Daniel Michael Blake Day-Lewis (
Londres,
29 de abril de
1957) é um premiado ator
britânico, duas vezes vencedor do
Óscar da Academia para Melhor Ator (principal). Detém dupla nacionalidade,
britânica e
irlandesa.
Day-Lewis nasceu em
Londres, filho da atriz
Jill Balcon e do poeta britânico laureado
Cecil Day-Lewis. A mãe, que vem de uma família judia, é a filha de Sir
Michael Balcon, que era o antigo chefe de Ealing Studios. Dois anos após o seu nascimento, em Londres, a família mudou-se para Croom's Hill,
Greenwich, onde Daniel cresceu junto com a sua irmã mais velha,
Tamasin Day-Lewis, que mais tarde se tornou numa cineasta de renome, documentalista e chefe de televisão. Cecil Day-Lewis tinha 53 anos no momento do nascimento do seu filho, e parecia ter pouco interesse nos seus filhos. Na sequência de frequentes problemas de saúde, morreu quando Daniel tinha 15 anos. Daniel não sentiu e lamentou a sua falta de emoção, bem como não ter sido mais íntimo de seu pai.
Day-Lewis estudou em escolas públicas, mas deixou as salas de aulas aos 13 anos. Logo conseguiu papel no drama
Domingo Maldito, de
John Schlesinger. É claro que se apaixonou pelas artes dramáticas e, dedicado, empenhou-se em apreender o máximo possível acerca do ofício. Tanto que só voltaria às telas (de TV, diga-se de passagem) dez anos depois, quando já se considerava maduro o suficiente para expor seu talento e sua técnica.
Até lá, procurou embasamento no teatro. Estudou com as melhores companhias britânicas, como a do
Old Vic e a
Royal Shakespeare Academy, onde foi bastante elogiado.
Se não me permitissem atuar como válvula de escape, não haveria lugar para mim na sociedade, conta.
Em
1981, ele estava de volta, com dois pequenos papéis nos filmes para TV
Frost in May e
Artemis 81. Seu primeiro filme relevante viria no ano seguinte, com o drama
Gandhi, a respeito do líder pacifista
indiano. Sua participação, porém, também é pequena: fazia um rapaz de rua chamado Colin.
Seguiram-se papéis pequenos em filmes de pouca relevância, como
How Many Miles to Babylon?, no qual interpretava um rico que acompanhava o seu amigo de infância, um operário, num exército da
Primeira Guerra Mundial; e
Rebelião em Alto Mar, no qual contracenou com
Mel Gibson,
Anthony Hopkins e
Liam Neeson; e
My Brother Jonathan, obscuro drama feito para TV.
Para chamar a atenção, Day-Lewis precisava de um papel ao mesmo tempo difícil e chocante, que desafiasse a ele mesmo e ao público. Sua grande
chance viria com
Minha Adorável Lavandaria, que tornaria seu nome e o do diretor Stephen Frears famosos. O filme retrata a paixão entre um inglês e um árabe que, juntos, geriam uma lavandaria e enfrentam o preconceito da sociedade londrina.
A profunda atuação de Day-Lewis causou rebuliço ainda maior na indústria cinematográfica americana porque
Minha Adorável Lavanderia estreou em Nova York simultaneamente com outro filme seu,
Uma Janela para o Amor, no qual interpreta um personagem completamente distinto. Ele encarna Cecil Vyse, o aristocrático noivo da protagonista vivida por
Helena Bonham Carter. Sua versatilidade simplesmente deixou
Hollywood estarrecida. Por ambos os papéis, a
Associação de Críticos de Nova York lhe deu o prémio de "Melhor Ator coadjuvante/secundário do ano".
Dois anos depois, as expectativas que rodeavam Day-Lewis se confirmaram em outro filme de época:
A Insustentável Leveza do Ser, de
Philip Kaufman. Passado na
Checoslováquia da
década de 1960, o filme abordava a estranha relação a três de Day-Lewis,
Juliette Binoche e
Lena Olin, pouco antes da invasão russa na chamada
Primavera de Praga. Também em
1988, Day-Lewis tentaria variar seu estilo na comédia
Stars and Bars.
Em
1989, o ator conseguiu o primeiro
Óscar pelo seu tocante retrato de um homem com paralisia cerebral em
Meu Pé Esquerdo. Esta era a única parte de seu corpo que ele conseguia controlar, e a utilizava habilmente para pintar e escrever. Ficou famosa a decisão de Day-Lewis de não sair da cadeira de rodas mesmo quando não estava sendo filmado, para compreender ao máximo o sofrimento da sua personagem inválida.
Além do
Óscar, seu sucesso no ano lhe rendeu um dividendo inesperado: o relacionamento com a atriz francesa
Isabelle Adjani. Inesperado, claro, apenas para ele, pois o resto do mundo já o considerava extremamente bonito (a revista inglesa
Empire o elegeu, em
1990, uma das 50 pessoas mais bonitas do planeta; cinco anos depois, ele entraria na lista das 100 estrelas mais sexys do cinema, na lisonjeira 11ª colocação).
O namoro de cinco anos com a atriz gerou seu primeiro herdeiro, o pequeno Gabriel Kane, nascido em abril de
1995. Mais tarde, Day-Lewis se envolveu com
Rebecca Miller, filha do dramaturgo
Arthur Miller, com quem está casado desde
1996. Este relacionamento lhe rendeu mais dois adorados filhos: Ronan Day-Lewis (nascido em
1998) e Cashel Blake Day-Lewis (nascido em
2002).
Depois de
Meu Pé Esquerdo, Day-Lewis tornou-se requisitado para todo e qualquer papel dramático nos
EUA e na
Inglaterra. Seguindo no sentido contrário, ele fez questão de tornar-se ainda mais criterioso com a escolha de papéis. A pressão foi tão grande que seu esperado retorno ao teatro, encenando
Hamlet com o
National Theatre inglês, foi abreviado quando, uma noite, ele foi embora ao meio da peça devido a
exaustão nervosa.
Sumiu até
1992, quando num filme de ação:
O Último dos Moicanos, de
Michael Mann. Para viver um índio que protege a filha de um coronel britânico em meio à guerra franco-indígena, Day-Lewis malhou por mais de um ano e ganhou um corpo invejável. Aos que duvidavam que um inglês pudesse encarnar um nativo americano, Day-Lewis respondeu com seu típico processo de imersão: ao longo dos meses de gravação, recusou cigarro industrializado, por exemplo. Fazia questão de enrolar seu próprio fumo, como os índios moicanos no
século XVIII.
Depois, Day-Lewis aceitou o convite do seu amigo
Jim Sheridan, que lhe havia garantido o Oscar com
Meu Pé Esquerdo, para estrelar seu novo filme,
Em Nome do Pai. Tratava-se de um drama a respeito de um irlandês injustamente acusado de participar de um atentado terrorista do
IRA. Repetindo a história, mais uma chuva de indicações a grandes prémios se seguiu:
Óscar,
Globo de Ouro,
BAFTA... O filme também alterou profundamente a perceção de Day-Lewis a respeito da
Irlanda, a ponto de pedir a cidadania
irlandesa.
No mesmo ano, o ator tentou mais um filme de época, com em
A Época da Inocência, de
Martin Scorsese. O resultado foi controverso, o que talvez explique porque, a partir de então, ele tenha se tornado cada vez mais recluso. Seu próximo filme ocorreria apenas três anos depois, e provavelmente apenas porque o longa-metragem era baseado na mais famosa peça de seu sogro, Arthur Miller. Trata-se do drama
As Bruxas de Salem, no qual sua ex-amante, vivida por
Winona Ryder, lança um vilarejo americano do
século XVII em uma histeria inquisitiva ao afirmar que suas colegas são bruxas com pactos com o demónio.
O filme ficou aquém das expectativas da crítica, rendendo apenas uma nomeação para um Óscar para Miller, pelo roteiro, e para
Joan Allen, que interpretava a resignada esposa de Day-Lewis. O ator, porém, não se intimidou e retornou em
1997 com mais um drama irlandês dirigido por Sheridan:
O Lutador, rendendo-lhe mais uma indicação para o
Globo de Ouro. A parceria deu sinais de cansaço e nem mesmo a poderosa presença de
Emily Watson o poupou ao longo ataque da crítica. Day-Lewis decidiu então parar por uns tempos. Passou nada menos que cinco anos na
Itália, vivendo humildemente como sapateiro. Para se ter uma ideia, recusou o papel de
Aragorn em
O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel sem nenhum pudor. E não retornaria aos cinemas se não tivesse sido enganado por Scorsese,
Leonardo DiCaprio e
Harvey Weinstein, o chefe da
Miramax. Os três admitiram publicamente que atraíram Day-Lewis para Nova York sob falsos motivos apenas para convencê-lo, conjuntamente, de que deveria interpretar o talhante no épico
Gangues de Nova York.
Mal sabia o ator que o compromisso lhe exigiria quase um ano de trabalho ininterrupto, devido aos inúmeros problemas que a produção teve. E, por todo este tempo, Day-Lewis permaneceu utilizando, dentro e fora dos sets, o carregado sotaque do seu personagem ('Bill', O Talhante). Além disso, também teve aulas com um talhante de verdade para poder entender o ofício do seu personagem - o violento líder da gangue dos nativos, que disputa com o gangue dos irlandeses o controle de uma parte de
Nova York.
Mais uma vez, o esforço valeu a pena. O filme dividiu a opinião da crítica, mas houve um consenso geral que indicava o trabalho de Day-Lewis como a melhor coisa de
Gangues de Nova York.
O último filme foi o recente
Sangue Negro, no qual ele faz uma das melhores atuações do cinema, que levou 4 anos para preparação do personagem. Com 'Sangue Negro', Day-Lewis levou os mais importantes prémios do cinema mundial:
SAG Awards,
BAFTA,
Globo de Ouro,
Óscar e muitos outros.
Daniel Day-Lewis, após receber o prémio de melhor ator no
SAG Awards, dedicou o seu prémio a
Heath Ledger.