, no município, onde
permaneceu aguardando transferência para a prisão. Regivaldo Galvão
foi condenado a 30 anos de reclusão no dia
30 de abril de
2010,
como mandante do assassinato de Dorothy Stang. A condenação foi mantida
em segunda instância, e a pena chegou a ser reduzida para 25 anos pelo
Superior Tribunal de Justiça (STJ), que autorizou a prisão em 2017.
Citações
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Não vou fugir e nem abandonar a luta desses
agricultores que estão desprotegidos no meio da floresta. Eles têm o
sagrado direito a uma vida melhor numa terra onde possam viver e
produzir com dignidade, sem devastar. |
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Representações no cinema e na arte
- Mataram a Irmã Dorothy (2009) - documentário do norte-americano Daniel Junge, narrado por Wagner Moura. Apresenta um retrato fiel do crime e das condições que o provocaram.
- O artista Cláudio Pastro incluiu a Irmã Dorothy no painel em azulejos
"As Mulheres Santas", na decoração da Basílica de Nossa Senhora de
Aparecida (São Paulo).
- A Irmã Dorothy foi o tema de uma ópera escrita pelo professor de música Evan Mack, chamada Angel of the Amazon.
A Irmã Dorothy faz parte do calendário de santos da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil como "Mártir da Caridade na Amazónia". A sua memória é lembrada com uma festa litúrgica em 12 de fevereiro.
No município de Hortolândia, no estado de São Paulo, no Brasil, foi inaugurado em 2005 o Parque Socioambiental Irma Dorothy Stang como uma homenagem à missionária.
Em 2008, o cineasta norte-americano Daniel Junge lançou um documentário intitulado They Killed Sister Dorothy. O filme é narrado por Martin Sheen, na versão em inglês, e por Wagner Moura, na versão em português. O filme recebeu o Prémio do Público e o Prémio da Competição no South by Southwest Festival de 2008, onde teve a sua estreia mundial.
Em 2009, Evan Mack compôs uma ópera
baseada na vida de Dorothy Stang intitulada "Anjo da Amazônia", que
retrata o trabalho de sua vida, sua dedicação à missão com os camponeses
brasileiros e os eventos que a levaram a um caminho de martírio.
Uma breve visão geral das circunstâncias e do assassinato da irmã Dorothy Stang também é discutida no filme Cowspiracy (2014).
O artista Cláudio Pastro incluiu Irmã Dorothy no painel de azulejos As Mulheres Santas, na decoração da Basílica de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo, Brasil.
Em 2021, uma espécie de coruja descoberta na floresta amazónica foi nomeada
Megascops stangiae em homenagem à irmã Stang.