Retrato de James Monroe, óleo sobre tela de John Vanderlyn
- Julgarmos propícia esta ocasião
para afirmar, como um princípio que afeta os direitos e interesses dos
Estados Unidos, que os continentes americanos, em virtude da condição
livre e independente que adquiriram e conservam, não podem mais ser
considerados, no futuro, como suscetíveis de colonização por nenhuma
potência europeia […]
- Mensagem do Presidente James Monroe ao Congresso dos EUA, 1823
A frase que resume a doutrina é: "A América para os americanos". O seu pensamento consistia em três pontos:
- a não criação de novas colónias nas Américas;
- a não intervenção nos assuntos internos dos países americanos;
- a não intervenção dos Estados Unidos em conflitos relacionados aos
países europeus como guerras entre estes países e as suas colónias.
A Doutrina reafirmava a posição dos Estados Unidos contra o
colonialismo europeu, inspirando-se na política isolacionista de
George Washington, segundo a qual "
a Europa tinha um conjunto de interesses elementares sem relação com os nossos ou senão muito remotamente" (discurso de despedida do Presidente George Washington, a
17 de setembro de
1796), e desenvolvia o pensamento de
Thomas Jefferson, segundo o qual "
a América tem um Hemisfério para si mesma", o qual tanto poderia significar o continente americano como o seu próprio
país.
À época, a
Doutrina Monroe representava uma séria advertência não só à
Santa Aliança, como também à própria
Grã-Bretanha,
embora o seu efeito imediato, quanto à defesa dos novos Estados
americanos, fosse puramente moral, dado que os interesses económicos e a
capacidade política e militar dos Estados Unidos não ultrapassavam a
região do
Caribe.
De qualquer forma, a formulação da Doutrina ajudou a Grã-Bretanha a
frustrar os planos europeus de recolonização da América e permitiu que
os Estados Unidos continuassem a dilatar as suas fronteiras na direção
do Oeste, dizimando as tribos indígenas que lá habitavam. Essa expansão
no continente americano teve como pressuposto o apelidado
Destino Manifesto, e marcou o início da política expansionista do país no continente.
NOTA: naturalmente que o terceiro ponto mencionado desta doutrina deixou rapidamente de ter
sentido - na realidade, os Estados Unidos começaram a intervir
diretamente, após essa declaração, em vários conflitos entre nações
europeias e as suas colónias, assim como na Primeira e Segunda Guerras
Mundiais.